131 anos das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil
16/03/2023

131 anos das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil

131 anos das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil

O grande intermediador da visão de Dom Bosco para a vinda das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) para o Brasil foi Monsenhor João Filippo, nascido em 1845, em São Vicenzo de Cosenza, Itália, que após a sua ordenação sacerdotal escolheu o Brasil, mais precisamente, a cidade de Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, como seu campo de missão e apostolado sacerdotal. Preocupado com a educação, fundou um colégio para meninos e construiu o Colégio do Carmo para as meninas com a intenção de entregá-lo às Filhas de Maria Auxiliadora.

Monsenhor Filippo, durante a construção do Colégio, manteve-se em contato com Dom Lasagna, Inspetor Geral das Missões na América, encarregado da expansão da obra salesiana nos países da América do Sul, por intermédio dos Salesianos estabelecidos no Rio de Janeiro, e solicitou-lhe a presença das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil, mais precisamente, em Guaratinguetá, oferecendo o Colégio para acolher as tão esperadas educadoras segundo o espírito de Dom Bosco, assim descrito no primeiro livro de Crônicas do Colégio Nossa Senhora do Carmo:

“(…) O Collegio de Nossa Senhora do Carmo, cuja construção fora iniciada em 1887 e terminada em 1891, ergue-se sobre trezentos palmos de comprimento e cento e quarenta e cinco de largura. É defendido das faíscas electricas por três para-raios de superior qualidade, com boquel de ponta de platina, sendo um de seis metros, outro de quatro metros e outro de três com corda conductor ligando o para-raio da torre aos outros até a chapa do edifício, sendo a corda de sete cordões de sete fios cada um. O Collegio é um sobrado que tem acomodações para mais de 400 meninas, com vastíssimos salões perfeitamente arejados reunindo todos os requisitos das mais escrupulosa hygiene, servido por uma canalisação de água potável de primeira qualidade e abundante, exclusivamente do Collegio. No centro há uma área espaçosa no meio da qual levanta-se uma colunna que serve de chafariz. A Capella é de optimo gosto, elegante, avarantada podendo as alunnas ouvir missa e assistir aos demais officios do culto, do pavimento superior. (…)”

Dom Lasagna apresentou a Dom Rua, então Superior da Congregação, que aceitou a solicitação e a generosa oferta de Monsenhor João Filippo e, no ano de 1892, começa a história das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil:

“No ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oito centos e noventa e um,[...] o Reverendíssimo Padre João Filippo, oriundo da cidade de Cosenza em Itália e residente na cidade de Guaratinguetá há uns vinte anos. Ofereceu à Congregação Salesiana, um vasto e belo edifício situado sobre a pitoresca colina de S. Gonçalo próximo à cidade, com o fim de ser aberta uma casa de educação para meninas. O Reitor Maior da Congregação Salesiana, o Reverendíssimo Padre Miguel Rua e a Superiora Geral das Filhas de Maria Auxiliadora, a Reverenda Madre Catharina Daghero representados, o primeiro no Inspetor das Casas Salesianas do Uruguay e Brazil, o Reverendíssimo Padre Luiz Lasagna e segunda na Visitadora das Casas das Filhas de Maria Auxiliadora do Uruguai a Reverenda Madre Emilia Borgna, aceitaram a offerta bem como a de uma casa em Lorena e outra em Pindamonhangaba para idêntico fim.
No dia cinco de março de mil oito centos e noventa e dois, partiram de Montevideo, capital da Republica Oriental do Uruguai, doze Irmãs, Filhas de Maria Auxiliadora com o fim de abrir as ditas três Casas. Foi nomeada Superiora, representante da Visitadora a Reverenda Madre Tereza Rinaldi. Vieram em sua companhia as Irmãs Florinda Bittencourt, Helena Hospital, Paula Zuccarino, Joanna Narizano, Dolores Machin, Anna Couto, Dilecta Maldarin, Justina Gros, Francisca Garcia e as Noviças Mathilde Bouvier Maria Luiza Schillino. A expedição veio acompanhada pelo Rev.mo Padre Domingos Albanello que tinha sido nomeado Prefeito do Colégio de São Joaquim em Lorena e pelo Rev.mo Padre Thomé Barale.
O Rev.mo Padre Inspetor Luiz Lasagna, em razão da sua próxima partida para Itália onde ia assistir ao Capitulo Geral, não pode, como intencionava, acompanhar a expedição.”

