Anualmente, em 11 de fevereiro, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data é um marco para a promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres em todos os níveis do sistema educacional, sobretudo nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Science, Technology, Engineering and Mathematics – STEM). De acordo com o Relatório de Ciências da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em todo o mundo, as mulheres ainda representam apenas 28% dos graduados em engenharia e, em áreas altamente qualificadas, como inteligência artificial, apenas 22% dos profissionais são mulheres.
Comprometidos com a formação integral da juventude do país, a Rede Salesiana Brasil se orgulhar de incentivar a iniciação científica desde muito cedo em suas 100 escolas e a construção de grandes carreiras dentro de suas 15 Instituições de Ensino Superior. Este incentivo reflete nas oportunidades, projeções de futuro e atuação no mercado de trabalho de meninas e mulheres que, cada vez mais, ocupam os espaços predominantemente masculinos da sociedade.
Em Niterói (RJ), por exemplo, um grupo de estudantes do Ensino Médio do Colégio Salesiano Santa Rosa tiveram 4 projetos selecionados para a XVI Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro (FECTI). Ao todo, 114 projetos foram expostos e apresentados por estudantes do Ensino Fundamental - Anos Finais, Ensino Médio ou Ensino Técnico de Instituições públicas e privadas do estado. As alunas Giovanna Cassiano Mota, Júlia Martins Simpson e Juliana Ferreira Laurindo estiveram à frente do Projeto “Análise qualitativa de bioplásticos de amido com diferentes aditivos” apresentado na FECTI, em novembro de 2022, que conquistou o 3º lugar da categoria “Ciências Exatas e da Terra”.
“Acho que participar da FECTI tenha sido uma experiência estimulante. Sinceramente, me assustei quando vi a quantidade de trabalhos e pessoas que estavam participando, os trabalhos eram de ótima qualidade sendo dignos de premiações. Ficava apreensiva com cada avaliador que chegava perto do estande [...]. Quando premiaram nosso trabalho com o terceiro lugar, lembro de olhar para a Giovanna e Julia não acreditando que éramos nós sendo chamadas, depois para o Gustavo, nosso orientador, com uma eterna gratidão”, diz Juliana Ferreira. “Esse projeto foi desenvolvido com o meu grupo de amigas [Juliana e Júlia], e com a nossa orientadora Priscila Senra e o coordenador Gustavo Luan, que foram fantásticos auxiliando nos experimentos. Também tivemos uma ótima infraestrutura nos laboratórios, o que foi essencial para desenvolver nossa pesquisa. Foram dois dias cansativos, mas eu aprendi muito com toda a experiência e na hora que meu projeto foi anunciado como um dos premiados eu só sabia chorar. Sou imensamente grata a toda essa experiência que me foi oferecida pelo colégio e pelo suporte que recebi dos meus orientadores”, completa Giovanna Cassiano que também participou de competições como a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), a Olimpíada Nacional de Ciências (ONC), a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e Privadas (OBMEP), além de olimpíadas internas de física, química e astronomia.
No Instituto Teresa Valsé (ITV), em Uberlândia (MG), a AedesTech, Equipe de Robótica composta por estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais, foi a campeã do Torneio Brasil de Robótica (TBR) de 2022, na etapa regional Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, realizado em Patos de Minas. O primeiro lugar na categoria Midlle 2 garantiu a vaga da equipe na final nacional na cidade do Rio de Janeiro.
As estudantes salesianas do ITV, Heloísa Pereira Borges, Isabela Flôres da Cunha, Ana Luiza Andrade Mota e Mariana Porto Baessa, que integraram a equipe AedesTech contam um pouco sobre como foi participar do Torneiro. “Buscamos aprender e apresentar soluções do combate à dengue, devido ao aumento de casos em Uberlândia, através da Ciência e Tecnologia. O que mais chamou minha atenção foi que podemos aliar a ciência para ter várias soluções diferentes para combater doenças e ajudar as pessoas”, diz Isabela Flôres. “Foi um dos melhores momentos que eu vivi, viajamos para o Rio, nos hospedamos na escola Salesiana de lá, nos divertimos e rimos muito. Essas duas fases que participamos foram totalmente animadas e divertidas, com muita troca e compartilhamento de conhecimento, mesmo se tratando de um torneio, a competição dá lugar para a cooperação entre as equipes e garante muita diversão além de conhecimento”, completa Ana Luiza. “Já participei de algumas olimpíadas propostas pela escola, como: OBEMP, ONC e OBM. Também participei de feiras como a FESC e torneios de robótica. Todas essas experiências foram inesquecíveis, já que pude aprender coisas novas com cada uma delas. O que mais me chamou atenção foram os torneios de robótica, pois neles aprofundei meus conhecimentos a respeito da dengue e de outras doenças que podem ser transmitidas pela água”, comenta Heloísa Pereira.
Também integrante da AedesTech, Mariana Porto traz algumas memórias das competições científicas da qual já participou: “No ano de 2021 participei da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) e da Olimpíada Nacional de Ciências (ONC), que trazem assuntos como astronomia, biologia, física, história e química. Ambas ocorreram de forma remota. Consegui medalha de ouro nas duas e fiquei entre os cinco melhores do Brasil no Nível A da Olimpíada Nacional de Ciências, pela qual fui chamada para ir até Brasília receber meu prêmio. Na cerimônia, tive a oportunidade de conhecer o astronauta Marcos Pontes. Eu recebi um certificado e duas medalhas de ouro, uma da Olimpíada e a outra do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Em 2022 participei novamente da ONC e consegui mais uma medalha de ouro. Esses acontecimentos fizeram, e ainda fazem, eu me interessar pela ciência. O que mais chamou minha atenção foi perceber que a ciência está sempre presente no nosso cotidiano, seja nos mínimos ou grandes detalhes” diz Mariana Porto.
