05/08/2022

Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora celebra 150 anos de sua fundação

Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora celebra 150 anos de sua fundação

“A ti as confio”. Quem lê essa frase pela primeira vez não consegue dimensionar o impacto que ela causou na vida de milhares de jovens ao longo dos últimos 150 anos.
Maria Domingas Mazzarello ouviu essa misteriosa mensagem em uma visão, enquanto via algumas jovens correndo em um pátio, no interior de um grande edifício, em Mornese (Itália). Esse foi o marco inicial para que, anos depois, mais precisamente em 05 de agosto de 1872, fosse fundado o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA).
Atualmente, o Instituto que teve suas origens em um pequeno vilarejo na Itália, está presente nos cinco continentes. Dom Bosco afirmava que cada uma das Filhas de Maria Auxiliadora é parte do “monumento vivo” de sua gratidão à Maria. Essa linda história é contada a seguir.
Maria Domingas Mazzarello
Maria Domingas Mazzarello nasceu em Mornese, na Itália, em 1837. Junto com Dom Bosco, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Sua vida foi marcada por um estilo de relações simples e autênticas. Como educadora, teve coração de mãe, sabendo ser firme em relação aos princípios e valores universais. Foi Beatificada em 20 de novembro de 1938 e Canonizada em 24 de junho de 1951.
Maria Domingas fazia parte de uma numerosa família de camponeses. Dotada de força física não comum, desde menina trabalhou nos campos com o pai, Giuseppe. Foi formada na família em um profundo sentido de Deus, a uma laboriosidade incansável e àquele acentuado senso prático e profundidade de juízo que manifestou em seguida, também como Superiora. Em 1855, aos seus 15 anos inscreveu-se na Associação das Filhas da Imaculada onde, juntamente com outras jovens, dedicou-se às obras de caridade e ao cuidado de crianças. A atuação das jovens da Associação era de boa intenção, porém elas ainda não possuíam uma estrutura de instituto religioso. Paralelamente a isso, em Turim, Dom Bosco fundava a Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, que também se ocupava do cuidado da juventude e, essa feliz “coincidência” levaria, futuramente, à criação do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora.
Mazzarello e as meninas de Mornese
Enquanto Dom Bosco amadurecia seu projeto, em Mornese (Alessandria), Maria Domingas Mazzarello, membro da Associação das Filhas da Imaculada, animava um grupo de jovens que se dedicavam às meninas do lugar, com o objetivo de torná-las habilidosas na costura e, acima de tudo, orientá-las a serem boas cristãs e honestas cidadãs.
Dedica-se assim à educação das meninas abrindo uma oficina de costura, um oratório festivo e depois uma casa para crianças sem família. Envolve a amiga Petronilla em seu projeto e aprende a profissão de costureira para ensinar às meninas pobres não só a costurar, mas especialmente a conhecer e amar a Deus.
O Papa Pio IX, em um encontro com Dom Bosco, o incumbiu de fundar uma obra que também acolhesse meninas e, após conhecer o Padre Pestarino que estava entrando para a Congregação dos Salesianos, Dom Bosco ficou sabendo do trabalho da Associação das Filhas da Imaculada com as jovens de Mornese. Assim, com o pretexto de arrecadar fundos para o seu oratório, ele vai até a cidade de Mornese e, após conhecer e encantar-se com o trabalho das jovens mornesinas, propõe que se forme, através delas, um ramo feminino dos Salesianos. Com isso, em 1872, surge o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e, a partir de uma determinação de Dom Bosco, o colégio que a população de Mornese estava construindo para servir de escola para os meninos, foi destinado a esse novo Instituto feminino da Congregação Salesiana, tornando realidade a visão de Maria Mazzarello.
