No dia 25 de novembro de 2024, o Papa Francisco recebeu em audiência Sua Eminência Reverendíssima, o Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos. Durante a audiência, o Santo Padre autorizou o referido Dicastério a promulgar o decreto referente:
- Ao milagre atribuído à intercessão da Beata Maria Troncatti, religiosa professa do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, nascida em Córteno Golgi (Itália), em 16 de fevereiro de 1883, e falecida em Sucúa (Equador), em 25 de agosto de 1969.
Nesta quarta-feira, 4 de junho de 2025, a Secretaria para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice divulgou o comunicado oficial sobre o Consistório Ordinário Público destinado à votação de algumas causas de canonização.
A cerimônia ocorrerá na sexta-feira, 13 de junho de 2025, às 9h, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico Vaticano. Na ocasião, o Papa Leão XIV presidirá a celebração da Terceira Hora e conduzirá o Consistório Ordinário Público para a canonização de diversos beatos, entre os quais está Maria Troncatti, religiosa professa da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora.
Este Consistório também marcará simbolicamente o início do pontificado de Leão XIV. A cerimônia corresponde à etapa final do processo de canonização, momento em que o Papa ratifica o parecer favorável dos cardeais e anuncia oficialmente a data em que os beatos serão proclamados santos.
A canonização da Irmã Maria Troncatti – Filha de Maria Auxiliadora – é motivo de gratidão a Deus e de grande alegria para toda a Família Salesiana. Seu firme testemunho de vida e fé, especialmente junto às novas gerações e aos povos indígenas, é sinal de esperança para a Igreja e para o mundo.
Texto criado por Pe. Renato dos Santos – sobre a Irmã Maria Troncatti
Uma nova Santa para os tempos de hoje: Irmã Maria Troncatti, Filha de Maria Auxiliadora
Mãe missionária, artesã da paz e da reconciliação — assim é chamada, com ternura e gratidão, Irmã Maria Troncatti, missionária incansável das Filhas de Maria Auxiliadora, cuja canonização foi oficialmente anunciada hoje pelo Vaticano. Com imensa alegria, a Família Salesiana e toda a Igreja acolhem este anúncio como um sinal de esperança e renovação.
Nascida em 1883, na região montanhosa da Lombardia, Itália, Maria Troncatti consagrou-se a Deus muito jovem e, desde o início de sua vida religiosa, foi marcada pela coragem, pela sensibilidade humana e pela firmeza na fé. Como enfermeira voluntária durante a Primeira Guerra Mundial, aprendeu a cuidar dos corpos feridos. Mais tarde, como missionária no coração da Amazônia equatoriana, passou a cuidar das almas e das culturas dilaceradas pelo abandono e pela violência.
Durante quase 50 anos, viveu entre os indígenas Shuar, no Equador. Lá, fez-se irmã, mãe e educadora. Enfrentou enfermidades tropicais, conflitos tribais e o preconceito dos colonos, sempre com a mansidão de quem confia mais em Deus do que nas próprias forças. Foi mediadora de paz, fundadora de escolas, promotora da saúde e da dignidade humana. Ganhou o nome afetuoso de Madrecita, não por imposição, mas por ternura conquistada.
Uma resposta ao mundo ferido
O que diz sua canonização ao mundo atual? Num tempo em que as fronteiras se fecham e o diálogo é substituído por discursos de ódio, Irmã Maria Troncatti se ergue como sinal do Evangelho vivido com radicalidade e amor. Sua vida é um clamor pela reconciliação entre os povos, pela superação dos muros, pelo cuidado com os esquecidos.
Ela nos mostra que a santidade não está apenas nos grandes palcos, mas se forja no chão da floresta, nas pequenas escolhas diárias de entrega, no silêncio fecundo da missão que serve sem esperar aplausos.
Um dom para a Família Salesiana
Para a Família Salesiana, sua canonização é motivo de júbilo e de compromisso. Filha fiel de Maria Auxiliadora, Irmã Maria encarna o sonho missionário de Dom Bosco e de Madre Mazzarello: levar o amor de Deus às periferias geográficas e existenciais do mundo. Seu testemunho anima educadores, catequistas, consagrados e leigos a redescobrirem a força do carisma salesiano vivido com simplicidade, criatividade e profunda comunhão com os mais pobres.
Ela é prova viva de que o carisma salesiano é fecundo, atual e capaz de gerar frutos de santidade no coração da selva ou nos corredores de uma escola.
Um apelo a cada batizado(a)
A canonização de Maria Troncatti é um convite claro e direto a todos os batizados: a santidade é possível! Não se trata de feitos extraordinários, mas de uma vida ordinária vivida com amor extraordinário. Cada gesto de cuidado, cada passo dado em direção ao outro, cada ato de reconciliação — tudo isso é caminho de santidade.
Maria Troncatti não buscou brilhar; buscou servir. E, justamente por isso, brilha hoje no céu da Igreja como estrela que guia, inspira e provoca.
Uma vida singular, um coração universal
O que fez essa mulher viver de forma tão singular? A resposta está em sua intimidade com Deus, em sua obediência generosa, em seu olhar materno que sabia ver em cada pessoa um filho ou filha muito amada do Pai. Sua vida foi como um tecido entrelaçado de coragem e doçura, de firmeza e ternura, de oração constante e serviço incansável.
Morreu como viveu: doando-se. Em 1969, durante um acidente aéreo em Sucúa, no Equador, entregou sua vida definitivamente ao Senhor. Hoje, a Igreja a proclama santa — mas os pobres já a tinham proclamado assim há muito tempo.
Santa Maria Troncatti, rogai por nós!
Ensina-nos a amar como tu, com os pés no chão da missão e o coração no céu da fé.