Papa Leão XIV publica a primeira Exortação Apostólica: “Dilexi te”
10/10/2025

Papa Leão XIV publica a primeira Exortação Apostólica: “Dilexi te”

Papa Leão XIV publica a primeira Exortação Apostólica: “Dilexi te”
Foto: Vatican News

Publicada a primeira exortação apostólica de Robert Prevost, um trabalho iniciado por Francisco sobre o tema do serviço aos pobres, em cujo rosto encontramos “o sofrimento dos inocentes”. O Papa denuncia a economia que mata, a falta de equidade, a violência contra as mulheres, a desnutrição, a emergência educacional. Ele faz seu o apelo de Bergoglio pelos migrantes e pede aos fiéis que façam ouvir “uma voz que denuncie”, porque “as estruturas da injustiça devem ser destruídas com a força do bem"

Dilexi te, “Eu te amei”. O amor de Cristo que se encarna no amor aos pobres, entendido como cuidado dos doentes; luta contra a escravidão; defesa das mulheres que sofrem exclusão e violência; direito à educação; acompanhamento aos migrantes; esmola que “é justiça restabelecida, não um gesto de paternalismo”; equidade, cuja falta é “a raiz de todos os males sociais”. Leão XIV assina sua primeira exortação apostólica, Dilexi te, texto em 121 pontos que brota do Evangelho do Filho de Deus que se tornou pobre desde sua entrada no mundo e que relança o Magistério da Igreja sobre os pobres nos últimos cento e cinquenta anos. “Uma verdadeira mina de ensinamentos”.

Seguindo os passos dos seus antecessores

Com este documento assinado a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, o Pontífice agostiniano segue assim os passos dos seus antecessores: João XXIII com o apelo aos países ricos na Mater et Magistra para que não permaneçam indiferentes perante os países oprimidos pela fome e pela miséria (83); Paulo VI, com a Populorum progressio e o discurso na ONU “como advogado dos povos pobres”; João Paulo II, que consolidou doutrinariamente “a relação preferencial da Igreja com os pobres”; Bento XIV e a Caritas in Veritate, com sua leitura “mais marcadamente política” das crises do terceiro milênio. Por fim, Francisco, que fez do cuidado “pelos pobres” e “com os pobres” um dos pilares do seu pontificado.

Um trabalho iniciado por Francisco e relançado por Leão

Foi o próprio Francisco que, nos meses que antecederam sua morte, iniciou o trabalho sobre a exortação apostólica. Assim como aconteceu com a Lumen Fidei, de Bento XVI, recolhida em 2013 por Jorge Mario Bergoglio, também desta vez é o sucessor que completa a obra, que representa uma continuação da Dilexit Nos, a última encíclica do Papa argentino sobre o Coração de Jesus. Porque é forte a “ligação” entre o amor de Deus e o amor pelos pobres: através deles, Deus “ainda tem algo a nos dizer”, afirma o Papa Leão. E ele retoma o tema da “opção preferencial” pelos pobres, expressão nascida na América Latina (16) não para indicar “um exclusivismo ou uma discriminação em relação a outros grupos”, mas “a ação de Deus” que se move por compaixão pela fraqueza da humanidade.

Os “rostos” da pobreza

São numerosos os pontos para reflexão, numerosas as motivações para a ação na exortação de Robert Francis Prevost, na qual são analisados os “rostos” da pobreza. A pobreza daqueles que “não têm meios de subsistência material”, de “quem é marginalizado socialmente e não possui instrumentos para dar voz à sua dignidade e suas capacidades”; a pobreza “moral”, “espiritual”, “cultural”; a pobreza “de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade” (9).

Novas formas de pobreza e falta de equidade

Diante desse cenário, o Papa considera “insuficiente” o compromisso de eliminar as causas estruturais da pobreza em sociedades marcadas por “numerosas desigualdades”, pelo surgimento de novas formas de pobreza “mais sutis e perigosas” (10) e por regras econômicas que aumentaram a riqueza, “mas sem equidade”.