Assim vinham do Uruguai e não diretamente da Itália, as primeiras Irmãs de Maria Auxiliadora ao Brasil. Eram missionárias italianas, uruguaias e o que há de mais interessante, uma delas, Ir. Anna Couto, era brasileira – havia entrado na Congregação no Uruguai e, por motivo de saúde, fora enviada ao Brasil, para ver se os “ares nativos” poderiam curá-la.

As Irmãs chegaram ao Rio de Janeiro pelo navio Sud América, no dia 10 de março de 1892 e se hospedaram no Asylo Sancta Leopoldina das Irmãs de São Vicente de Paulo. Às quatro horas da tarde do dia 13 de março chegaram a Lorena; no dia 15, receberam a visita do Padre João Filippo. Somente no dia 16 chegaram a Guaratinguetá, São Paulo, acolhidas pelo grande benfeitor, autoridades, povo, como escreveu a superiora Madre Teresa Rinaldi ao Superior Geral, Dom Miguel Rua:

“Faz um mês que nos encontramos nesta República: creio que o Senhor terá sabido por outros a recepção que tivemos. Em todo caso lhe direi que parecem coisas do outro mundo, e que ficamos muito confusas ao ver-nos assim acolhidas. Atribuímos tudo à maior glória de Deus, e da cara congregação salesiana, à qual estamos felizes de ser agregadas. Nas três paradas que fizemos, nos veio receber um mundo de gente com música e procissão, e com todas as autoridades eclesiásticas e civis. Oh! Como amam Dom Bosco nestas regiões!” 10

  

O Vale do Paraíba é o berço da Obra das FMA no Brasil. As cidades situadas na região apresentavam aspecto tipicamente interiorano. A Igreja era símbolo da religião católica, elemento integrante da formação social luso-brasileiro. Os proprietários de terras e de escravos controlavam a vida pública. Os moradores tinham, em geral, horizontes culturais bastante restritos. Era pequena a área de influência dessas cidades, pois, os habitantes preocupavam-se quase que apenas com os seus assuntos locais devido à distância dos centros mais importantes: São Paulo e Rio de Janeiro.

É dentro dessas perspectivas limitadas que as Irmãs passam a realizar a sua atividade educacional e assistencial. Em consequência da cultura, sobretudo cafeeira, as diversas localidades do Vale ofereciam instrução elementar para as crianças, mas, em razão da situação de dependência da mulher, dava-se mais importância à escolarização dos meninos. Portanto, na região do Vale do Paraíba, a presença das FMA foi fundamental para a educação feminina.

A formação cristã das meninas era, sem dúvida, a razão principal da atividade educativa das Irmãs. Além da educação da fé, havia outros objetivos principais: a formação moral, a preparação para a vida e a preocupação com a orientação para uma possível vida consagrada. As Irmãs abriram também externatos e Oratórios Festivos onde primava a Associação das Filhas de Maria.

