19/03/2025

A bela intuição de Dom Bosco: os Salesianos Coadjutores

A bela intuição de Dom Bosco: os Salesianos Coadjutores
Jean Paul Muller, Salesiano Irmão e ecônomo geral da Congregação Salesiana. Foto: ANS
Conheça a história de como surgiram, a partir do Oratório de Valdocco, os salesianos coadjutores, ou salesianos irmãos, parte fundamental da Congregação fundada por Dom Bosco 

Depois de um começo simples, o compromisso de Dom Bosco com os jovens do Oratório de Valdocco, na Itália, foi se tornando cada vez mais completo, com a criação das oficinas de tipografia, sapataria e serralharia. Assim, aos poucos, Dom Bosco reuniu seus colaboradores numa Associação que chamou de “União” ou “Congregação” de São Francisco de Sales.

Os voluntários que ensinavam os vários ofícios, frequentavam os cultos da igreja e organizavam as atividades ao ar livre, viviam em suas casas, com suas famílias, enquanto continuavam a se envolver no trabalho dos oratórios. Eram o que ele costumava chamar de salesianos “externos” e incluíam alguns sacerdotes, leigos devotos, nobres e mulheres, algumas delas mães, inclusive Mamãe Margarida (a mãe de Dom Bosco), benfeitores e promotores.

A outros voluntários, que demonstravam vocação, Dom Bosco convidava a “ficar com ele” e viver juntos na casa que sempre foi considerada o sustentáculo da sua associação religiosa. Seguindo a sugestão do Papa Pio IX, Dom Bosco chamou, a esta segunda organização religiosa de caridade, “Pia Sociedade de São Francisco de Sales”. A primeira reunião oficial ocorreu nos aposentos de Dom Bosco, no dia 18 de dezembro de 1859, e contou com a presença de sacerdotes e clérigos.

Primeiros salesianos coadjutores - Em 1860, os primeiros leigos admitidos como “coadjutores” foram Giuseppe Rossi e Giuseppe Gaia (que foi cozinheiro do Oratório durante vários anos). Depois, veio Federico Oreglia, membro da aristocracia de Turim, o qual se tornou salesiano e prestou um grande serviço ao Oratório, antes de partir e terminar seus dias como jesuíta. Entre os leigos que foram para a Argentina com Giovanni Cagliero, em 1875, estavam Vincenzo Gioia, Bartolomeo Scavini (mestre de carpintaria), Stefano Belmonte (músico e especialista em economia doméstica) e Bartolomeo Molinari (mestre de música), considerados “verdadeiros trabalhadores evangélicos”.

Os coadjutores trabalharam arduamente na obra de Dom Bosco em favor dos que frequentavam o Oratório. Eles eram cozinheiros, porteiros, tipógrafos, sapateiros, ferreiros, administradores, professores, treinadores esportivos, assistentes nas funções religiosas, nas aulas, no teatro; cumprindo, na missão do Oratório, a sua própria missão.

Espaço para todos os tipos de ministério - A figura do salesiano coadjutor, ou do salesiano irmão, enfrentou algumas resistências em seus primeiros anos; mas Dom Bosco sempre insistiu na igualdade fraterna: para ele, havia espaço para todos os tipos de ministério. Todos eram apóstolos, todos eram educadores, todos tinham igual dignidade como seres humanos, cristãos, religiosos, salesianos.

Com o passar do tempo vieram algumas mudanças. Um passo importante, após o Concílio Vaticano II, foi a possibilidade, por meio do XX Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco, de os salesianos irmãos se tornarem membros de Conselhos em todos os níveis da Sociedade Salesiana (local, inspetorial e geral).

Salesianos irmãos e salesianos padres - O salesiano coadjutor, assim como o salesiano padre, observa as mesmas regras, participa das mesmas práticas, tem direito às mesmas celebrações e beneficia-se dos mesmos sufrágios após sua morte. Sua presença entre os jovens de uma casa salesiana nunca é apenas administrativa: é também apóstolo e educador, religioso no sentido pleno da palavra, capaz de realizar, no variado programa do apostolado salesiano, todas as tarefas que não requeiram o Sacramento da Ordem (diaconato, presbiterado, episcopado).

A diferença é que seu trabalho é feito principalmente em atividades de natureza laical, ou ‘secular’. O salesiano coadjutor pode desenvolver sua vocação ‘religiosa-salesiana’ como educador, médico, professor, técnico agrícola, diretor de projetos de desenvolvimento, administrador, contador, catequista, escoteiro, publicitário, bibliotecário, arquiteto, técnico em informática, treinador esportivo ou músico (para citar algumas possibilidades).

As vozes dos coadjutores: Uma nova oportunidade para o serviço à comunidade a partir do CG29 - O dia 13 de março no 29º Capítulo Geral (CG29), atualmente em andamento em Valdocco, será lembrado como um marco na história da Congregação Salesiana. Durante a assembleia, foi aprovada uma resolução que permitirá, ad experimentum, confiar o cargo de diretor de uma comunidade salesiana a qualquer membro, sem a exigência de que seja um sacerdote ordenado.

Essa decisão, que requer a aprovação do Conselho Geral e do Reitor-Mor a ser eleito, representa um passo significativo em direção a uma maior valorização da complementaridade vocacional entre os salesianos sacerdotes e os salesianos coadjutores.

A resolução, adotada com o consenso da maioria qualificada dos capitulares, foi acompanhada por um intenso debate e diálogo aberto e fraterno. Reunimos as impressões de três salesianos coadjutores presentes em Valdocco, que compartilharam suas reflexões sobre este importante avanço.

Albert-Sébastien Ramadan, foi convidado como observador para o 29º Capítulo Geral (CG29), atualmente em andamento em Valdocco,  e contribuiu para o debate com uma intervenção na assembleia:

"Após a votação de ontem, que dá aos salesianos coadjutores a oportunidade, de forma experimental, de serem diretores de uma comunidade local, sinto-me satisfeito. Houve um debate sobre o tema para considerar os prós e os contras. Senti que minha intervenção no CG29 foi útil; ela trouxe algo a mais. Mesmo quando intervim em nossa comissão, muitos mudaram seu ponto de vista.

O Espírito Santo garantiu que houvesse um ponto de vista que satisfizesse ambas as partes. Por agora, já é uma porta aberta, este é um passo adiante. Tudo o que Deus fez é bom: estou convencido de que foi o Espírito que agiu. Ele agirá e nos guiará segundo a vontade de Deus."

Van Luan Bui, do Vietnã, também é observador no CG29. Em seu país, os salesianos coadjutores representam uma parte significativa da comunidade:

"Estou feliz com tudo o que foi decidido, porque estamos focados na nossa responsabilidade com a comunidade, nossa missão e os jovens. Escutamos a vontade do Pai e tomamos o tempo necessário para aprender a dialogar sobre o tema. Agora nossa comunicação está aberta e encontramos uma maneira de trabalhar juntos.

No Vietnã, há uma forte presença de coadjutores, mais de 70 membros: um número que resulta da qualidade do trabalho que realizamos e do espírito de comunidade que nos une."

Lucas Mario Mautino, delegado da Argentina Norte, compartilhou um pensamento que remete à figura de Artêmides Zatti, o salesiano coadjutor argentino recentemente canonizado:

"Acredito que também seja um belo sinal dos tempos que os não ordenados, em algumas ocasiões, possam ser chamados ao serviço da autoridade no estilo de Jesus. Vejo com muita esperança esta nova opção que estamos tomando, especialmente para o serviço aos jovens.

Dom Bosco nos pensou como uma única vocação, vivendo em uma complementaridade fraterna, valorizando-nos mutuamente. Para compreender o salesiano sacerdote e o salesiano coadjutor, precisamos considerá-los juntos: este é o caminho a seguir. Também temos Artêmides Zatti como modelo, e é bonito olhar para ele neste momento. Para nós, ele é uma figura muito importante que nos ensina a evangelizar e educar por meio do testemunho e do estilo de vida."

Um passo corajoso para o futuro - A decisão tomada no CG29 representa uma virada significativa e um sinal dos tempos para a Congregação Salesiana. Ela não apenas abre novas perspectivas de serviço e liderança para os salesianos coadjutores, mas também enfatiza o valor da complementaridade vocacional dentro das comunidades.

Na história da Família Salesiana, esta escolha está em continuidade com o espírito de Dom Bosco, que sempre considerou a vocação como uma realidade única, enriquecida pela diversidade de carismas. Olhando para o futuro, o CG29 optou por adotar uma visão mais inclusiva, que fortalece a missão salesiana ao serviço dos jovens e das comunidades locais.

Com a contribuição de todos os membros, sacerdotes e coadjutores, o Capítulo prossegue seu caminho com determinação, reafirmando sua fidelidade ao chamado de Deus e ao carisma salesiano, sempre atento aos sinais dos tempos.

Há, atualmente, cerca de 2.000 salesianos coadjutores no mundo.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Rede Salesiana Brasil, com informações da Agência Info Salesiana

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No meio dos sarcófagos, há uma cruz em cujo centro se insere uma coroa de louros com o monograma cristológico, ou constantiniano, inscrito, formado pelas duas primeiras letras gregas da palavra Christos, o X (qui) e o P (ro). Abaixo, estão representados os dois soldados que velam diante do túmulo de Cristo: esta é a primeira representação, em chave simbólica, da Ressurreição, da vitória de Cristo sobre a morte". Na base da Cruz do Jubileu, além dos dois soldados, há duas pombas, que simbolizam os fiéis em adoração a Cristo Ressuscitado, e as palavras PCAS (Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra) e IUB. MMXXV (Jubileu (do Ano do Senhor) de 2025). "Caríssimo P. Fábio, que esta seja a Cruz, não do Cristo Crucificado, mas do Cristo Ressuscitado, à qual podemos nos apegar nos momentos de desânimo!", concluiu o Sr. Evelli. A cruz foi, então, entregue simbolicamente ao Reitor-Mor pelo P. 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