27/09/2024

Informativo Dom Bosco entrevista o Ministro da Educação Camilo Santana

Informativo Dom Bosco entrevista o Ministro da Educação Camilo Santana
Foto: FM Dom Bosco

Nesta sexta-feira (27), o programa Informativo Dom Bosco entrevistou o ministro da Educação, Camilo Santana. O noticiário foi transmitido em rede, com a participação de seis emissoras cearenses: FM Dom Bosco (Fortaleza), FM Padre Cícero (Juazeiro do Norte), Centro Norte FM (Hidrolândia), Cultura FM (Quixadá), Esperança FM (Itapipoca) e Web Rádio Ceará Rural.

A jornalista Jocasta Pimentel conduziu a entrevista que abordou diversas pautas, entre elas a medida que visa proibir uso de celular em salas de aula do Brasil e a autorização da primeira etapa de construção do campus do ITA no Ceará. A entrevista completa já está disponível no Spotify do Informativo Dom Bosco.

Jocasta Pimentel: Ministro, um assunto que vem sendo muito falado é a preparação do projeto do MEC com relação ao uso de celulares nas salas de aula em todo o Brasil. Quais são os principais objetivos dessa iniciativa e como o Ministério pretende garantir a adesão das escolas e dos estudantes nesse projeto? Bom dia.

Ministro: Bom dia, Jocasta, bom dia, Brendo, bom dia a todos os ouvintes da FM Dom Bosco, prazer mais uma vez voltar aqui e bom dia a todos os ouvintes. Bom Jocasta, há uma preocupação muito grande no Ministério em relação à qualidade da aprendizagem das nossas crianças e jovens nas escolas. E a gente tem, eu tenho percorrido o Brasil inteiro e um dos problemas que tem ocasionado falta de déficit de atenção é a falta de limitação do uso do aparelho celular ou equipamentos eletrônicos nas escolas. Claro que a gente quer que tenha uma escola de tempo integral, como a gente tem trabalhado para isso, criamos o Pé de Meia para que o aluno não abandone a escola, criamos um programa de conectividade para que toda a escola tenha internet, tenha computador, eu mesmo como governador distribuí tablets para os alunos do ensino médio, mas a gente quer que essas ferramentas sejam utilizadas na escola com fins pedagógicos.

Infelizmente, o uso do aparelho individual, isso repito, tem criado problemas na qualidade da aprendizagem, na atenção dos alunos. Você pode até imaginar que até no recreio, no intervalo das aulas, ao invés dos alunos estarem convivendo entre eles, jogando ali, lendo um livro ou brincando no recreio, eles ficam no celular. O celular, a gente precisa, aliás, não só as famílias também que tem que ter uma responsabilidade muito grande na limitação do uso dos seus filhos, porque às vezes tu vai no restaurante e vê lá a família sentada à mesa e cada um com a cabeça baixa, cada um olhando um celular.

Então, todos os estudos têm mostrado que o uso excessivo do celular causa um prejuízo muito grande, principalmente para crianças. Os meus filhos, eu só permiti que eles tivessem o celular depois que completassem 12 anos. E é limitado, é uma hora por dia. Até meu filho agora mais velho, de 14 anos, se excedeu e agora essa semana ele está sem o celular dele. Então, acho que a importância nessa fase. Então, a ideia do Ministério da Educação, nós vamos lançar agora em outubro, que é dia do professor, dia 15, um conjunto de ações para reconhecer e valorizar o professor, que é outro problema. Hoje as pessoas não estão querendo mais ser professores, estamos com falta de professores nas áreas de matemática, física, química, português. Então, vamos criar um conjunto. É importante reconhecer a sociedade e valorizar o papel de um professor.

Aliás, porque todo mundo passa pelo professor, o advogado, o médico. Então, o professor tem um papel muito importante. Então, é melhorar a qualidade da formação dos professores nas universidades, a formação continuada, o reconhecimento da valorização, não só na remuneração, mas para você ter uma ideia no Japão, até no metrô, as vagas, o professor tem prioridade de assento.

Então, assim, é a sociedade entender a importância de um professor na vida das pessoas. E o celular, a gente está fazendo esse debate e alguns estados já criaram algumas leis, alguns municípios. A ideia é que a gente possa criar uma coisa a nível nacional, que possa dar mais segurança, tranquilidade aos professores, aos pais, aos gestores, né? Mas esse é um debate importante que o MEC, o próprio presidente, nós estamos puxando e consideramos importante.

