Agosto, o mês da vocação. Os desafios da vocação sacerdotal nos dias atuais
07/08/2022

Agosto, o mês da vocação. Os desafios da vocação sacerdotal nos dias atuais

Agosto, o mês da vocação. Os desafios da vocação sacerdotal nos dias atuais

No próximo mês de novembro 2022 a Igreja do Brasil dará início ao terceiro ano vocacional. Após 40 anos (1983) do primeiro ano vocacional, torna-se necessário mobilizar todo o povo de Deus a uma reflexão ministerial vocacional, a partir da permanente palavra de Jesus aos discípulos: “Vem e Segue-me”, tal iniciativa provoca um apelo ao convite vocacional que requer sempre uma resposta individual. 

Em 2003, ressurgiu um novo ano vocacional com o tema “Batismo, fonte de todas as vocações", que trouxe uma provocação que somos todos assembleia de vocacionados e vocacionadas, sob a indelével marca batismal.

Passados outros 20 anos, foi realizado em 2021 o 4º Congresso Vocacional do Brasil, após este evento, a assembleia dos bispos optou por voltar a esta temática vocacional, percebendo que ainda “faltam muitos operários para o trabalho da messe” (Mt 9,35-38; Lc 10,2).

No limiar do novo ano litúrgico, a Igreja mais uma vez lançará em novembro de 2022 um novo ano vocacional que tem por tema/lema: "Vocação: graça e missão, corações ardentes, pés a caminho" como uma proposta mistagógica, de modo a provocar que a vocação acontece mediante a graça de Deus que faz arder e impulsionar os pés a favor da missão.

Diante de tais proposições, como resposta à necessária sensibilização vocacional nota-se que a Igreja vem caminhando para sedimentar de modo amplo a cultura vocacional, um desafio necessário para o anúncio testemunho do Reino de Deus, especialmente no que diz respeito a corresponder ao ideal de vida evangélico, seja pela vida consagrada no ofício sacerdotal, bem como na dimensão da vida presbiteral.

À luz de tudo isso, pode-se perguntar quais os desafios da vocação sacerdotal hoje? Houve um desencantamento pelo ministério sacerdotal? Há, de fato, um novo perfil do clero que segue uma tendência influenciada pelo estilo da renovação carismática, num misto de tradição e modernidade, entre vestes e pietismo? Qual o modelo sacerdotal que mais atrai? Isso serve como argumento para falarmos em modelo sacerdotal ou estamos mergulhados em um modismo temporal?

Vários são os argumentos e as razões culturais, sociais e eclesiológicas quando nos referimos a resposta vocacional e o perfil dos candidatos ao sacerdócio hoje, bom salientar que a história bíblica veterotestamentária nos ensina que nada mudou em termos de chamado, segue-se a mesma tríade em todo chamado: Deus chama, o homem responde e, posteriormente é enviado para um serviço missão. Tal chamado implica em exigências que envolvem toda a pessoa, por isso se trata de um longo processo, maturável, de crescimento, reconhecimento e oferecimento diante dos obstáculos que continuam e continuarão a ser um desafio para aquele que responde. Não se trata de uma única resposta, feita ao receber os ministérios inferiores do grau do presbiterado e também à primeira profissão religiosa ou votos solenes ou ainda encarar a ordenação como uma pomposa conquista festiva,  mais um afirmar-se cotidiano à identificação com a missão de Cristo, que se fez tudo para todos, o que na teologia chamamos de kenosis,  isto é, a experiência do despojamento, do aniquilamento, a qual faz Cristo, como Filho de Deus, ao cumprir a missão que é do Pai, se tornou sinal visível, autêntico e confiante em Deus que realiza n’Ele suas obras.

Essa  reflexão pode soar austera, rígida ou ainda exigente demais a ponto de ser pensado inadequado para o tempo presente, porém responder ao chamado inegavelmente significa despojamento, abandono de si e capacidade séria de opção preferencial por Aquele que chama a servir os mais pobres, tal decisão deve ser encarada, refletida e  assumida. Diante do chamado não tem como haver resposta sem a ousadia de entregar-se. 

A vocação presbiteral ou ainda a vida religiosa com fins ao ministério presbiteral não perdeu de forma alguma seu encanto, sua beleza, sua grandeza. Continua sendo um sinal visível e evangélico que Deus chama e nos faz partícipes da missão do Reino, trata-se de uma opção fundamental que chega a ser uma resposta radical, generosa e total como um estilo de vida doada e aberta ao serviço caridade, próprio de uma pessoa de fé que tem Deus como guia à frente de sua missão.

