100 anos da presença das FMA na Amazônia
22/02/2023

100 anos da presença das FMA na Amazônia

100 anos da presença das FMA na Amazônia

No último domingo (19), no ginásio do Colégio São Gabriel, em São Gabriel da Cachoeira (AM), as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), junto às Comunidades Educativas da Inspetoria Salesiana Nossa Senhora da Amazônia, celebraram os 100 anos de presença das FMA na Amazônia. Assim é narrada a chegada das quatro primeiras missionárias, em 16 de fevereiro de 1923, em São Gabriel da Cachoeira, após mais de um mês de viagem:

"Tiveram a coragem de partir e, movidas pelo ardor missionário dos que seguem Jesus, o grande missionário do Pai, chegaram à Amazônia as primeiras Irmãs Salesianas, vindas da Inspetoria de Santa Catarina da Sena, São Paulo, a pedido de Dom Pedro Massa, Bispo Salesiano e depois Prefeito Apostólico do Rio Negro. A Inspetora, Madre Anna Covi, escolheu as irmãs 'com cuidado' e organizou o primeiro grupo de missionárias que, saindo do Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1923, chegaram a Manaus no dia 29 e a São Gabriel da Cachoeira no dia 16 de fevereiro. Foram 37 dias de viagem de barco. Vieram ajudar os salesianos já presentes, com a tarefa específica de atender às mulheres indígenas e cuidar da saúde do povo. Foram elas: Madre Anna Masera, Ir. Antonia Beinotti, Ir. Caterina Oliveira e Ir. Elisa Ferreira, acompanhadas por duas jovens missionárias leigas, Amélia de Mello e Antônia Alves. Mulheres cheias de entusiasmo, porque eram movidas pelo amor de Deus”.

A viagem não foi isenta de desconforto: "Apesar dos sustos, as freiras estavam calmas e corajosas, serenas e prontas para qualquer sacrifício, superando sua natural aversão àquela vegetação, às águas escuras e agitadas, típicas da natureza misteriosa da Amazônia". Depois de dias de sofrimento, mas cheios de esperança e emoção e, sobretudo, confiança no Senhor que os escolheu para 'lançar as redes em águas mais profundas', chegaram à missão – a 'terra prometida'. A acolhida foi surpreendente. Foram acolhidas com verdadeira fanfarra, preparada pelos irmãos salesianos que se alegraram com a chegada de suas irmãs” (cf. “Tiveram coragem” p.52-53).

Na Crônica da casa, escrita pela Ir. Elisa Ferreira, lemos: “Finalmente chegamos a São Gabriel. Fomos à paróquia para o canto do ‘Te Deum’, a bênção eucarística e algumas saudações. Todos queriam ver as missionárias: homens, mulheres, crianças.... Queriam nos ver, nos tocar, nos examinar da cabeça aos pés. Todos ficaram maravilhados…”.

“Se hoje ainda é difícil fazer essa travessia do Rio Negro, imagine-se naqueles tempos” , comentou Dom Edson Damian, Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, que presidiu a Celebração Eucarística, concelebrada por doze padres , incluindo alguns nativos, ex-alunos das Irmãs Salesianas.

Neste momento solene estiveram presentes a Conselheira Visitadora do Instituto das FMA, em nome da Madre Geral e do Conselho, Ir. Paola Battagliola; a Inspetora e Vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Ir. Carmelita Conceição; numerosas Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora e membros do Colégio.

No início da celebração, representou-se com criatividade a chegada das quatro primeiras Irmãs, momento significativo que suscitou gratas recordações, sobretudo nas mais velhas e alunas do tempo das primeiras missionárias. Em sua homilia, Dom Damião destacou a importância da presença da Família Salesiana no Rio Negro, desde 1915, com os padres e, desde 1923, com as freiras que, em pouco tempo passaram a fazer parte das principais comunidades indígenas. O Bispo, Dom Edson contou que, ao chegarem, as lideranças indígenas perceberam que eram diferentes dos outros brancos que vinham para a região com propósitos menos nobres: os salesianos vinham para conviver com eles e transmitir seus conhecimentos, o que os tornava bem-vindos entre os nativos.