Jocasta Pimentel: Agora, um assunto que foi bem divulgado na última semana, inclusive, com relação ao ITA, o MEC autorizou recentemente a primeira etapa da construção do campus aqui no Ceará. O que essa iniciativa representa para a educação e desenvolvimento tecnológico do nosso estado?

Ministro: O ITA é a melhor instituição de ensino superior do Brasil e uma das melhores do mundo. Então, eu quando era governador sempre sonhava em trazer o ITA para cá, até porque quando desativaram a base aérea aqui de Fortaleza, achei que aquele era o lugar ideal, o espaço ideal para construir esse centro tecnológico. Para você ter uma ideia, São José dos Campos, em São Paulo, se transformou a partir do ITA, porque o ITA não vai ser apenas um curso de alto nível para a engenharia.

Já vai ser o vestibular agora, dia 13 de outubro, a primeira prova e as seguintes em novembro. Vamos fazer um concurso já também para professores do ITA. Nós demos uma ordem de serviço para a construção porque o ITA, o aluno, mora lá, né? Então tem alojamento, tem toda a estrutura completa. Mas além da formação na primeira turma, ele atrai empresas, atrai pesquisas de auto-tecnologia, instituições. Então, hoje São José dos Campos virou um mundo de pesquisa, de inovação, de tecnologia. Então, isso é muito importante para a cidade e para o Estado.

Então, além da formação de bons engenheiros, e é um mérito do Ceará. 40% dos alunos que passam no ITA, ou são cearenses ou estudam aqui no Ceará. Então, é um reconhecimento ao trabalho que o Ceará vem desenvolvendo na educação. E o ITA, não tenho dúvida, nós vamos transformar, vai mudar um pouco. Às vezes, as pessoas não compreendem o impacto que o ITA vai trazer para o Estado. Mas, a médio e longo prazo, nós vamos entender o impacto que essa instituição vai trazer. A obra já começou aqui na base aérea. Nós vamos agora licitar a segunda parte, que é reformar aqueles prédios antigos. Essa primeira etapa é construir os alojamentos, os blocos de laboratórios, salas de aula. E vamos reformar aqueles prédios, que é um patrimônio importante ali na base aérea, mas que será agora ITA do Ceará, com muito orgulho para todos nós.

Jocasta Pimentel: São 7 horas e 42 minutos. Hoje, o Informativo Dom Bosco, entrevista ao Ministro da Educação, Camilo Santana. Ministro, o mundo inteiro, não só o Brasil, passa por uma intensa transição energética. A gente tem aqui, já no Ceará, inclusive assinados vários memorandos de interesse na produção do hidrogênio verde. Como é que o MEC também pensa na formação, na capacitação dessas pessoas, nesse contexto da transição energética?

Ministro: Inclusive, Jocasta, o ITA, um dos cursos, são cursos que não vão competir com São Paulo. Um dos cursos é engenharia na área de energias renováveis, exatamente porque o Ceará e o Nordeste, hoje é o grande produtor de energia eólica, energia solar. E o Ceará está na dianteira do hidrogênio verde. Eu, quando era governador, assinei os primeiros protocolos, o governador Elmano tem continuado, porque é o combustível do futuro. Ele vai substituir o petróleo, vai substituir o combustível fóssil. Então, quando nós fizemos uma parceria com o Roterdã na Europa, no Porto do Pecém, o Roterdã já está investindo como armazenar o hidrogênio verde que será produzido aqui no estado de Ceará. Então, isso também vai mudar.
Então, nós vamos agora focar, não só no ITA, mas nas escolas profissionalizantes que nós construímos no Ceará, que o governador Elmano tem ampliado. Nós vamos focar também em cursos específicos para a área das energias renováveis também dentro das escolas técnicas. Nós estamos agora criando mais dois institutos federais aqui em Fortaleza. São seis novos aqui no Ceará. Um vai ser ali na Bezerra de Menezes, antiga Secretaria de Segurança Pública, que eu comecei, o governador Elmano terminou o novo centro integrado ali na Borges de Melo. Então, lá, aquela quadra toda será um novo instituto federal que foi doado pelo governador.
E vamos fazer um instituto também federal ali na Messejana. Então, também focado nas competências e no potencial e a área de energias renováveis é uma área que tem um futuro muito brilhante e precisamos formar profissionais não só nas escolas profissionalizantes, nos institutos federais, mas o próprio ITA, o curso de engenharia, está focado nessa área, na transição energética das novas energias renováveis diante até dos problemas que nós estamos vivendo no mundo inteiro. As enchentes, as queimadas, as mudanças climáticas, que hoje não só afetam o Brasil, mas o mundo inteiro. Portanto, há uma tendência muito forte, inclusive para o mercado de trabalho, na formação desses profissionais.