Posteriormente, aos poucos, outras jovens foram agregando-se à missão das Filhas de Maria Auxiliadora o que proporcionou a expansão da ação salesiana feminina como a partida, em 1877, das primeiras missionárias para a América Latina (Montevidéu, Uruguai).
Dom Bosco chega a Mornese
Há uma outra data importante para o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e para Mornese: 7 de outubro de 1864. Dom Bosco se encontrou pela primeira vez com o povo de Mornese. Ele chega montado num cavalo branco e acompanhado por cerca de oitenta meninos. À beira da estrada, os mornesinos o recebem com alegria e festa.
Na cidade, Dom Bosco conhece aquela que seria muito relevante para sua missão educativa: Maria Domingas Mazzarello. Também toma conhecimento da vontade do povo: a de construir, na colina de Borgo Alto, um colégio que servisse de escola para os meninos do lugar.
Em uma visita à pequena oficina das “Filhas da Imaculada”, Dom Bosco fica muito impressionado. Ali, surgia uma vocação comum entre Dom Bosco e Madre Mazzarello. Dois sonhos convergiam para um idêntico ideal: levar às meninas e jovens mulheres da época a proposta educativa e evangelizadora Salesiana.
Fundação do Instituto
Em 1870, Dom Bosco retorna à cidade de Mornese para ver de perto a vida das “Filhas” e mostra-se plenamente satisfeito. Diante de tal realidade, no ano seguinte, ele reúne os seus Salesianos e pede o parecer de cada um sobre a fundação do ramo feminino. Todos se manifestam favoráveis. Dom Bosco determina, então, que as “Filhas da Imaculada” que desejam livremente fazer parte do novo Instituto, se transfiram para o prédio do colégio recém-construído e ali levem uma vida comunitária.
No dia 5 de agosto de 1872, um grupo de 11 jovens emite a Primeira Profissão para serem, na Igreja e na sociedade religiosa, educadoras das jovens, especialmente das classes populares. Elas também se reuniram e elegeram Maria Domingas Mazzarello como a primeira superiora do recém fundado Instituto. O nome do Instituto foi escolhido por Dom Bosco com um claro objetivo: que as Irmãs fossem um “monumento vivo” de sua gratidão a Nossa Senhora Auxiliadora.
Dirigido pela sabedoria formativa de sua cofundadora, Madre Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora conjuga, com criatividade, o Sistema Preventivo de Dom Bosco, usando dos recursos femininos, das exigências da educação da mulher e da infância e da presença ativa no âmbito da escola e da catequese.
As Filhas de Maria Auxiliadora ganham o mundo
O crescimento do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora impulsionou sua expansão não só para os arredores de Mornese, mas também para o mundo inteiro. Motivadas pelo espírito missionário, as Filhas de Maria Auxiliadora saíram da pequena Mornese e chegaram na América do Sul em 1877, iniciando sua missão em Montevidéu, no Uruguai. Nos anos seguintes, sua presença chegou em mais países do continente, como Argentina e Chile.
Em 1892, a história das FMA se inicia no Brasil, com a fundação da sua primeira casa no país, na cidade de Guaratinguetá (SP), onde atualmente está situado o Instituto Nossa Senhora do Carmo. A história da chegada e expansão das FMA no país pode ser conferida no Memorial das Filhas de Maria Auxiliadora, inaugurado em 2019 também na cidade onde tudo começou por aqui.
Paralelamente à sua expansão na América do Sul, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora crescia na Europa e chegava também à Ásia (1891) e África (1893). O último continente a receber a presença das FMA foi a Oceania, com sua chegada em 1954 na Austrália.
Segundo dados do próprio Instituto, até o ano de 2020, o mundo contava com 11.225 Filhas de Maria Auxiliadora, espalhadas em 97 países.
05 de agosto de 2022: comemorando 150 anos de fundação
De Mornese para o mundo, o Instituto das FMA celebra em 2022 os 150 anos de sua fundação, e as comemorações são das mais diversas, como também é diversa a forma como o carisma se espalhou por todos os cantos, mantendo o mesmo ardor missionário e evangelizador, inspirado por Deus a Maria Mazzarello e suas companheiras, com o acompanhamento de Dom Bosco.
Desde 2021, Inspetorias de todo o mundo promovem as mais diferentes comemorações, como Celebrações, eventos, seminários, romarias e muito mais. No Brasil, a Família FMA irá celebrar a data envolvendo suas Inspetorias e presenças, nos quatro cantos do país.
A Inspetoria Nossa Senhora Aparecida, formada pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, se encontrará no dia 05 para uma Celebração Eucarística no altar central do Santuário Nacional de Aparecida, casa de sua Patrona. Do Santuário – chamado pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, de “Casa da Palavra” emana a unidade e o sentimento de pertença ao Instituto tão querido por Nossa Senhora. A Missa no Santuário Nacional será transmitida a partir das 12h pela Rede Aparecida e pela página do Facebook da Inspetoria Nossa Senhora Aparecida.
Para Irmã Lina Mondini, da Comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora e residente em Rio do Sul (SC), celebrar uma data não é encerrar uma obra, mas inaugurar uma nova vida. «Uma vida de gratidão a Deus e a Maria Auxiliadora pela proteção recebida nos 150 anos. Uma vida de renovado compromisso com o carisma que está se expandindo velozmente na mão dos leigos. Uma vida de alegria salesiana e entusiasmo juvenil que contagiam todas as FMA, mas de modo singular, as que já não possuem condições físicas de estar no campo de trabalho junto à juventude. Comemorar os 150 anos é ter a certeza de que os milagres acontecidos até aqui continuarão acontecendo nessa obra, que é toda de Maria, mãe de Jesus!».
Irmã Helena Gesser, Conselheira responsável pela Formação na BAP e diretora da comunidade da Casa inspetorial, diz que celebrar 150 anos de fundação significa celebrar 150 anos de vida, de história, de bênçãos e de fidelidade carismática e, sem dúvida, de santidade. «Mais do que nunca, a celebração desses 150 anos pede que sejamos segundo o coração de Dom Bosco e de Madre Mazzarello, mulheres com coração de mãe, capazes de gerar vida, amor e paz no coração de tantas pessoas, sobretudo no coração de tantos jovens que perderam o sentido da vida. Somos convocadas, como dizia Madre Mazzarello, “a tornar Jesus conhecido e amado” num mundo onde os valores humanos e cristãos estão cada vez mais perdendo o lugar para tantas outras ideologias.»
«Foram 150 anos vividos numa entrega e doação generosa a serviço das jovens e dos jovens buscando sempre educar evangelizando e evangelizar educando. A festa dos 150 anos é de gratidão e alegria por todo o bem realizado, por todas as sementes lançadas e que produziram muitos frutos. Gratidão a Deus que, através do seu Espírito, conduziu a história, e gratidão a Maria Auxiliadora que, como Mãe e Protetora, foi sempre presença significativa na vida e missão do Instituto. Como dizia Dom Bosco em Nizza: “Maria, caminha nesta casa”, hoje, ela caminha entre nós!», finaliza seu depoimento.