Em 1892, Irmã Teresa Rinaldi foi nomeada Superiora e representante da Visitadora, Madre Emilia Borgna, com o título de Vice-Visitadora. Em 1893, tendo sido criada a nova Visitadoria do Brasil, Madre Emilia Borgna voltou ao Uruguai e no dia 15 de outubro, Dom Lasagna apresentou “a Visitadora do Brasil na pessoa da Reverenda Madre Teresa Rinaldi”. A festa de Santa Teresa, no dia 15 de outubro de 1895, em Araras, em homenagem a Madre Teresa Rinaldi contou com a presença de vários sacerdotes e do próprio Lasagna. Poucos dias depois, a Visitadora partia para Minas Gerais com a expedição organizada por Dom Lasagna para fundação de Casas naquele Estado. Tanto ela como o prelado foram vítimas do desastre ocorrido em Juiz de Fora a 05 de novembro de 1895. Com a morte de Madre Rinaldi, a Irmã Ana Masera, mestra das noviças, foi designada como diretora interina do Colégio do Carmo. Na época do acidente, Don Luis Lasagna estava em tratativas para a fundação da Obra das FMA no Estado de Minas Gerais; assim sendo, tal Obra só foi iniciada no ano de 1896 com a fundação da Santa Casa de Ouro Preto e do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora de Ponte Nova.

A NOVA CONFIGURAÇÃO DAS INSPETORIAS DAS FMA NO BRASIL

A organização das presenças salesianas é dividida em províncias, ou inspetorias como são nomeadas no Brasil. Na introdução do terceiro volume de “As Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil: cem anos de História”, Riolando Azzi (2003) afirma que as décadas de 40 e 50 são marcadas pela expansão das obras das Salesianas, por todo o território nacional. Essa expansão provoca uma nova organização territorial nas Obras por meio da criação de Inspetorias:

Inspetoria Imaculada Auxiliadora – Campo Grande – 1941;

Inspetoria Maria Auxiliadora – Recife – 1941;

Inspetoria Madre Mazzarello – Belo Horizonte – 1948;

Inspetoria Laura Vicuña – Manaus – 1961;

Inspetoria Nossa Senhora Aparecida – Porto Alegre – 1967;

Inspetoria Nossa Senhora da Penha – Rio de Janeiro – 1984;

Inspetoria – Nossa Senhora da Paz – Cuiabá – 1993;

Inspetoria Santa Teresinha – Manaus – 2005.

Em 02 de fevereiro de 2021, com a intenção de ressignificar o carisma e qualificar ainda mais a presença e missão das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) no Brasil, as nove Inspetorias das Irmãs Salesianas unificaram-se em quatro novas inspetorias: Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, Inspetoria Maria AuxiliadoraInspetoria Madre Mazzarello e Inspetoria Nossa Senhora Aparecida.

Atualmente, as Inspetoras de cada inspetoria são:

Ir.Maria Carmelita de Lima Conceição - Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia

Ir. Maria Adriana Gomes da Silva - Inspetoria Maria Auxiliadora 

Ir. Teresinha Ambrosim - Inspetoria Madre Mazzarello

Ir. Alaide Deretti - Inspetoria Nossa Senhora Aparecida

 

MEMORIAL DAS FILHAS DE MARIA AUXILIADORA 

Em março de 2019, foi o Memorial “Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil”, localizado na Casa do Puríssimo Coração de Maria (Antigo Orfanato), em Guaratinguetá (SP). O “Orfanato”, como é conhecido por todos, foi inaugurado por Monsenhor João Filippo, em 1923 e hoje abriga a história das FMA. O memorial conta com um acervo riquíssimo em detalhes e promove uma experiência sensorial que registra a história de maneira afetiva, cultural e religiosa.