A falta de equidade é a raiz dos males sociais (94)

A ditadura de uma economia que mata

“Quando dizem que o mundo moderno reduziu a pobreza, fazem-no medindo-a com critérios doutros tempos não comparáveis à realidade atual”, afirma Leão XIV (13). Deste ponto de vista, ele saúda “com satisfação” o fato de que “as Nações Unidas tenham colocado a erradicação da pobreza como um dos objetivos do Milênio”. No entanto, o caminho é longo, especialmente numa época em que continua a vigorar a “ditadura de uma economia que mata”, em que os ganhos de poucos “crescem exponencialmente”, enquanto os da maioria estão “cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz” e em que se difundem “ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira” (92).

Cultura do descarte, liberdade de mercado, pastoral das elites

Tudo isso é sinal de que ainda persiste – “por vezes bem disfarçada” – uma cultura do descarte que “tolera com indiferença que milhões de pessoas morram de fome ou sobrevivam em condições indignas do ser humano” (11). O Papa condena então os “critérios pseudocientíficos” segundo os quais será “a liberdade do mercado” a levar à “solução” do problema da pobreza, bem como a “pastoral das chamadas elites”, segundo a qual “em vez de perder tempo com os pobres, é melhor cuidar dos ricos, dos poderosos e dos profissionais” (114).

Realmente, os direitos humanos não são iguais para todos (94)

Mudar a mentalidade

O que o Papa invoca é, portanto, uma “mudança de mentalidade”, libertando-se antes de tudo da “ilusão de uma felicidade que deriva de uma vida confortável”. Isso leva muitas pessoas a uma visão da existência centrada na riqueza e no sucesso “a todo custo”, mesmo em detrimento dos outros e por meio de “sistemas político-econômicos injustos” (11).

A dignidade de cada pessoa humana deve ser respeitada já agora, não só amanhã (92)

Em cada migrante rejeitado está Cristo batendo à porta

Leão XIV dedica um amplo espaço ao tema das migrações. Para ilustrar suas palavras, ele usa a imagem do pequeno Alan Kurdi, o menino sírio de 3 anos que se tornou, em 2015, símbolo da crise europeia dos migrantes com a foto de seu corpinho sem vida em uma praia. “Infelizmente, à parte de alguma momentânea comoção, acontecimentos semelhantes estão a tornar-se cada vez mais irrelevantes, como notícias secundárias” (11), constata o Pontífice.

Ao mesmo tempo, ele lembra a obra secular da Igreja em favor daqueles que são forçados a abandonar suas terras, expressa em centros de acolhimento, missões de fronteira, esforços da Caritas Internacional e outras instituições (75).

A Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes. Pois sabe que o Evangelho só é crível quando se traduz em gestos de proximidade e de acolhimento; e que em cada migrante rejeitado, é o próprio Cristo que bate às portas da comunidade (75)

Ainda sobre o tema das migrações, Robert Prevost faz seus os famosos “quatro verbos” do Papa Francisco: “Acolher, proteger, promover e integrar”. E do Papa Francisco ele também toma emprestada a definição dos pobres não apenas como objeto de nossa compaixão, mas como “mestres do Evangelho”.

Servir aos pobres não é um gesto a ser feito “de cima para baixo”, mas um encontro entre iguais... A Igreja, portanto, quando se curva para cuidar dos pobres, assume sua postura mais elevada (79)

Mulheres vítimas de violência e exclusão

O Sucessor de Pedro olha então para a atualidade marcada por milhares de pessoas que morrem todos os dias “por causas relacionadas com a desnutrição” (12). “Duplamente pobres”, acrescenta, são “as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menos possibilidades de defender os seus direitos” (12).

“Os pobres não existem por acaso...”

O Papa Leão XIV traça uma reflexão profunda sobre as causas da pobreza: “Os pobres não existem por acaso ou por um cego e amargo destino. Muito menos a pobreza é uma escolha, para a maioria deles. No entanto, ainda há quem ouse afirmá-lo, demonstrando cegueira e crueldade”, sublinha (14). “Obviamente, entre os pobres há também aqueles que não querem trabalhar”, mas há também muitos homens e mulheres que, por exemplo, recolhem papelão de manhã à noite apenas para “sobreviver” e nunca para “melhorar” a vida. Em suma, lê-se em um dos pontos centrais da Dilexi te, não se pode dizer “que a maioria dos pobres estão nessa situação porque não obtiveram méritos, de acordo com a falsa visão da meritocracia, segundo a qual parece que só têm méritos aqueles que tiveram sucesso na vida” (14).

Ideologias e orientações políticas

Em muitas ocasiões, observa o Papa Leão, são os próprios cristãos que se deixam “contagiar por atitudes marcadas por ideologias mundanas ou por orientações políticas e econômicas que levam a injustas generalizações e conclusões enganosas” (15).

Há quem continue a dizer: “O nosso dever é rezar e ensinar a verdadeira doutrina”. Mas, desvinculando este aspecto religioso da promoção integral, acrescentam que só o Governo deveria cuidar deles, ou que seria melhor deixá-los na miséria, ensinando-lhes antes a trabalhar (114)

A esmola frequentemente desprezada

Sintoma dessa mentalidade é o fato de que o exercício da caridade às vezes é “desprezado ou ridicularizado, como se fosse uma fixação somente de alguns e não o núcleo incandescente da missão eclesial” (15). O Papa detém-se longamente na esmola, raramente praticada e frequentemente desprezada (115).

Como cristãos, não renunciemos à esmola. Um gesto que pode ser feito de várias maneiras, e podemos tentar fazer da forma mais eficaz, mas que deve ser feito. E será sempre melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. Em todo o caso, tocar-nos-á o coração. Não será a solução para a pobreza no mundo, que deve ser procurada com inteligência, tenacidade e compromisso social. Mas precisamos praticar a esmola para tocar a carne sofredora dos pobres (119)

Indiferença por parte dos cristãos

Na mesma linha, o Papa destaca “a falta ou mesmo a ausência de compromisso” com a defesa e a promoção dos mais desfavorecidos em alguns grupos cristãos (112). Se uma comunidade da Igreja não coopera para a inclusão de todos, adverte ele, “correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (113).

Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres (36)

O testemunho dos santos, beatos e ordens religiosas

Para contrabalançar essa atitude de indiferença, há um mundo de santos, beatos e missionários que, ao longo dos séculos, encarnaram a imagem de “uma Igreja pobre e para os pobres” (35). De Francisco de Assis e seu gesto de abraçar um leproso (7) a Madre Teresa, ícone universal da caridade dedicada aos moribundos da Índia “com uma ternura que era oração” (77). E ainda São Lourenço, São Justino, Santo Ambrósio, São João Crisóstomo, seu Santo Agostinho, que afirmava:

“Aquele que diz amar a Deus e não se compadece dos necessitados, mente” (45).

Leão ainda lembra o trabalho dos Camilianos pelos doentes (49), das congregações femininas em hospitais e casas de repouso (51). Ele lembra o acolhimento nos mosteiros beneditinos a viúvas, crianças abandonadas, peregrinos e mendigos (55). E lembra também os franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos que iniciaram “uma revolução evangélica” através de um “estilo de vida simples e pobre” (63), juntamente com os trinitários e mercedários que, lutando pela libertação dos prisioneiros, expressaram o amor de “um Deus que liberta não só da escravidão espiritual, mas também da opressão concreta” (60).

A tradição destas Ordens não cessou. Pelo contrário, inspirou novas formas de ação diante das escravidões modernas: o tráfico de pessoas, o trabalho forçado, a exploração sexual, as diversas formas de dependência. A caridade cristã, quando encarnada, torna-se libertadora (61)

O direito à educação

O Pontífice recorda também o exemplo de São José de Calasanz, que fundou a primeira escola popular gratuita da Europa (69), para salientar a importância da educação dos pobres: “Não é um favor, mas um dever”.

Os pequenos têm direito à sabedoria, como exigência básica do reconhecimento da dignidade humana (72)

A luta dos movimentos populares

Na exortação, o Papa também menciona a luta contra os “efeitos destrutivos do império do dinheiro” por parte dos movimentos populares, conduzidos por líderes “colocados muitas vezes sob suspeita e até perseguidos” (80). Eles, escreve, “convidam a superar aquela ideia das políticas sociais concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres” (81).

Uma voz que desperte e denuncie

Nas últimas páginas do documento, Leão XIV apela a todo o Povo de Deus para “fazer ouvir, ainda que de maneiras diferentes, uma voz que desperte, denuncie e se exponha mesmo correndo o risco de parecer estúpidos”.