Fonte: Salesianas.org.br

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ENAS 2025: Quarto dia celebra o envio da missão com esperança e compromisso renovados

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Jubileu dos Jovens será realizado em Aparecida de 3 a 6 de setembro

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Reflexão sobre a mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Comunicar a esperança em tempos de crise Reflexão sobre a mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais.   Miral Atik - Patriarcado Latino de Jerusalém Em um momento em que a guerra, a divisão e o sofrimento atravessam a Terra Santa, a mensagem do Papa Francisco para o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais – celebrado no dia 1º de junho, domingo antes de Pentecostes – chega como um apelo urgente: “Compartilhem com mansidão a esperança que há em seus corações” (1 Pedro 3, 15-16). As palavras do Papa ressoam com um profundo significado pastoral e profético, convidando todos os cristãos – não apenas aqueles que trabalham na mídia – a refletir sobre como usamos a comunicação social. É um instrumento de paz ou mais um combustível para os conflitos? Uma palavra de esperança entre os ruídos da guerra Em sua mensagem, publicada em 24 de janeiro de 2025, o Papa Francisco nos convida a nos tornarmos “comunicadores de esperança”, enraizados em Cristo, “o comunicador perfeito” [1], e nos adverte contra uma comunicação que alimenta o medo, o ódio ou o desespero, uma retórica que desumaniza e divide. “A esperança é um risco que vale a pena correr”, escreve. “É uma virtude escondida, tenaz e paciente”. Mas a esperança – insiste -, deve ser comunicada com verdade, reverência e compaixão. De Emaús a Gaza: Que tipo de comunicadores somos? A pergunta do Papa ressoa com força em uma terra onde uma única imagem pode acender chamas de raiva e uma única palavra pode consolar um coração partido: “Que tipo de comunicação praticamos?”. Ele compara o comunicador cristão àquele que peneira o ouro entre os grãos de areia. Em uma terra marcada por histórias dolorosas, os comunicadores são chamados a contar histórias de esperança, não para embelezar a realidade, mas para revelar a beleza que habita também nas trevas. O Papa Francisco destaca três traços essenciais da comunicação cristã, inspirados na Primeira Carta de Pedro: Escolher ver o bem mesmo quando tudo parece perdido, graças ao dom do Espírito Santo. Devemos estar prontos para explicar o motivo da nossa esperança: Cristo mesmo. Devemos falar com doçura e respeito, não com agressividade ou medo. O Cristo ressuscitado na estrada de Emaús nos ofereceu um modelo de verdadeira comunicação, que começa com a escuta. Jesus primeiro caminhou ao lado dos discípulos em sua confusão e dor, ouvindo pacientemente suas dores antes de reacender suavemente sua esperança. Da mesma forma, somos chamados a caminhar com os outros, começando não com palavras, mas com a presença. Ao partilhar histórias de coragem, misericórdia e fé resistente, não gritamos a esperança ao mundo, mas despertamo-la silenciosamente, através de um testemunho compassivo. O Papa Francisco exorta-nos a contar histórias que descubram a beleza e a luz num mundo oprimido pelo sofrimento, narrativas que aprofundem a nossa humanidade partilhada. Do coração: Uma comunicação que cura O Papa imagina um estilo de comunicação que nos torne “companheiros de viagem”, caminhando juntos nos momentos difíceis, semeando esperança enraizada na misericórdia, em vez de no medo ou na raiva. Este tipo de comunicação, especialmente em um período de guerra e divisão, é um ato profético: aproxima os corações, revela o bem silencioso que se manifesta mesmo no sofrimento e favorece a unidade em vez da divisão. Esta comunicação resiste à redução das pessoas a slogans ou ideologias. Abraça a sua humanidade e promove a beleza e a solidariedade. Não é guiada por reações instintivas, mas pelo amor, que transforma as palavras em instrumentos de cura. Fala de uma comunicação que brota de corações fundados em Cristo, criando laços de comunhão em vez de muros de isolamento. Esta visão é particularmente urgente na Terra Santa, onde as histórias de esperança são uma âncora de salvação e cada palavra pode reabrir feridas ou começar a curá-las. Os cristãos como testemunhas nos meios de comunicação A todos os cristãos da Terra Santa – clero, jovens, jornalistas, pais e estudantes – a sua voz é importante. Numa terra onde cada palavra ressoa em corações frágeis, escolham o amor. Numa região frequentemente dominada pelo desespero, escolham falar de esperança. E num mundo habituado à indignação, ousem ser gentis. Podemos ser narradores de esperança, lembrando ao mundo que mesmo nas trevas Cristo caminha conosco e nossas palavras podem se tornar instrumentos de sua paz. 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