“O Memorial oferece aos visitantes a possibilidade de fazer a experiência de uma imersão no carisma das FMA, percorrendo a sucessão histórica dos fatos contextualizados dentro da História da Igreja e do Brasil, e sucessivamente nas 4 salas temáticas onde aprofundamos a experiência carismática, sua expansão na América e no mundo, o impacto da ação educativa evangelizadora das Irmãs na sociedade Brasileira e o segredo deste impulso apostólico. A experiência termina com uma romaria até Aparecida, passando antes por Guaratinguetá, onde fazemos Memória de Monsenhor João Filippo no mesmo local onde ele viveu seus últimos 3 anos e onde veio a falecer. Terminamos na sala dos Romeiros onde o visitante tem uma visão das metas de peregrinações de Aparecida a Cachoeira Paulista. Entre estas 47 metas está a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, na entrada da Casa do Puríssimo Coração de Maria, a casa onde nasceu o 1º santo brasileiro, Frei Antonio de Santana Galvão e, finalmente, o grande Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Na capela o visitante pode visitar o mausoléu onde repousam os restos mortais de Monsenhor João Filippo e os restos mortais da Madre Teresa Rinaldi, das 3 FMA e da leiga todas mortas no desastre ferroviário de Juiz de Fora, como também os restos mortais de Madre Emilia Borgna, missionária italiana e 1ª Inspetora do Brasil.
Além desta experiência carismática, o Memorial realiza seminários on-line para animar e qualificar nas Irmãs e colaboradores o gosto pelo registro histórico e, em colaboração com a ACSSA, ajudar as cronistas e secretárias a melhorarem a escritura das Crônicas das casas. O próximo seminário será sobre a organização, identificação e conservação das fotos existentes nas Casas. No Memorial está sendo montada uma sala que contará e História e evolução da comunicação em nossas obras. Existe também uma biblioteca histórica que estamos organizando com a Ir. Analia Luberti. O Memorial participa também de um Projeto Formativo, em nível mundial, que visa animar a dimensão missionária nas FMA, nos colaboradores e jovens. Trata-se do Projeto de Espiritualidade Missionária (PEM). Reunimos grupos de Irmãs e leigos que visitam os primeiros lugares onde chegaram as missionárias e os missionários salesianos na América. Esse Projeto contempla 4 percursos: 1º: Bacia do Prata que visita nossas primeiras fundações na América: Uruguay e Buenos Aires. 2º: percurso: Patagônia norte (Bahia Blanca, onde estão os restos mortais de Laura Vicuña), Viedma, sede episcopal de Dom Cagliero e onde viveu e se santificou Artemide Zatti e Carmen de Patagones, primeira presença nossa na Patagônia, visita à terra natal de Zeferino Namucurá, e terminamos nas Cordilheiras dos Andes em Jinin de los Andes onde viveu e se santificou Laura Vicuña. 3º: Patagônia sul (Puntarenas, Estreito de Magalhães, Terra do Fogo). 4º: Brasil: São Paulo, Guaratinguetá, Aparecida.Rio de Janeiro, Juiz de Fora”, comenta a Curadora do Memorial, Ir. Dulce Hirata.

Confira o vídeo com um tour pelo Memorial e alguns depoimentos de quem já o visitou. Clique aqui.

   

Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil, com informações de salesianas.org.br