Dom Damião recordou que, numa Região onde o Governo esteve ausente até 1990, "quem cuidava da educação e da saúde eram os Salesianos de Dom Bosco e as Filhas de Maria Auxiliadora", ajudando também a formar os jovens indígenas nos colégios de Manaus. Sublinhou também que a maioria das FMA que trabalham na Amazônia brasileira são nativas da região e há muitas monjas indígenas: "É uma Congregação que adquiriu um rosto amazônico e cada vez mais indígena" e, em nome da Diocese, ela agradeceu os 100 anos da obra das Irmãs Salesianas, pedindo que "continuassem aqui entre nós por muitos e muitos anos, porque continuam fazendo um bem imenso, uma evangelização através da educação e da presença nas famílias, nas comunidades” (cf. CNBB Regional Norte 1 ).

Hoje, 100 anos depois, as 113 Filhas de Maria Auxiliadora da Província Nossa Senhora da Amazônia, com o coração cheio de gratidão ao Deus da vida pela paixão missionária das primeiras irmãs e de muitas outras que vieram depois delas, e com o heroísmo dos missionários Ad Gentes de hoje, continuam esta bela "história de salvação" com as vocações nativas, testemunhando a presença do Senhor ressuscitado na vida cotidiana e caminhando com os jovens no caminho da santidade.

    

Fonte: Inspetoria Salesiana Nossa Senhora da Amazônia

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Uma oração coral, sóbria, bíblica, que não busca efeitos, mas guarda a memória da história da salvação. “Não nos sentimos muito atraídos pelas liturgias caseiras”, afirmou, sublinhando o valor da tradição como lugar de equilíbrio e fidelidade eclesial. Junto com a dimensão comunitária, o abade mostrou como, ao longo dos séculos, também se desenvolveu um espaço significativo para a oração pessoal, desde a antiga «trina oratio» até a redescoberta moderna da meditação, até a contribuição de figuras como García Cisneros (um dos primeiros místicos espanhóis pioneiros no uso de técnicas meditativas), ou Willigis Jäger (sacerdote e mestre zen, conhecido por unir a sabedoria ocidental e oriental). Uma pluralidade de caminhos que, na formação, não é imposta, mas oferecida, para que cada monge possa encontrar sua própria maneira autêntica de encontro com Deus. 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Nossa missão", acrescentou, "não é resistir à era digital mas transfigurá-la, transformá-la, habitá-la com nosso carisma. Para nós, irmãos e colaboradores, trata-se de estar neste novo caminho, de fertilizar a terra árida do esquecimento e do isolamento com a hospitalidade evangélica. Para cumprir esta missão, devemos lembrar de onde viemos e quem somos. É enraizando-nos na rocha da nossa tradição que poderemos enfrentar o vento da mudança”. A partir disso, o Ir. Ahodegno relembrou que “a espiritualidade hospitaleira na era da inteligência artificial e da tecnologia digital não é uma herança a ser preservada, mas uma semente a ser plantada no novo mundo. Ela está mais viva e necessária do que nunca.” Os trabalhos da USG continuaram na parte da tarde, com o P. Carlo Casalone SJ, que fez uma apresentação sobre “Inteligência Artificial e Mídias Sociais: Impactos Antropológicos e Espirituais na Oração”. Hoje, último dia, será realizado um encontro sobre “Abuso Espiritual”, com a participação da Ir. Tiziana Merletti, Secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Em seguida, haverá uma apresentação do Dr. Tomás Insua, Diretor do Instituto «Laudato Si’», sobre o significado de celebrar o “Mistério da Criação em Cristo”. Fonte: Vatican News, SIR

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