Jocasta Pimentel: Agora tem perguntas chegando direto do sul do estado do Ceará. Vamos ao Cariri com a repórter Thais Maria Cândido, ela que é da FM Padre Cícero. Bom dia, Thais.
Thaís Cândido: Bom dia, Jocasta. Bom dia também a você que está acompanhando o informativo do Dom Bosco. Eu sou Thais Cândido, sou jornalista da rádio FM Padre Cícero de Juazeiro do Norte, Ceará. E a minha pergunta para o Ministro da Educação Camilo Santana é a seguinte. Ministro, como é que o senhor pretende pensar a educação inclusiva no nosso país? Nós sabemos que essa questão é uma questão muito importante, mas ainda pouco falada e também muito difícil de ser implementada nas salas de aula. Então, como o senhor pensa na implementação de uma educação inclusiva efetiva no nosso país?

Ministro: Bom dia, obrigado pela pergunta. Ano passado, nós lançamos a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Então, qual é a nossa meta? Primeiro que toda escola pública no Brasil tenha uma sala multifuncional de recursos para atender alunos especiais.

Nós investimos 276 milhões no ano passado e esse ano vamos chegar a quase 300 bilhões. A nossa meta é que em 2026, nenhuma escola pública no Brasil deixe de ter uma sala para isso, que é com equipamentos importantes e profissionais também para receber esses alunos especiais dentro da escola. Nós trabalhamos para que os alunos especiais sejam incluídos nas escolas, juntamente com seus coleguinhas. Essa é a lógica, a convivência dentro da sala de aula, dentro da escola, mas precisamos ter um acompanhamento especial. Para isso, pela primeira vez na história, nós mudamos os fatores de ponderação do Fundeb. O Fundeb é o fundo que financia a educação básica no Brasil.

O fator de ponderação é o valor aluno no ano que é repassado para os estados e para os municípios. Nunca tinha sido mudado, então nós aumentamos o valor para alunos especiais, porque a gente sabe que o prefeito às vezes precisa contratar um profissional para a escola, precisa melhorar a estrutura da escola para atender esse público. Então, hoje o aluno especial recebe mais recursos comparado com outro aluno, como também mudamos o fator de ponderação para as escolas indígenas, quilombolas, para a EJA, Educação de Jovens e Adultos, que foi praticamente abandonado pelo Ministério nos últimos anos. Era 80% do valor de um aluno normal e agora está igual. Então, assim, são ações importantes, formação de professores, formação de gestores para que possa cuidar melhor dessas pessoas, desses alunos. Então, essas ações nós estamos fazendo.

Se tem uma coisa que o Ministério da Educação Jocasta tem procurado fazer é olhar para a educação básica brasileira. O MEC sempre olhou muito para a educação superior e eu vou dar razão porque nós estamos focando tanto na educação básica. Primeiro, um dado importante, 68 milhões de brasileiros não concluíram a educação básica no Brasil.

Nós estamos falando de um terço da população que não chegaram a terminar o ensino médio, abandonam os estudos. Segundo dado, por que nós criamos o Pé de Meia, que é a poupança que apoia o aluno para ele não sair da escola? Porque no último censo escolar, 480 mil jovens saíram da escola pública do ensino médio no Brasil. Estamos falando de meio milhão de jovens. E o maior motivo do abandono escolar é a falta de condições financeiras. Precisa ajudar o pai, precisa ajudar a mãe ao orçamento em casa. Então, a poupança do Pé de Meia vem nesse sentido. Então, nós estamos trabalhando fortemente a escola de tempo integral. Lançamos um programa de um milhão de novas matrículas esse ano. Estamos agora lançando mais um milhão de novas matrículas no ano que vem.