Muitos são os fatores que desencadeiam para a pouca atração resposta ao chamado à vida presbiteral, ou mesmo consagrada, contudo, não se perdeu em termos de valor e de apreço o universo religioso como escolha vocacional, vivemos um misto de atração, basta observar os rostos jovens que compõem as novas comunidades de aliança e vida, em número crescente, nota-se por outro lado um certo decréscimo das ordens, mais antigas de perfil mais tradicional no vasto universo presbiteral, bem como o apelo por jovens seminaristas, nas dioceses, continua em certa continuidade, talvez numericamente ainda sejam muito reduzidos diante do vasto alcance das paróquias ou comunidades cristãs.  

Na obra O novo rosto do clero, Agenor Brighenti (2021, p. 277), a respeito do ministério presbiteral na visão dos católicos no Brasil, conclui que “segundo os católicos no Brasil, em geral, os padres são bem-vistos, olhados como pessoas abnegadas, trabalhadoras, boas com o povo. Nota-se, dizem, que há alegria no servir e gosto pelo que fazem, ainda que não se possa negar que há padres amargurados, frustrados, isolados, de poucas relações com o povo. Também não querem padres de batina. A maioria acha que o modo mais adequado do padre vestir-se é com trajes civis, com bom gosto e simplicidade ou que cada um escolha o que lhe convier". Contudo, na obra embasada em pesquisas científicas e dados estatísticos, nota-se que há sim divergências pelo modo de vestir-se do sacerdote, seja por adaptar-se aos trajes hodiernos ou o estilo tradicional que retoma a batina, o que é ponto de pluralismo dentro do cenário vocacional. 

Assim, permanecem ainda múltiplos os desafios para abraçar a vida presbiteral, especialmente em nosso contexto altamente tecnológico e consumista, com forte apelo ao bem-estar pessoal materialista da vida presente, mas continua a brilhar o chamado à vida ministerial na contracorrente das benesses cotidianas. Oxalá!, este ano vocacional que se aproxima, nos leve cada vez mais a dar passos pela graça de Deus que faz arder o coração dos chamados, a fim de ser resposta dos eleitos, aquecendo e movimentando pés e corações a serviço da missão de Deus.

 

 

Escrito por: Pe. Daniel Cunha, Delegado Nacional de PJS 

Mais Recentes

‘Caritas’ do Colégio Salesiano entrega ajuda alimentar a 90 famílias

No dia 9 de dezembro, no Instituto Salesiano, de Araçatuba, a Cáritas Salesiana distribuiu cestas de alimentos e a tradicional cesta de Natal para 90 famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa foi realizada por 12 voluntários, que há 22 anos mantêm o trabalho graças a doações e ao apoio dos fiéis que frequentam a Capela do Instituto. A voluntária Cidinha Dourado explicou que cada família passa por uma análise no sistema municipal, sistema que garante uma distribuição justa dos auxílios. O atendimento é temporário, até que as famílias consigam se restabelecer. Durante a entrega, o Pró-Reitor de Pastoral do instituto, P. Paulo Jácomo, recordou o episódio evangélico da multiplicação dos pães e dos peixes, relacionando-o ao trabalho da Cáritas. A Cáritas oferece atendimentos, registro no Cadastro Único e acompanhamento temporário às famílias. Todas as ofertas recolhidas na comunidade são exclusivamente destinadas a sustentar tal serviço. O Diretor da presença salesiana, P. Paulo Vendrame, destacou quanto a solidariedade dos voluntários leve alegria a tantas famílias, especialmente neste período natalino. Agência Info Salesiana

FM Dom Bosco inaugura novos estúdios e reafirma sua missão evangelizadora

Os novos estúdios de transmissão da Rádio FM Dom Bosco trazem um cenário moderno nas cores da salesiana A Rádio FM Dom Bosco 96,1 viveu um momento histórico com a inauguração oficial de seus novos estúdios. A entrega da nova estrutura, realizada na noite do último sábado, 6 de dezembro, marca uma nova fase da emissora, que investe em modernização sem perder sua essência: comunicar, evangelizar e formar famílias à luz do carisma salesiano. O projeto de reforma contemplou os estúdios de transmissão ao vivo, agora com cenário moderno nas cores da espiritualidade salesiana, ambiente planejado para produção de conteúdo, equipamentos profissionais, câmeras 4K e infraestrutura completa para múltiplos formatos de transmissão. A emissora também passa a contar com um estúdio exclusivo para podcasts, ampliando as possibilidades de criação e alcance de novos públicos. Além dos estúdios, foram entregues a nova recepção e o setor do Clube de Amigos, agora integrados e mais acessíveis aos ouvintes e parceiros da rádio. O espaço foi pensado para acolher, aproximar e fortalecer o vínculo entre a emissora e a comunidade. A nova recepção conta com a lojinha, bazar solidário, mural com imagens dos ex-diretores da emissora e exposição dos prêmios de jornalismo conquistados ao longo da história da FM Dom Bosco, valorizando a memória e o compromisso com uma comunicação responsável e de qualidade. Mais do que uma obra estrutural, a entrega dos novos estúdios representa um marco na caminhada da FM Dom Bosco: um investimento no futuro da evangelização por meio dos meios de comunicação. A rádio segue firme em sua missão de levar fé, esperança e formação às famílias, sendo voz da Igreja e instrumento de transformação social. Por: Roberta Farias