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As riquezas são relativizadas perante o desejo de ter Deus como companheiro de caminho porque se descobre o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos. Ressoam claras e fortes as palavras com que o Senhor Jesus exortou os seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam» (Mt 6, 19-20). 3. A pobreza mais grave é não conhecer a Deus. Recordou-nos isso o Papa Francisco quando escreveu na Evangelii gaudium: «A pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé» (n. 200). Há aqui uma consciência fundamental e totalmente original sobre como encontrar em Deus o próprio tesouro. Realmente, insiste o apóstolo João: «Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê» (1 Jo 4, 20). É uma regra da fé e um segredo da esperança: embora importantes, todos os bens desta terra, as realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar económico não são suficientes para fazer o coração feliz. Frequentemente, as riquezas iludem e conduzem a situações dramáticas de pobreza, sendo a primeira dessas ilusões pensar que não precisamos de Deus e conduzir a nossa vida independentemente d’Ele. Vêm-me à mente as palavras de Santo Agostinho: «Seja Deus todo motivo de presumires. Sente necessidade d’Ele para que Ele te cumule. Tudo o que possuíres fora d’Ele é imensamente vazio» (Enarr. in Ps. 85,3). 4. 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A esperança, sustentada pelo amor de Deus derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade para a vida do mundo. A Tradição da Igreja reafirma constantemente esta circularidade entre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. A esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora. Não é uma promessa, mas uma realidade para a qual olhamos com alegria e responsabilidade: envolve-nos, orientando as nossas decisões para o bem comum. Em vez disso, quem carece de caridade não só carece de fé e esperança, mas tira a esperança ao seu próximo. 5. O convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história. Com efeito, a caridade é «o maior mandamento social» (Catecismo da Igreja Católica, 1889). 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Os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho. Por isso, o Dia Mundial dos Pobres pretende recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia. Através das suas vozes, das suas histórias, dos seus rostos, Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos. Todas as formas de pobreza, sem excluir nenhuma, são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança. 6. Este é o convite que emerge da celebração do Jubileu. Não é por acaso que o Dia Mundial dos Pobres seja celebrado no final deste ano de graça. Quando a Porta Santa for fechada, deveremos conservar e transmitir os dons divinos que foram derramados nas nossas mãos ao longo de um ano inteiro de oração, conversão e testemunho. Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje. Diante da sucessão de novas ondas de empobrecimento, corre-se o risco de se habituar e resignar-se. Todos os dias, encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, às vezes, pode acontecer que sejamos nós mesmos a possuir menos, a perder o que antes nos parecia seguro: uma casa, comida suficiente para o dia, acesso a cuidados de saúde, um bom nível de educação e informação, liberdade religiosa e de expressão. Promovendo o bem comum, a nossa responsabilidade social tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente acessíveis. Com efeito, ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade. Como observa Santo Agostinho: «Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto» (Comentário à 1 Jo, VIII, 5). Desejo, portanto, que este Ano Jubilar possa incentivar o desenvolvimento de políticas de combate às antigas e novas formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres entre os pobres. Trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas. Congratulo-me com as iniciativas já existentes e com o empenho que é manifestado diariamente a nível internacional por um grande número de homens e mulheres de boa vontade. Confiemos em Maria Santíssima, Consoladora dos aflitos, e com Ela entoemos um canto de esperança, fazendo nossas as palavras do Te Deum: «In Te, Domine, speravi, non confundar in aeternum – Em Vós espero, Meu Deus, não serei confundido eternamente». Vaticano, 13 de junho de 2025, memória de Santo António de Lisboa, Patrono dos pobres LEÃO PP. XIV Acesse a imagem original aqui Copyright © Dicastério para a Comunicação - Libreria Editrice Vaticana

RSB lança vídeo comemorativo pelos 150 anos da Primeira Expedição Missionária Salesiana

A Rede Salesiana Brasil (RSB) lançou um vídeo especial em homenagem aos 150 anos da Primeira Expedição Missionária Salesiana, marco que expressa o ardor evangelizador iniciado por Dom Bosco e que continua a inspirar a missão salesiana no mundo inteiro. A produção apresenta a canção “Sempre Juntos”, composta por Jean Lopes, que resgata, em melodia e poesia, o espírito missionário que move a Família Salesiana desde os sonhos de Valdocco até as diversas presenças educativas e sociais espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. A música celebra os primeiros missionários enviados para a Patagônia e relembra o coração que bate forte pela evangelização, sempre guiado por Maria Auxiliadora e pelo Menino Jesus. O vídeo destaca a chama missionária que, há mais de um século, impulsiona jovens, consagrados e leigos a levar esperança, alegria e o amor de Deus onde a presença salesiana se faz necessária. É um convite à comunhão, à gratidão e à renovação do compromisso com a missão. Assista ao vídeo completo: Ficha técnica Composição: Jean Lopes Intérpretes: Pe. Vinicius Ricardo de Paula, Clívia Adriele (Noviça FMA) e Jean Lopes Arranjos: Maestro Toninho Neto Realização: Rede Salesiana Brasil  