Agora mesmo, semana passada, assinamos mais 55 escolas de tempo integral aqui para estado do Ceará com o governador Elmano. Olhar para as creches, é um conjunto de ações, mas você toca no ponto especial. E eu, particularmente, tenho uma preocupação muito grande com o homem público nessa área, principalmente no autismo, porque eu, Jocasta, porque eu dediquei toda a emenda do Senado, que hoje está a Senadora Augusta à frente do Senado – 70 milhões de reais por ano nós colocamos para o governo do estado, para a construção de centros de apoio e acolhimento de crianças autistas no Ceará. Vão ser centros, núcleos regionais, com profissionais. Já estamos licitando, porque há uma preocupação da mãe, do pai, com suas crianças, com seus filhos. Então, há uma preocupação muito grande hoje. Falo do ponto de vista como senador da República, que hoje, como ministro, com a emenda, 100% da emenda colocada para isso, e falo da preocupação hoje com a nossa equipe do MEC, em relação a olhar para esse tema.

Jocasta Pimentel: São 7h49, agora uma pergunta especial. Essa vem direto de Brasília, da Rede Salesiana de Educação. A rede, ela visa a formação integral de seus estudantes, onde quer que eles saiam das nossas escolas com uma excelente formação humana e acadêmica. Como o novo ensino médio, ele aborda a formação integral dos estudantes?

Ministro: Olha, o ensino médio é olhar para o projeto de vida do aluno, não só para as questões da disciplina de português, matemática, ciência, enfim. Ele estimula a questão do esporte, das atividades culturais, da questão da religião, enfim. Ele tem que ter apoio psicológico na escola, atenção. É esse o modelo. Eu até tenho comentado, às vezes a gente passou agora pelas Olimpíadas. Eu digo, olha, vamos avaliar porque esses países como Estados Unidos e França, se destacam tanto nas Olimpíadas? Porque eles começam a praticar esporte em uma escola a tempo integral lá no seu país. Lá o aluno passa o dia inteiro na escola e pratica o atletismo, pratica o basquete, pratica o vôlei.

Por isso esse rendimento tão grande desses atletas nas Olimpíadas. Então, é isso, é olhar, é uma escola, quando a gente pensa na escola a tempo integral, o modelo de escola que nós queremos para o nosso país. Porque além de proteger a criança e o jovem na escola, que passa o dia na escola, faz uma boa refeição, tem apoio psicológico, tem bons profissionais, uma estrutura boa, com quadra poliesportiva, com curso técnico, com curso de língua, com curso de informática, é essa escola que nós queremos construir no Brasil.

E nós lançamos o maior programa de escola a tempo integral da história do Brasil no ano passado. Tínhamos uma meta de ampliar um milhão de matrículas esse ano, conseguimos ampliar, investimos 4 bilhões, repassamos 4 bilhões de reais para os estados e municípios, porque quem executa a política na ponta não é o MEC, são os municípios, são os estados. Então o MEC tem que ser o grande coordenador da política, o organizador, o maestro. E manter diálogo, porque no governo passado não tínhamos diálogo.

Então, agora não, nós temos uma boa relação com os municípios, eu converso com os governadores, com os secretários, tenho viajado o Brasil inteiro. Então, levando um modelo, inclusive, de destaque do Ceará para o país, com alfabetização na idade certa. Então, um conjunto de ações que eu não tenho dúvida que a gente está dando uma contribuição, porque é por acreditar que a educação é o grande caminho para construir uma nação mais soberana, mais justa, de olhar para os que mais precisam. A educação transforma. Um país tão desigual, saiu agora o ranking e o Brasil, é um dos países mais desiguais do planeta, está no topo. Então, ou seja, poucos com muito e muitos com muito pouco.

Então, a rede salesiana, que, aliás, eu sou salesiano, estudei no salesiano lá no Juazeiro do Norte, então, assim, eu tenho um carinho muito grande por essa rede, pelo olhar para a família, pelo olhar da religião, pelo olhar da espiritualidade, pelo olhar da importância da solidariedade, da fraternidade. Isso está faltando nas pessoas e na sociedade. Então, precisamos pregar mais amor, mais paz, mais comunhão, olhar para os mais pobres, que é isso que a gente tem procurado, juntamente com o governo do presidente Lula, quando a gente criou o Bolsa Família, com o Mais Médico, com o Farmácia Popular, que é dar o remédio para quem precisa, que tem diabetes e não tem condições de comprar um remédio.

Quando a gente olha para um pé de meia desse para dizer que nós não queremos nenhum aluno fora da escola. Então, com o Mais Médico, para ter Mais Médico para atender no posto de saúde. Então, é esse olhar que eu acredito que a política é preciso ser feita. Eu sempre digo, Jocasta, às vezes as pessoas estão decepcionadas com a política, e tem razão muitas vezes, mas a política é o único caminho para construir uma sociedade maior. É a política que define o valor do salário mínimo, se eu vou ter uma boa educação, se eu vou ter uma boa segurança, a decisão. Às vezes eu pergunto, por que o Ceará se destacou tanto na educação? Decisão política. O estado está longe de ser um estado rico, comparado com os estados mais ricos do Brasil, como São Paulo, como Paraná, como Santa Catarina. Então, tudo é decisão política. Acolher melhor as pessoas, ter um atendimento de saúde melhor.

E eu acredito e tenho muito orgulho de poder servir hoje ao meu país, sob a liderança do presidente Lula, porque eu acredito que a educação é o grande caminho para construir um país melhor, mais justo e de mais oportunidades para a nossa juventude.
Jocasta Pimentel: Falando em decisões políticas, a gente segue agora com um repórter que ele cobre a movimentação do Legislativo Estadual, na Alece. O repórter Domingos Távora tem pergunta para o senhor.

Domingos Távora: Bom dia, Domingos. Bom dia, senhor ministro da Educação, Camilo Santana. Eu sou Domingos Távora. O programa Agrinho foi criado no estado do Paraná em 1995. Tem como objetivo despertar junto a criança assuntos de interesses ambientais. Aqui no Ceará, esse modelo foi implementado pelo ex-presidente da FAEC, Flávio Saboia, de saudosa memória. A região da Ibiapaba, eu lembro, foi a primeira região a adotar esse programa. 
Inclusive, nas escolas, as crianças despertaram interesse junto ao não uso do agrotóxico, sendo conscientizados e essas crianças levaram essas informações aos seus pais. Foi um caso de sucesso. Pois bem, o senhor, que é funcionário do Ibama e também quando da Agronomia, no Centro Acadêmico Dias da Rocha, o senhor foi entusiasta junto a questões ambientais, quando muitos não falavam desse tema. Eu gostaria de saber se é possível implementar cada vez mais este modelo tipo Agrinho junto às escolas, principalmente no meio rural?

Ministro: Sem dúvida. Domingos, queria lhe cumprimentar, agradecer. Você conhece a minha história desde a época da faculdade. E o Flávio, nós fizemos algumas parcerias importantes com o programa Agrinho aqui no Ceará. O Flávio foi um grande cidadão e deu uma grande contribuição ao Ceará. E hoje nós criamos dentro da Secretaria do Ministério, uma diretoria na área ambiental. Hoje esse tema é um tema que está sendo discutido no mundo inteiro. E ele precisa cada vez mais estar presente nas escolas, desde os primeiros níveis do ensino fundamental para as crianças perceberem as pessoas, perceberem a importância do meio ambiente no mundo e nas nossas vidas.

Não só na coleta do lixo adequado, mas na proteção ambiental, no uso sustentável. Então, eu quero parabenizar e dizer que agora nós vamos fazer a Conferência Nacional da Juventude, dos Adolescentes e Juventudes na área ambiental com a Ministra Marina. E precisa despertar cada vez mais a preocupação e o cuidado e a escola é o grande meio para construir esse pensamento, essa formação da preocupação com a questão ambiental.

Então, para isso nós criamos exatamente a diretoria ambiental, até porque a minha origem é de um órgão ambiental, sou concursado pelo Instituto do Ibama que é um órgão ambiental. Então, esse é um tema que precisa estar presente em todos os níveis, em todas as escolas para que a sociedade possa se despertar. Porque o que aconteceu no Rio Grande do Sul, o que aconteceu com a seca na Amazônia, o que aconteceu com as queimadas não é só no Brasil não.

A gente vai para Portugal, enchente, Europa, inundações, seca, incêndios também em países da Europa. Então, é uma preocupação que o país, que todos nós precisamos ter e o Ministério da Educação está focado conjuntamente com o Ministério do Meio Ambiente da Ministra Marina, para que a gente possa fortalecer esse tema dentro das escolas.
Jocasta Pimentel: Eu quero agradecer a presença do Ministro da Educação Camilo Santana.
Ministro, muito obrigada pela disponibilidade de estar hoje aqui com a gente no Informativo Dom Bosco.

Ministro: Não, Jocasta, eu que agradeço. Agradeço mais uma vez ao Brendo, a toda a equipe aqui da FM Dom Bosco. Dizer da minha gratidão como cearense de estar aqui mais uma vez, desse papel que eu tenho colocado, que eu tenho tido junto ao Governo Federal, andando o país inteiro, mas agradecer sempre o carinho com a população. Sou muito grato aos cearenses e dizer que onde eu estiver, independentemente de onde eu estiver, eu sempre estarei olhando para o meu querido Estado do Ceará, para a minha querida Fortaleza e pode ficar certo disso, que foi uma decisão de vida que eu tomei de servir ao meu país, aliás, servir ao meu Estado agora, dando essa contribuição ao meu país. Parabéns a você. Obrigado a população de Fortaleza que está nos ouvindo e todo o interior do Ceará. Um forte abraço e que a gente possa construir cada vez mais um Estado, um município mais solidário, mais fraterno, mais humano entre todos nós. Muito obrigado.

SOBRE O INFORMATIVO DOM BOSCO
O noticiário vai ao ar de segunda a sexta-feira, a partir das 7h30min, com a apresentação da jornalista Jocasta Pimentel. Aos sábados, a edição Igreja é apresentada pela jornalista Roberta Farias. 

Além da transmissão pela 96,1 FM Dom Bosco, é possível acompanhar o Informativo clicando aqui

Fonte: FM Dom Bosco

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Há ainda um outro fenómeno preocupante: poderíamos designá-lo como a “dispersão programada da atenção” através de sistemas digitais que, ao traçarem o nosso perfil de acordo com as lógicas do mercado, alteram a nossa percepção da realidade. Acontece, portanto, que assistimos, muitas vezes impotentes, a uma espécie de atomização dos interesses, o que acaba por minar os fundamentos do nosso ser comunidade, a capacidade de trabalhar em conjunto por um bem comum, de nos ouvirmos uns aos outros, de compreendermos as razões do outro. Parece que, para a afirmação de si próprio, seja indispensável identificar um “inimigo” a quem atacar verbalmente. E quando o outro se torna um “inimigo”, quando o seu rosto e a sua dignidade são obscurecidos de modo a escarnecê-lo e ridicularizá-lo, perde-se igualmente a possibilidade de gerar esperança. Como nos ensinou D. Tonino Bello, todos os conflitos «encontram a sua raiz no desvanecer dos rostos» [1]. Não podemos render-nos a esta lógica. Na verdade, ter esperança não é de todo fácil. Georges Bernanos dizia que «só têm esperança aqueles que ousaram desesperar das ilusões e mentiras nas quais encontravam segurança e que falsamente confundiam com esperança. [...] A esperança é um risco que é preciso correr. É o risco dos riscos» [2]. A esperança é uma virtude escondida, pertinaz e paciente. No entanto, para os cristãos, a esperança não é uma escolha, mas uma condição imprescindível. Como recordava Bento XVI na Encíclica Spe salvi, a esperança não é um otimismo passivo, antes pelo contrário, é uma virtude “performativa”, capaz de mudar a vida: «Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova» (n. 2). Dar com mansidão a razão da nossa esperança Na Primeira Carta de São Pedro (cf. 3, 15-16), encontramos uma síntese admirável na qual se relacionam a esperança com o testemunho e a comunicação cristã: «no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito». Gostaria de me deter em três mensagens que podemos extrair destas palavras. «No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor». A esperança dos cristãos tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado. A sua promessa de estar sempre connosco através do dom do Espírito Santo permite-nos esperar contra toda a esperança e ver, mesmo quando tudo parece perdido, as escondidas migalhas de bem. A segunda mensagem pede-nos para estarmos dispostos a dar razão da nossa esperança. É interessante notar que o Apóstolo convida a dar conta da esperança «a todo aquele que vo-la peça». Os cristãos não são, antes de mais, aqueles que “falam” de Deus, mas aqueles que fazem ressoar a beleza do seu amor, uma maneira nova de viver cada pequena coisa. É o amor vivido que suscita a pergunta e exige uma resposta: porque é que viveis assim? Porque é que sois assim? Por fim, na expressão de São Pedro encontramos uma terceira mensagem: a resposta a este pedido deve ser dada “com mansidão e respeito”. A comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos 2 companheiros de viagem, na peugada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré, que ao longo do caminho dialogava com os dois discípulos de Emaús, fazendo-lhes arder os corações através do modo como interpretava os acontecimentos à luz das Escrituras. Por isso, sonho com uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem de tantos irmãos e irmãs nossos para, em tempos tão conturbados, reacender neles a esperança. Uma comunicação que seja capaz de falar ao coração, de suscitar não reações impetuosas de fechamento e raiva, mas atitudes de abertura e amizade; capaz de apostar na beleza e na esperança mesmo nas situações aparentemente mais desesperadas; de gerar empenho, empatia, interesse pelos outros. Uma comunicação que nos ajude a «reconhecer a dignidade de cada ser humano e a cuidar juntos da nossa casa comum» (Carta enc. Dilexit nos, 217). Sonho com uma comunicação que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança. Martin Luther King disse: «Se eu puder ajudar alguém enquanto caminho, se eu puder alegrar alguém com uma palavra ou uma canção... então a minha vida não terá sido vivida em vão» [3]. Para isso, precisamos de nos curar da “doença” do protagonismo e da autorreferencialidade, evitar o risco de falarmos de nós mesmos: o bom comunicador faz com que quem ouve, lê ou vê se torne participante, esteja próximo, possa encontrar o melhor de si e entrar com estas atitudes nas histórias contadas. Comunicar deste modo ajuda a tornarmo-nos “peregrinos de esperança”, como diz o lema do Jubileu. Esperar juntos A esperança é sempre um projeto comunitário. Pensemos, por um momento, na grandeza da mensagem deste ano de graça: estamos todos – realmente todos! – convidados a recomeçar, a deixar que Deus nos reerga, nos abrace e inunde de misericórdia. E entrelaçadas com tudo isto estão a dimensão pessoal e a dimensão comunitária. É em conjunto que nos pomos a caminho, peregrinamos com tantos irmãos e irmãs, e, juntos, atravessamos a Porta Santa. O Jubileu tem muitas implicações sociais. Pensemos, por exemplo, na mensagem de misericórdia e esperança para quem vive nas prisões, ou no apelo à proximidade e à ternura para com os que sofrem e estão à margem. O Jubileu recorda-nos que todos os que se tornam construtores da paz «serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). E, deste modo, abre-nos à esperança, aponta-nos a necessidade de uma comunicação atenta, amável, refletida, capaz de indicar caminhos de diálogo. Encorajo-vos, portanto, a descobrir e a contar tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias; a imitar aqueles exploradores de ouro que, incansavelmente, peneiram a areia em busca duma pequeníssima pepita. É importante encontrar estas sementes de esperança e dá-las a conhecer. Ajuda o mundo a ser um pouco menos surdo ao grito dos últimos, um pouco menos indiferente, um pouco menos fechado. Que saibais sempre encontrar as centelhas de bem que nos permitem ter esperança. Este tipo de comunicação pode ajudar a tecer a comunhão, a fazer-nos sentir menos sós, a redescobrir a importância de caminhar juntos. Não esqueçais o coração Queridos irmãos e irmãs, perante as vertiginosas conquistas da técnica, convido-vos a cuidar do coração, ou seja, da vossa vida interior. O que é que isto significa? Deixo-vos algumas pistas. Sede mansos e nunca esqueçais o rosto do outro; falai ao coração das mulheres e dos homens ao serviço de quem desempenhais o vosso trabalho. Não permitais que as reações instintivas guiem a vossa comunicação. Semeai sempre esperança, mesmo quando é difícil, quando custa, quando parece não dar frutos. Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade. Daí espaço à confiança do coração que, como uma flor frágil mas resistente, não sucumbe no meio das intempéries da vida, mas brota e cresce nos lugares mais inesperados: na esperança das mães que rezam todos os dias para rever os seus filhos regressar das trincheiras de um conflito; na esperança dos pais que emigram, entre inúmeros riscos e peripécias, à procura de um futuro melhor; na esperança das crianças que, mesmo no meio dos escombros das guerras e nas ruas pobres das favelas, conseguem brincar, sorrir e acreditar na vida. Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo. Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro. Tudo isto podeis e podemos fazê-lo com a graça de Deus, que o Jubileu nos ajuda a receber em abundância. Por isto, rezo por cada um de vós e pelo vosso trabalho, e vos abençoo. Roma, São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2025 Francisco [1] “La pace come ricerca del volto”, in Omelie e scritti quaresimali, Molfetta 1994, 317. [2] Georges Bernanos, La liberté, pour quoi faire?, Paris 1995. [3] Sermão“ The Drum Major Instinct”, 4 de fevereiro de 1968. Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana

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