As estruturas de injustiça devem ser reconhecidas e destruídas com a força do bem, através da mudança de mentalidades e também, com a ajuda da ciência e da técnica, através do desenvolvimento de políticas eficazes na transformação da sociedade (97)

Os pobres, não um problema social, mas o centro da Igreja

É necessário que “todos nos deixemos evangelizar pelos pobres”, exorta o Papa (102). “O cristão não pode considerar os pobres apenas como um problema social: eles são uma questão familiar. Pertencem aos nossos”. Portanto, “a relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou departamento da Igreja” (104).

Fonte: Vatican News

 

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Juani Salgueiro – Paraguai: Para mim, ser uma peregrina de esperança significa ser um testemunho vivo do amor de Deus, não por meio de situações extraordinárias, mas na quotidianidade de cada dia. Fazer com que minha relação com Ele não seja apenas íntima e pessoal, mas se reflita em minhas ações, relações e pensamentos. Como poderia viver aflita, guardando rancor ou acreditando que a vida não tem sentido, se conheço um Deus misericordioso que me ama, me sustenta e procura guiar-me à verdadeira felicidade? Ser peregrina significa compartilhar com meus irmãos, com a graça de viver em comunidade, esse amor de Deus, que não implica ausência de dificuldades, mas é um caminho em que a fé nos sustenta nos momentos difíceis e a esperança vence a dúvida. José Antônio Lemos Martins – Brasil: Para nós é seguir o Evangelho de Cristo. Mas como colocar isso em prática no frenesi quotidiano? É cada vez mais necessário ter um olhar atento para o irmão: levar uma mensagem de perdão e amor pode fazer a diferença, seguindo assim o convite de anunciar o Evangelho e doar esperança. Cada novo dia é uma nova oportunidade para fazer o bem e difundir com as ações a Palavra, porque as palavras convencem, mas o exemplo arrasta. Amigos de Jesus Délia Rodriguez – Panamá: Posso aprofundar minha amizade com Jesus através da oração quotidiana, no colóquio com Ele como um amigo, confiando todos os dias minhas dores e alegrias. Além disso, praticando a gentileza, a paciência e a escuta para com o próximo. Assim, posso ser uma pessoa de luz e esperança no meio daqueles que precisam de mim. Aishwarya Augustina Toppo – Índia: Para aprofundar minha amizade com Jesus, procuro dedicar-Lhe tempo na oração, no silêncio e na reflexão. Falo-Lhe como a um amigo íntimo, compartilhando minhas preocupações, alegrias e sonhos. A leitura dos Evangelhos me ajuda a compreender o Seu coração, enquanto os gestos de serviço me recordam de reconhecê-Lo nos outros. Quanto mais experimento Sua presença na vida quotidiana, mais consigo refletir Seu amor e Sua esperança a quem me rodeia, por meio da compaixão, do perdão e de simples gestos de bondade. Giuliane Restini Vecchi Marques – Brasil: Existem muitos modos de fazer isso, mas aprendi concretamente nos últimos anos que não se pode amar verdadeiramente o que não se conhece. Portanto, para mim, a primeira coisa é conhecer Jesus. E o melhor modo de fazê-lo é conhecer a Palavra, criar uma rotina de estudo orante (e não simplesmente técnico) sobre Ele. A partir desse momento, tuas ações serão consequência lógica do que aprendeste, porque é impossível não se apaixonar quando se conhece Jesus. Construtores de Paz Kamilla Hemkemaier Soares – Brasil: Acredito que posso contribuir para construir a paz e a unidade difundindo amor e compreensão onde quer que me encontre. Às vezes não servem grandes gestos, mas atitudes simples, como escutar alguém que está triste, evitar julgamentos e sempre procurar fazer o bem. Quando escolhemos agir com o coração e tratar os outros com respeito, a paz começa a crescer ao nosso redor. Quero ser uma pessoa que transmite leveza, que une e não divide, e que faz a diferença mesmo nas pequenas coisas. Dannielys Hernández – Venezuela: Minha contribuição como jovem que vive e respira o carisma salesiano é ser um testemunho vivo de esperança para os outros. Tudo o que faço se concentra em aplicar o Sistema Preventivo de Dom Bosco na minha vida quotidiana, porque sei que é o modo mais concreto para transformar minha comunidade. Neste mundo muitas vezes carregado de negatividade, empenho-me em ser exemplo de alegria, perdão e serviço. Minha fé não é guardada num canto; manifesta-se quando acolho a todos sem julgar, reconhecendo o valor de cada jovem, adulto e criança. Ser um cristão “de fatos” é uma das bases para construir a unidade numa comunidade. Minha fé me dá o sentido e a motivação para servir. Vivendo-a com alegria, dialogando com razoabilidade e estando próximo dos outros com gentileza, estou semeando a semente da paz que Dom Bosco nos ensinou. Ser testemunha para os outros, para que esse exemplo possa, por sua vez, ajudar qualquer um a ser. Aishwarya Augustina Toppo – Índia: Como jovem, acredito que a paz começa da forma como nos tratamos uns aos outros. Posso contribuir para construir a paz em minha comunidade fazendo-me ponte entre as pessoas, escutando, compreendendo as diferenças e opondo-me à negatividade ou às fofocas. Quer se trate de promover a gentileza no meu grupo, apoiar quem está necessitado ou difundir positividade nas redes sociais, cada pequeno gesto contribui para criar um maior espírito de unidade. Quando escolho a paz em minhas palavras e ações, ela lentamente se multiplica no mundo que me rodeia. Como animadores/animadoras, e acompanhadoras/acompanhadores dos jovens, o tema desta JMJ convida-nos a cultivar uma relação profunda e pessoal com Cristo, crescendo cada dia como autênticas testemunhas de uma fé viva. Assim, podemos ajudar os jovens a aprofundar sua amizade com Jesus, a expressar sua fé através de gestos concretos de amor e serviço e a sustentar com firmeza a verdade e a justiça na construção de uma sociedade mais pacífica.   Site do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora

39ª e 40ª Assembleias Extraordinárias da CISBRASIL fortalecem unidade inspetorial e prioridades da missão salesiana no Brasil

Realizada no dia 20 de novembro, na sede da Rede Salesiana Brasil (RSB), em Brasília, a 39ª e 40ª Assembleia Geral Ordinária da Conferência Interinspetorial dos Salesianos de Dom Bosco (CISBRASIL) reuniu os inspetores SDB de todo o país para um momento de reflexão, avaliação e direcionamento da missão salesiana no Brasil. Ao falar sobre o encontro, o Pe. Ricardo Carlos, Presidente da CISBRASIL, nos falou que “a assembleia semestral é um grande momento para avaliarmos os projetos deliberados e aprovados na assembleia anterior, encontrarmos os membros inspetores e coordenadores das pastorais juvenil, de formação e pastoral (paróquias e santuários)”. Ele completou que o encontro é uma oportunidade dos Salesianos de Dom Bosco olharem sistematicamente todas as frentes de trabalho da ação Educativo-pastoral Salesiana.  Estiveram presentes o Pe. Hector Gabriel Romero, Conselheiro Regional para a América Cone-Sul, o Pe. Ricardo Carlos, Presidente da CISBRASIL e Inspetor da Inspetoria São João Bosco (BBH) e o Pe. Sergio Augusto Baldin, Secretário Executivo da CISBRASIL. Os inspetores de cada região também participaram, reforçando a unidade entre as inspetorias: Inspetor Interino da Inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório - Pe. Ademir de Lima Oliveira Inspetoria São Domingos Sávio (BMA) – Pe. Felipe Robert Jean Bauziere; Inspetoria São Pio X (BPA) – Pe. Ademir Ricardo Cwendrych; Inspetoria São Luiz Gonzaga (BRE) – Pe. Francisco Inácio Vieira Júnior; Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora (BSP) – Pe. Alexandre Luís de Oliveira. O encontro retomou temas estratégicos, como formação inicial e permanente, comunicação, sustentabilidade vocacional e integração das presenças inspetoriais. Inspirados pelo espírito de Dom Bosco, os inspetores direcionaram seus esforços para consolidar ações conjuntas que impactem diretamente o trabalho educativo e evangelizador nas obras salesianas. A assembleia também reforçou a importância da unidade interinspetorial, da leitura dos sinais dos tempos e da colaboração mútua entre regiões, garantindo que a missão chegue com qualidade e alegria aos jovens, especialmente os mais vulneráveis. A CISBRASIL encerra suas 39ª e 40ª edições renovando o compromisso com uma presença educativa, fraterna e evangelizadora que responda aos desafios atuais, sempre “com o coração de Dom Bosco”.   Comunicação da Rede Salesiana Brasil

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