ISJB comemora 78 anos de ações educativas-pastorais para a promoção do protagonismo juvenil

Em 14 de julho de 1883 chegaram ao Brasil os primeiros Salesianos vindos do Uruguai liderados por D. Lasagna e o primeiro Diretor Pe. Miguel Borghino. Instalaram-se em uma chácara do bairro Santa Rosa em Niterói.  A presença Salesiana em Niterói nos primórdios contou com Colégio de educação básica, Aspirantado para adolescentes e jovens, Escola de Artes e Ofícios e Paróquia Basílica Nossa Senhora Auxiliadora. Atualmente, sedia em suas dependências o Colégio Santa Rosa e a Paróquia Basílica Nossa Senhora Auxiliadora.    Primeiros Salesianos chegados a Minas Gerais‍ Os primeiros Salesianos chegados a Minas Gerais vieram de Niterói/RJ. Existem registros desde 1884 de suas primeiras incursões acima da Serra de Petrópolis em busca de doações de pessoas boas de vontade em prol da manutenção do Colégio Santa Rosa. Ainda, os filhos de Dom Bosco também foram para Minas Gerais para o tratamento de saúde nas cidades de Barbacena e Caxambu devido ao seu clima ameno e acesso a cuidados médicos. A partir de 1890 chegaram pedidos requerendo a presença dos Salesianos em Cachoeira do Campo, São João Del Rei, Caxambu, Caratinga e Manhuaçu. Em Cachoeira do Campo, hoje distrito da cidade de Ouro Preto (naquela ocasião a capital do Estado), havia uma recém-criada pelo Império uma Colônia Agrícola a qual a pedido do Vigário local Pe. Afonso Henrique de Figueiredo ao Governo de Minas foi doada aos Salesianos.  ‍ Estes aceitaram e estabeleceram-se em 05 de fevereiro de 1896 com um grupo de 9 Salesianos sob a liderança do diretor Pe. Domingos Albanello com a finalidade de dar continuidade à Colônia através do Ensino Básico e Agrícola tendo por foco os meninos pobres e abandonados da região e os filhos de imigrantes italianos como havia pedido desde o início D. Bosco. Os Salesianos mantiveram durante a existência desta casa que fechou em 2009 uma Escola Agrícola, uma Escola de Ensino Fundamental, Aspirantado, Internato, Externato, um Centro Juvenil, um Oratório Festivo, atendimento a Comunidades Eclesiais da região e Casa de Retiros.     ‍ A partir das Escolas Dom Bosco de Cachoeira do Campo, os Salesianos desenvolveram fundaram outras comunidades em Minas Gerais, em algumas onde houveram presença de Comunidades Religiosas Salesianas ainda cultivam o Carisma Salesiano com muito carinho e mantinha viva a memória de São João Bosco por meio de grupos da Família Salesiana e atividades ligadas ao universo juvenil:  Ouro Preto (1898 a 1899); Ponte Nova (1940 a 2016); Araxá (1926); Itabira (1926); Barbacena (1909 -1918 e retorno em 1950); Pará de Minas (1944); Paraguassú (1952 – 1969); Uberlândia (1952 -1973); Santa Bárbara (1952 – 1971); Acesita (1957 – 1971).  ‍ Criação da Inspetoria São João Bosco ‍A Inspetoria São João Bosco foi criada no dia 11 de dezembro de 1947 instalou sua sede no Instituto Salesiano São Francisco de Sales no bairro do Riachuelo no Rio de Janeiro. Sendo compostas pelos estados: Espírito Santos, Ricardo de Janeiro, Minas Gerais e o Distrito Federal. Primeira Comunidade da ISJB Em 1963 a sede da  Inspetoria foi transferida para o Colégio Salesiano em Belo Horizonte. Em setembro de  1976 foi transferida para a atual sede no Bairro Dom Cabral ao lado da PUC Minas.  Atualmente a ISJB está presente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal. Com ações ligadas à educação, a ação social e a evangelização.    Inspetoria São João Bosco

Receba as novidades no seu e-mail

O futuro que você merece
O futuro que você merece

Siga a RSB nas redes sociais:

2025 © Rede Salesiana Brasil