O P. Orendain apresenta uma nova perspectiva para a comunicação salesiana

Num passo significativo para o fortalecimento da missão comunicativa da Família Salesiana (FS) em todo o mundo, o P. Fidel Orendain, Conselheiro Geral para a CS, realizou na quinta-feira, 6 de novembro de 2025, um encontro on-line com os Delegados Regionais de Comunicação Social, reunindo Responsáveis de três C ontinentes para definir um novo rumo para o Setor. O encontro virtual conectou os Delegados de Comunicação Social da Região Europa Centro-Norte com seus colegas da Interamérica e da Ásia Leste-Oceânia, criando um fórum verdadeiramente global para o diálogo e o planejamento estratégico. Além de apresentar o novo Conselheiro Geral, a sessão também foi um momento importante para conectar e alinhar as Inspetorias e Regiões. Uma perspectiva que se concretiza O P. Orendain aproveitou da ocasião para compartilhar tanto sua trajetória pessoal quanto o trabalho já realizado nos primeiros meses de seu mandato. Sua apresentação ofereceu aos Delegados uma visão ampla do cenário em transformação e da direção estratégica do Setor de Comunicação Social. O Conselheiro detalhou cuidadosamente as responsabilidades distintas e complementares dos diversos papéis dentro da estrutura do Setor — Delegados Inspetoriais, Coordenadores Regionais e a Sede central em Roma. Essa clareza funcional, observaram os participantes, fornece uma base essencial para uma colaboração mais eficaz no futuro. CG29: um roteiro para a comunicação Um dos pontos centrais da fala do P. Orendain foi a implementação do Capítulo Geral 29, apresentado como particularmente relevante e urgente para a missão comunicativa no atual panorama digital em rápida evolução. Ele explicou como as diretrizes do Capítulo irão influenciar e moldar a evangelização, a formação e a ação pastoral mediante os meios de comunicação. Inspirando-se na visão do Capítulo Geral, o Conselheiro traçou as prioridades estratégicas que guiarão o Setor da Comunicação Social nos próximos três-seis anos. Essas prioridades, destacou, refletem tanto os valores permanentes do carisma salesiano quanto as novas exigências da comunicação contemporânea a serviço dos jovens. Diálogo e discernimento A apresentação estruturada deu espaço a um longo momento de perguntas e diálogo aberto, em que os Delegados puderam interagir diretamente com o Conselheiro Geral sobre temas que iam desde os desafios práticos de implementação de programas até questões mais amplas de evangelização digital e ética da mídia. Os participantes expressaram sincera admiração pela clareza e profundidade da apresentação do P. Orendain, bem como pelo tom inspirador que ele conferiu ao futuro trabalho do Setor. Muitos observaram que o encontro ofereceu não apenas orientações práticas mas também nova motivação para o papel essencial da comunicação na missão salesiana. Um começo promissor Ao término do encontro, os participantes demonstraram um sentimento palpável de otimismo quanto ao caminho a ser seguido. A reunião representou mais que um simples informe administrativo: marcou um empenho pela colaboração autêntica entre Regiões e uma consciência compartilhada de que a comunicação eficaz é indispensável para chegar até aos jovens na era digital. A ênfase do P. Orendain tanto nos fundamentos espirituais da comunicação salesiana quanto nas exigências práticas da Mídia moderna encontrou forte eco entre os participantes, que deixaram o encontro revigorados e preparados para continuar a missão em seus respectivos contextos. O próprio formato digital do encontro demonstrou a adoção consciente das ferramentas tecnológicas para construir comunhão e colaboração – um testemunho vivo da missão que o Setor representa. Sob a guia do P. Orendain, o Setor da CS promete um novo capítulo, lançando bases sólidas para um período de renovada vitalidade e impacto no apostolado comunicativo da FS em todo o mundo. Fonte: Agencia Info Salesiana

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