AS MULHERES QUE INSPIRAM AS JOVENS CIENTISTAS SALESIANAS
Cada uma das estudantes salesianas traz consigo uma referência feminina na ciência que as inspira a também trilhar uma carreira neste meio predominantemente masculino
Para Giovanna Cassiano, a inspiração é Nise da Silveira:
“Eu gosto muito da Nise da Silveira, porque ela trouxe um olhar mais humano na psiquiatria brasileira usando recursos terapêuticos como artes e animais. Eu acredito que é essencial trazer essa empatia no sistema de saúde.”
Para Júlia Martins, a inspiração é Maria José Deane:
“Ela me inspira porque suas pesquisas contribuíram para a erradicação de epidemias causadas por parasitas.”
Para Juliana Ferreira, a inspiração é Jaqueline Goes de Jesus:
“Jaqueline Goes de Jesus, a biomédica brasileira que coordenou o sequenciamento do genoma do coronavírus em apenas 48 horas.”
Para Ana Luiza, a inspiração é Marie Curie:
“Eu me inspiro em muitas mulheres, uma delas é a Marie Curie que foi uma cientista que revolucionou o estudo da radioatividade e descobriu elementos químicos.”
Para Isabela Flôres, a inspiração também é Marie Curie:
“A ‘mãe da radioatividade’ foi uma mulher que me inspirou muito, se eu fosse entrar na área da ciência eu gostaria muito de ser tão incrível quanto ela foi, pois Marie Curie constatou o que Antoine Henri propôs através de intensos estudos envolvendo Urânio, esse elemento foi classificado como radioativo e a partir daí ainda descobriu dois novos elementos radioativos: o Rádio e o Polônio, inclusive o nome deste último foi em homenagem à terra Natal de Marie Curie, a Polônia, além de revolucionar os estudos da radioatividade.”
Para Heloísa Pereira, a inspiração é Katherine Johnson:
“Uma mulher inspiradora, no meu ponto de vista, é Katherine Johnson. Ela foi uma grande matemática, física e cientista espacial. Katherine foi fundamental para a aeronáutica e a exploração espacial do Estados Unidos.”
Para Mariana Porto, a inspiração é Valentina Tereshkova:
"Ela foi a primeira mulher sozinha a ir para o espaço, ela ficou 3 dias orbitando o planeta Terra. Ela me inspira porque me mostrou que, independente de quem somos, podemos alcançar nossos objetivos, que somos capazes de qualquer coisa no meio em que vivemos. Ela me mostrou que tudo é possível quando queremos.”
MENSAGENS DAS JOVENS CIENTISTAS SALESIANAS PARA UMA CIÊNCIA MAIS FEMININA
“Existem meninas superinteligentes que merecem reconhecimento na área. Pois, nós meninas somos tão qualificadas quanto qualquer outra pessoa e quanto mais meninas estiverem na área da ciência, muitas outras garotas podem se interessar pelo assunto, dando origem a novas descobertas. Eu queria dizer que nós meninas devemos encorajar umas às outras para todos os desafios presentes no nosso cotidiano e dizer que somos capazes de tudo.
Não devemos deixar o medo nos vencer. Nós podemos! Nós conseguimos!”
Mariana Porto Baessa
“Eu considero superimportante ter mais mulheres na ciência, pois todas podemos ser incríveis como Maria Curie, também suas ideias podem revolucionar a ciência, aprender, descobrir soluções e melhorar a saúde da população.”
Isabela Flôres da Cunha
“As meninas, muitas vezes, não têm espaço na ciência e acho muito importante que haja essa inclusão, já que as mulheres têm muito com o que contribuir.”
Heloísa Pereira Borges
“Eu acho superimportante a participação das meninas na ciência, porque, por mais que tenhamos que enfrentar muitos desafios, temos a capacidade de trabalhar em qualquer área do conhecimento e fazer novas e incríveis descobertas. Falando especificamente em ciência médica, recente pesquisa produzida pela Associação Médica Brasileira e a Faculdade de Medicina da USP, mostra que em 2024 o Brasil terá mais mulheres que homens atuando na medicina, isso sem dúvida é uma grande conquista, principalmente quando olhamos para trás, quando apenas homens podiam estudar medicina.”
Ana Luiza Andrade Mota
“Acho muito importante ter mais meninas na ciência, dando seguimento às mulheres que não desistiram da carreira científica e continuam, desde séculos atrás, mostrando que são tão capazes quanto os homens e deixando claro porque são tão importantes nessa área do conhecimento.”
Juliana Ferreira Laurindo
“Cada vez mais as mulheres estão tendo a oportunidade de mostrar o quanto são capazes de contribuir para o avanço da ciência. Espero, através do meu conhecimento, poder proporcionar uma vida mais saudável para as pessoas.”
Júlia Martins Simpson
“É fundamental o incentivo de cada vez mais meninas na ciência e acho incrível quando vejo uma criança pequena falando que quer ser cientista quando crescer, porque me traz uma sensação de alívio. Cada vez mais vemos meninas sendo estimuladas a não serem somente bonitas, mas sim inteligentes e assim ocupar mais trabalhos que antes eram tidos como trabalhos masculinos.”
Giovanna Cassiano Mota
Confira também a entrevista com a Prof.ª Dr.ª Eliane Patrícia Cervelatti, do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, em Araçatuba (SP), sobre sua carreira dentro do universo científico e suas linhas de pesquisa que estão em andamento. Clique aqui.
Fonte: Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil