25/10/2024

“Amou-nos”, a Encíclica do Papa sobre o Sagrado Coração de Jesus

“Amou-nos”, a Encíclica do Papa sobre o Sagrado Coração de Jesus
Foto: ShutterStock ID 2152059665

“'Amou-nos', diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar descobrir que nada ‘será capaz de separar-nos' desse amor (Rm 8,39)”. Assim começa a quarta Encíclica do Papa Francisco, intitulada a partir do incipit “Dilexit nos” e dedicada ao amor humano e divino do Coração de Jesus: “O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1 Jo 4, 10). Graças a Jesus, ‘conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele’ (1 Jo 4, 16)” (1).

Conheça o texto da Encíclica na íntegra e em língua portuguesa clicando aqui.

O AMOR DE CRISTO REPRESENTADO EM SEU SANTO CORAÇÃO
Em uma sociedade - escreve o Papa - que vê a multiplicação de “várias formas de religiosidade sem referência a uma relação pessoal com um Deus de amor” (87), enquanto o cristianismo muitas vezes esquece “a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa” (88), o Papa Francisco propõe um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo representado em seu santo Coração e nos convida a renovar nossa autêntica devoção, lembrando que no Coração de Cristo “encontramos todo o Evangelho” (89): É em seu Coração que “finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar” (30).

O MUNDO PARECE TER PERDIDO SEU CORAÇÃO
Francisco explica que, ao encontrar o amor de Cristo, “tornamo-nos capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da nossa casa comum”, como ele nos convida a fazer em suas encíclicas sociais Laudato Si' e Fratelli tutti (217). E diante do Coração de Cristo, pede mais uma vez ao Senhor “que tenha compaixão desta terra ferida” e derrame sobre ela “os tesouros da sua luz e do seu amor”, para que o mundo, “que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia, recupere o que é mais importante e necessário: o coração” (31). Ao anunciar a preparação do documento, no final da audiência geral de 5 de junho, o Pontífice deixou claro que este ajudaria a meditar sobre os aspectos “do amor do Senhor que podem iluminar o caminho da renovação eclesial; mas também que podem dizer algo significativo a um mundo que parece ter perdido seu coração”. E isso enquanto as celebrações estão em andamento pelos 350 anos da primeira manifestação do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em 1673, que se encerrarão em 27 de junho de 2025.

A IMPORTÂNCIA DE VOLTAR AO CORAÇÃO
Aberta por uma breve introdução e dividida em cinco capítulos, a Encíclica sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus reúne, como anunciado em junho, “as preciosas reflexões de textos magisteriais precedentes e de uma longa história que remonta às Sagradas Escrituras, para repropor hoje, a toda a Igreja, esse culto carregado de beleza espiritual”.

O primeiro capítulo, “A importância do coração”, explica por que é necessário “voltar ao coração” em um mundo no qual somos tentados a “nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado” (2). E faz isso analisando o que queremos dizer com “coração”: a Bíblia fala dele como um núcleo “que se esconde por detrás de todas as aparências” (4), um lugar onde “não conta o que mostramos exteriormente ou o que ocultamos, ali conta o que somos” (6). Ao coração conduzem as perguntas decisivas: que sentido quero dar à vida, às minhas escolhas e ações, quem sou diante de Deus (8). O Papa ressalta que a atual desvalorização do coração nasce do “racionalismo grego e pré-cristão, do idealismo pós-cristão e do materialismo”, de modo que, no grande pensamento filosófico, foram preferidos conceitos como “razão, vontade ou liberdade”. E não encontrando lugar para o coração, também “não se desenvolveu suficientemente a ideia de um centro pessoal” que pode unificar tudo, ou seja, o amor, (10). Ao invés, para o Pontífice, é preciso reconhecer que “eu sou o meu coração, porque é ele que me distingue, que me molda na minha identidade espiritual e que me põe em comunhão com as outras pessoas” (14).

O MUNDO PODE MUDAR A PARTIR DO CORAÇÃO
É o coração “que une os fragmentos” e torna possível “qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo” (17). A espiritualidade de santos como Inácio de Loyola (aceitar a amizade do Senhor é uma questão de coração) e São John Henry Newman (o Senhor nos salva falando ao nosso coração a partir do seu sagrado Coração) nos ensina, escreve o Papa Francisco, que “perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus” (27). E isso tem consequências sociais, porque o mundo pode mudar “a partir do coração” (28).

“GESTOS E PALAVRAS DE AMOR”
O segundo capítulo é dedicado aos gestos e palavras de amor de Cristo. Os gestos com os quais nos trata como amigos e mostra que Deus “é proximidade, compaixão e ternura” são vistos em seus encontros com a Samaritana, com Nicodemos, com a prostituta, com a mulher adúltera e com o cego no caminho (35). Seu olhar, que “perscruta as profundezas do seu ser” (39), mostra que Jesus “está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento” (40). De tal forma “que admira as coisas boas que encontra em nós”, como no centurião, mesmo que os outros as ignorem (41). Sua palavra de amor mais eloquente é ser “pregado numa cruz” (46), depois de chorar por seu amigo Lázaro e sofrer no Jardim das Oliveiras, ciente de sua própria morte violenta “nas mãos daqueles que tanto amava” (45).

O MISTÉRIO DE UM CORAÇÃO QUE AMOU TANTO
No terceiro capítulo, “Este é o coração que tanto amou”, o Pontífice recorda como a Igreja reflete e refletiu no passado “sobre o santo mistério do Coração do Senhor”. Ele faz isso fazendo referência à Encíclica Haurietis aquas, de Pio XII, sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus (1956). Ele deixa claro que “a devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus”, porque adoramos a “Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito homem, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração” (48). A imagem do coração de carne, ressalta o Papa, nos ajuda a contemplar, na devoção, que “o amor do coração de Jesus não compreende somente a caridade divina, mas se estende aos sentimentos do afeto humano” (61). Seu Coração, prossegue Francisco citando Bento XVI, contém um “tríplice amor”: o amor sensível do seu coração físico “e o seu duplo amor espiritual, o humano e o divino” (66), no qual encontramos “o infinito no finito” (64).

O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS É UM COMPÊNDIO DO EVANGELHO
As visões de alguns santos, particularmente devotos do Coração de Cristo, ressalta Francisco, “são belos estímulos que podem motivar e fazer muito bem”, mas “não são algo em que os crentes sejam obrigados a acreditar como se fossem a Palavra de Deus”. Em seguida, o Papa lembra com Pio XII que não se pode dizer que este culto “deve a sua origem a revelações privadas”. Aliás, “a devoção ao Coração de Cristo é essencial para a nossa vida cristã, na medida em que significa a nossa abertura, cheia de fé e de adoração, ao mistério do amor divino e humano do Senhor, até ao ponto de podermos voltar a afirmar que o Sagrado Coração é um compêndio do Evangelho” (83). O Pontífice nos convida, então, a renovar a devoção ao Coração de Cristo também para combater as “novas manifestações de uma ‘espiritualidade sem carne’” que estão se multiplicando na sociedade (87). É necessário retornar à “síntese encarnada do Evangelho” (90) diante de “comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas, em várias propostas apresentadas como requisitos que, por vezes, se pretendem impor a todos” (88).

A EXPERIÊNCIA DE UM AMOR “QUE DÁ DE BEBER”
Nos dois últimos capítulos, o Papa Francisco destaca os dois aspectos que “a devoção ao Sagrado Coração deve reunir hoje para continuar a alimentar-nos e a aproximar-nos do Evangelho: a experiência espiritual pessoal e o compromisso comunitário e missionário” (91). No quarto, “O amor que dá de beber”, relê as Sagradas Escrituras e, com os primeiros cristãos, reconhece Cristo e seu lado aberto em “aquele a quem trespassaram”, a quem Deus se refere na profecia do livro de Zacarias. Uma fonte aberta para o povo, para saciar a sede do amor de Deus, “para a purificação do pecado e da impureza” (95). Vários Padres da Igreja mencionaram “a chaga no lado de Jesus como a origem da água do Espírito”, sobretudo Santo Agostinho, que “abriu o caminho para a devoção ao Sagrado Coração como lugar de encontro pessoal com o Senhor” (103).  Esse lado trespassado, recorda o Papa, “assumiu gradualmente a forma do coração” (109), e enumera várias santas mulheres que “relataram experiências de encontro com Cristo, caracterizado pelo repouso no Coração do Senhor” (110). Entre os devotos dos tempos modernos, a Encíclica fala, em primeiro lugar, de São Francisco de Sales, que representa a sua proposta de vida espiritual com um “coração trespassado por duas flechas, encerrado numa coroa de espinhos” (118)

AS APARIÇÕES A SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE
Sob a influência dessa espiritualidade, Santa Margarida Maria Alacoque relata as aparições de Jesus em Paray-le-Monial, entre o fim de dezembro de 1673 e junho de 1675. O núcleo da mensagem que nos é transmitida pode ser resumido nas palavras que Santa Margarida ouviu: “Eis aqui este Coração que tanto tem amado os homens, que a nada se tem poupado até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor” (121).

TERESA DE LISIEUX, INÁCIO DE LOYOLA E FAUSTINA KOWALSKA
De Santa Teresa de Lisieux, o documento recorda o fato de chamar Jesus de “Aquele cujo coração batia em uníssono com o meu” (134) e suas cartas à Irmã Maria, que ajudam a não concentrar a devoção ao Sagrado Coração “no âmbito da dor”, como o daqueles que entendiam a reparação como uma espécie de “primado dos sacrifícios”, mas na confiança “como a melhor oferta, agradável ao Coração de Cristo” (138). O Pontífice jesuíta também dedica algumas passagens da Encíclica ao lugar do Sagrado Coração na história da Companhia de Jesus, enfatizando que, em seus Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola propõe ao exercitante “entrar no Coração de Cristo” em um diálogo de coração para coração. Em dezembro de 1871, o Padre Beckx consagrou a Companhia ao Sagrado Coração de Jesus e o Padre Arrupe voltou a fazê-lo em 1972 (146). As experiências de Santa Faustina Kowalska, recorda-se, repropõem a devoção “colocando uma forte ênfase na vida gloriosa do Ressuscitado e na misericórdia divina” e, motivado por elas, São João Paulo II também “relacionou intimamente a sua reflexão sobre a misericórdia com a devoção ao Coração de Cristo” (149). Falando da “devoção da consolação”, a Encíclica explica que, diante dos sinais da Paixão conservados pelo coração do Ressuscitado, é inevitável “que o fiel queira responder” também “à dor que Cristo aceitou suportar por causa de tanto amor” (151). E pede “que ninguém ridicularize as expressões de fervor devoto do santo povo fiel de Deus, que na sua piedade popular procura consolar Cristo” (160). Pois que, então, “desejando consolá-lo, saímos consolados” e assim “também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação” (162).

A DEVOÇÃO AO CORAÇÃO DE CRISTO NOS ENVIA AOS IRMÃOS
O quinto e último capítulo, “Amor por amor”, aprofunda a dimensão comunitária, social e missionária de toda autêntica devoção ao Coração de Cristo, que, ao mesmo tempo que “nos conduz ao Pai, envia-nos aos irmãos” (163). De fato, o amor aos irmãos é o “maior gesto que possamos oferecer-lhe para retribuir amor por amor” (167). Olhando para a história da espiritualidade, o Pontífice recorda que o empenho missionário de São Charles de Foucauld fez dele um “irmão universal”: “deixando-se plasmar pelo Coração de Cristo, quis abraçar no seu coração fraterno toda a humanidade sofredora” (179). Francisco fala então de “reparação”, como explicava São João Paulo II: “entregando-nos em conjunto ao Coração de Cristo, ‘sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser construída a civilização do amor tão desejada, o Reino do Coração de Cristo’” (182).

A MISSÃO DE FAZER O MUNDO SE APAIXONAR
A Encíclica recorda novamente com São João Paulo II que “a consagração ao Coração de Cristo ‘deve ser aproximada à ação missionária da própria Igreja, porque responde ao desejo do Coração de Jesus de propagar no mundo, através dos membros do seu Corpo, a sua total dedicação ao Reino’. Por conseguinte, através dos cristãos, ‘o amor difundir-se-á no coração dos homens, para que se construa o Corpo de Cristo que é a Igreja e se edifique uma sociedade de justiça, de paz e de fraternidade’” (206). Para evitar o grande risco, sublinhado por São Paulo VI, de que na missão “se digam e façam muitas coisas, mas não se consiga promover o encontro feliz com o amor de Cristo” (208), precisamos de “missionários apaixonados, que se deixem cativar por Cristo” (209).

A ORAÇÃO DE FRANCISCO
O texto se conclui com a seguinte oração de Francisco: “Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu Coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno. Isto até que, com alegria, celebremos unidos o banquete do Reino celeste. Aí estará Cristo ressuscitado, harmonizando todas as nossas diferenças com a luz que brota incessantemente do seu Coração aberto. Bendito seja!” (220).

Fonte: Vatican News / Escrito por Alessandro Di Bussolo

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ENARSE/ENEL 2025: Terceiro dia é marcado por visitas, encontros, espiritualidade e design de futuros na jornada salesiana

O terceiro dia do ENARSE/ENEL 2025 começou com intensidade e espírito de comunhão. Sob a condução de Ana Cristina Sofiati, gestora pedagógica da Inspetoria São Pio X, e Maria Elvira Menegassi, coordenadora das escolas da mesma inspetoria, os participantes foram convidados a iniciar a jornada com um momento de espiritualidade, pedindo a luz do Espírito Santo para iluminar cada passo das atividades programadas. Logo pela manhã, o destaque foi o workshop “Design de Futuros”, conduzido pelo educador, filósofo e facilitador Paulo Tomazinho. A atividade propôs uma imersão nas possibilidades de futuro para a Rede Salesiana Brasil, com base em metodologias ativas, práticas colaborativas e princípios do pensamento sistêmico. O objetivo foi provocar os participantes a pensar o futuro não como um destino inevitável, mas como um espaço de construção coletiva, guiado por escolhas conscientes e valores consistentes com o carisma salesiano. Tomazinho apresentou aos educadores e gestores presentes o conceito de futurabilidade, ou seja, a capacidade de imaginar, projetar e construir futuros desejáveis a partir do presente. Por meio da metodologia dos três horizontes, que considera o presente (H1), as tendências emergentes (H2) e as visões de longo prazo (H3), os grupos foram desafiados a identificar práticas que precisam ser ressignificadas, oportunidades que já estão em movimento e ideias inovadoras que podem sustentar a missão salesiana nas próximas décadas. Ao longo do workshop, destacou-se a importância de ampliar o olhar, promovendo um deslocamento das preocupações imediatas para uma visão estratégica, inspiradora e propositiva. Nesse sentido, a atividade também reforçou a necessidade de se cultivar a escuta ativa, o diálogo interinspetorial e o protagonismo das juventudes, como elementos fundamentais para garantir relevância e vitalidade à ação educativa e evangelizadora da RSB no cenário contemporâneo. O “Design de Futuros” não buscou oferecer respostas prontas, mas sim provocar perguntas transformadoras: Que sinais de mudança já estão entre nós? Quais valores nos guiam na hora de tomar decisões? Que mundo queremos ajudar a formar a partir de nossas escolas, obras sociais e ambientes pastorais? Como garantir que os sonhos de Dom Bosco e Madre Mazzarello permaneçam vivos em um mundo em constante transformação? O clima de envolvimento foi marcado por criatividade, esperança e compromisso com a missão. Os participantes saíram do workshop com novas perspectivas e propostas, prontas para serem aprofundadas e desenvolvidas nos contextos locais de cada obra. Tarde de visitas guiadas - À tarde, cada participante terá a oportunidade de escolher uma das visitas guiadas inscritas previamente: Memorial das Filhas de Maria Auxiliadora (Guaratinguetá/SP) Réplica da casa de São João Bosco (Obra Social de Pindamonhangaba/SP) Santuário Nacional de Aparecida (Aparecida/SP) Estas experiências promoveram um encontro vivo com a história da Família Salesiana e com testemunhos de fé que inspiram nossa missão educativa. Encerramento em oração e fé - Para concluir o terceiro dia, reuniu-se o grupo às 18h00 no Santuário Nacional de Aparecida/SP para a Santa Missa. Celebrada em comunhão com a Mãe Aparecida, a Eucaristia foi ponto alto de espiritualidade, renovando nosso compromisso de ser, como Dom Bosco desejou, “bom cristão e honesto cidadão”.  

ENARSE/ENEL 2025: uma tarde de aprofundamento, inspiração e conexão com a missão educativa salesiana, neste segundo dia de evento

A tarde do segundo dia do Enarse/Enel 2025 foi marcada por vivências intensas de formação, troca de experiências e fortalecimento dos compromissos com a educação de excelência e com os valores do carisma salesiano. Logo após o almoço, os participantes se dirigiram ao Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida para uma rica programação de oficinas temáticas, organizadas em dois blocos: das 14h30 às 16h00 e outro das 16h30 às 18h00. Com seis diferentes temas, as oficinas ofereceram aos educadores e gestores uma oportunidade de aprofundamento em áreas estratégicas para o presente e o futuro da escola salesiana. Conheça um pouco mais sobre as oficinas: A oficina "Consolidando marcas fortes", conduzida por Andrea Tavares, destacou a importância da unidade em rede e da mensuração de resultados nas ações de comunicação e posicionamento das escolas salesianas. Andrea enfatizou que a gestão de branding vai muito além da identidade visual, abrangendo o conjunto de ações cotidianas que fortalecem a marca institucional. “Branding está diretamente ligado ao que fazemos todos os dias. Como unidades de uma mesma rede, tudo o que promovemos — seja em nível de estratégia, fidelização ou matrícula — repercute fortemente no coletivo. Quando o branding é trabalhado de forma estratégica e qualificada, conseguimos não apenas aumentar o valor da nossa marca, mas também garantir sustentabilidade e fidelização”, destacou Andrea, reforçando a força da atuação em rede. "Mais que uma escola", ministrada por Gregory Rial, da ANEC, apresentou como os diferenciais da Educação Católica são fundamentais para preparar os estudantes para um mundo em constante transformação. Ao falar sobre a identidade católica em instituições confessionais, ele reforça que ela "pode se tornar relevante e transformadora no nosso tempo, que é marcado por enorme fragmentação da vida humana e das relações sociais a partir do momento em que ela se entende portadora da mensagem do Evangelho de Jesus. "Da sala de aula tradicional ao espaço inovador", a oficina conduzida por Elisabete Castanheira convidou os participantes a repensarem o design dos ambientes escolares como ferramentas de engajamento e criatividade. “As oficinas foram muito interessantes, pois trabalhamos com um conceito lúdico que proporcionou uma interação prazerosa com os elementos disponíveis”, destacou. Ela acrescentou ainda que, para comunicar com eficácia entre as diferentes gerações, é essencial saber contextualizar as mensagens e as propostas educativas de forma sensível e atualizada. A palestra "Educar com conexão", conduzida por Roberta Freitas, trouxe reflexões importantes sobre o uso consciente da tecnologia em sala de aula, demonstrando que o celular, longe de ser apenas um vilão, pode se tornar um valioso aliado pedagógico quando utilizado com responsabilidade e dentro dos limites legais.  “O celular não é somente um inimigo. Ele pode ser um grande aliado no aprendizado, na construção de conhecimento, na conexão entre os nossos estudantes e, também, na avaliação do conhecimento produzido”, destacou Roberta, ao abordar o tema com exemplos práticos e embasamento pedagógico. A atividade "Por uma política de bolsas na perspectiva da inclusão", conduzida por Dr. Hugo Sarubbi e Dra. Vanessa Martins, promoveu reflexões relevantes sobre viabilidade financeira, justiça social e sustentabilidade nas concessões de bolsas de estudo, reforçando o compromisso das instituições salesianas com a equidade no acesso à educação. “A ação social realizada por meio da concessão de bolsas de estudo é uma prática das escolas salesianas certificadas, unindo a missão à possibilidade de criar oportunidade de ensino de qualidade para todos”, afirmou Dra. Vanessa, destacando o papel das políticas de inclusão como expressão concreta do carisma salesiano. Complementando, Dr. Hugo enfatizou que a gestão responsável das bolsas exige estrita observância à legislação vigente, mesmo diante da atual ausência de regulamentações mais claras. “A política de bolsas representa uma delegação do poder público às instituições privadas, para garantir o acesso de estudantes de perfil socioeconômico específico ao ensino de qualidade. Por isso, é essencial manter a documentação exigida, transformar essas informações em dados contábeis confiáveis e alinhar-se sempre à legislação”, alertou. A oficina reforçou que, ao articular missão, legalidade e planejamento, é possível consolidar uma política de bolsas verdadeiramente inclusiva, sustentável e coerente com os valores salesianos. A oficina "Gestão financeira e inovação", conduzida por Renato Rocha, apresentou estratégias para que as escolas salesianas avancem rumo a uma gestão mais sustentável, inovadora e de alta performance, sem se distanciar de sua missão educativa e evangelizadora. “Um grande recado que fica da nossa oficina é a importância do alinhamento entre a visão de longo prazo das nossas instituições e o planejamento orçamentário. Todas as nossas escolhas, alocações e captações de recursos devem estar conectadas com essa visão de futuro e com o desdobramento estratégico junto a todos os times das nossas escolas”, destacou Renato, reforçando a necessidade de uma gestão integrada, consciente e orientada por propósito. Encontro, convivência e espiritualidade - Entre os dois blocos de oficinas, os participantes foram acolhidos com um momento de confraternização e descanso durante o coffee break, no foyer do centro de eventos. O clima de amizade e partilha, tão característico dos encontros salesianos, esteve presente também nesse intervalo, favorecendo o networking e o reencontro entre educadores de diferentes partes do país. A programação da tarde foi encerrada com um profundo momento de espiritualidade. Às 18h15, o Pe. Claudio Cartes, Referente das Escolas Salesianas na América - ESA, e dos Centros de Formação Profissional, conduziu a oração do “Boa Noite” salesiano, retomando a tradição de Dom Bosco e convidando todos a fecharem o dia com gratidão, esperança e renovação da missão educativa. O retorno ao hotel aconteceu logo após, com o coração cheio de novos aprendizados, reflexões e a certeza de que a educação salesiana segue firme em sua proposta de formar bons cristãos e honestos cidadãos para o mundo de hoje. Angélica Novais da Comunicação da Rede Salesiana Brasil

ENARSE/ENEL 2025: Manhã do segundo dia é marcada por reflexões sobre liderança, inovação e identidade da escola católica

O segundo dia do Enarse/Enel 2025, realizado no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP), foi marcado por momentos de espiritualidade, partilha e aprofundamento sobre temas centrais para o futuro da educação católica no Brasil. A jornada teve início com a tradicional acolhida e oração, conduzidas pelo Pe. Hermenegildo da Silva, coordenador das Escolas da Inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório, e por Valéria Rodrigues, coordenadora das Escolas da Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora. “Hoje iniciamos com gratidão e esperança este encontro que reúne lideranças apaixonadas pela missão de educar e evangelizar à maneira de Dom Bosco e Madre Mazzarelo”, disse Valéria no início momento de oração.  Pe Hermenegildo, por sua vez, nos lembrou que “Cada rosto aqui representa uma história de amor à juventude, de serviço comprometido, de esperança ativa” dando as boas vindas aos presentes. O momento foi concluído com uma oração ao Espírito Santo, pedindo para que todos juntos possam viver o encontro com abertura, leveza e compromisso. “Sentimos a beleza de sermos educadores salesianos, chamados a viver com paixão a missão de formar corações e transformar realidades”, diz um trecho da oração. A espiritualidade salesiana, mais uma vez, iluminou os caminhos trilhados ao longo do dia. Mercado educacional e liderança - A manhã do evento foi marcada pela conferência “Mercado educacional e liderança: compreender o cliente para gerar valor nas escolas”, conduzida inicialmente por Renato Rocha. Em sua palestra, o especialista destacou a importância de "enxergar a escola não apenas como uma prestadora de serviços educacionais, mas como uma promotora de experiências significativas para alunos e famílias". Rocha apresentou dados que revelam mudanças no perfil das famílias brasileiras, reforçando que compreender as novas demandas e expectativas é essencial para manter a competitividade. Entre os pontos centrais, destacou-se a necessidade de escuta ativa, personalização no atendimento e fortalecimento da proposta pedagógica como diferenciais estratégicos no atual cenário educacional. Na sequência, Pe. Sérgio Augusto Baldin e Anderson Leal promoveram uma dinâmica que convidou os participantes a analisarem o mercado educacional brasileiro a partir de um jogo interativo. A atividade trouxe à tona temas cruciais, como a escuta qualificada das famílias, a importância de uma proposta pedagógica clara e coerente, além da adoção de uma gestão estratégica focada em sustentabilidade e inovação. O painel instiga reflexões sobre o papel do gestor escolar como um líder inspirador, capaz de fomentar uma cultura de excelência, diálogo e constante evolução. Tarde do segundo dia - A parte da tarde do Enarse/Enel 2025 será dedicada a oficinas temáticas que abordarão temas estratégicos para a educação salesiana, como marketing educacional, inovação nos espaços de aprendizagem, inclusão por meio de bolsas, uso consciente da tecnologia, gestão financeira e os diferenciais da Educação Católica. Os participantes puderam escolher entre seis oficinas, distribuídas em dois blocos, com momentos de troca, reflexão e aprofundamento.  O encerramento do segundo dia acontecerá com a tradicional oração de Boa Noite, conduzida pelo Pe. Claudio Cartes, reafirmando o espírito salesiano e o compromisso com a missão educativa. Angélica Novais da Comunicação da Rede Salesiana Brasil

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