"Desejamos que a REPAM continue defendendo os direitos dos povos, com um olhar amoroso, solidário e esperançoso sobre a Amazônia"
21/02/2025

"Desejamos que a REPAM continue defendendo os direitos dos povos, com um olhar amoroso, solidário e esperançoso sobre a Amazônia"

Celebrando os dez anos de criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), entrevistamos a Irmã Maria Carmelita de Lima Conceição, FMA, Inspetora da Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia e Vice-residente da REPAM.

Boletim Salesiano - O que é a REPAM? Ela foi criada com quais objetivos?
Ir. Maria Carmelita de Lima Conceição - A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) é um organismo eclesial, criado em setembro de 2014, fruto do percurso feito pela Igreja profética encarnada no território amazônico, fundada pelo Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), o Secretariado Latino-americano e Caribenho Cáritas (SELACC), a Conferência Latino-americana e Caribenha de Religiosas/os (CLAR) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). É uma plataforma de articulação sinodal, de compartilhamento de experiências e serviços para responder às necessidades do território dos 8 países e um território ultramarino da Pan-Amazônia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela).

A REPAM é uma Rede vinculada à Igreja Católica, que tem por objetivo promover a vida, por meio do cuidado dos povos, territórios e ecossistemas amazônicos e do incremento da consciência da importância da Amazônia para toda a humanidade, por meio de uma atuação socio eclesial articulada. Atua na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica, por meio dos Núcleos Temáticos: Formação e Métodos Pastorais, Justiça Socioambiental e Bem Viver, Direitos Humanos e Incidência Política, Povos Amazônicos e Territórios e Comunicação para a transformação social que se constituem como linhas de serviços transversais. A REPAM constrói uma relação intrínseca com a Amazônia, pois o cuidado desse território é sua razão de ser.

O presidente da REPAM, dom Rafael Cob, bispo de Puyo, define os 10 anos como “um caminhar de benção, de esperança, de justiça e também um caminhar de trabalhar e tecer a paz”. Igualmente, ele destacou a capacidade da REPAM de unir e trabalhar em equipe, sublinhando a importância dessa plataforma que une vontades, ações e pensamentos em defesa da vida na Amazônia e do cuidado da Casa Comum.

BS - O que podemos celebrar nesses 10 anos da REPAM?
Ir. Carmelita - A REPAM nesses 10 anos tem sido uma presença marcada pela profecia da denúncia, promovendo uma visão colaborativa pela Casa Comum, somando forças com outros movimentos sociais que buscam responder aos clamores dos povos e do bioma amazônico, em defesa da vida. Desde a sua fundação, em 2014, tem como objetivo cultivar a sinodalidade como capacidade de escuta das pessoas, na articulação de esforços evangelizadores para “caminhar juntos” e ser uma Igreja com rosto amazônico, na defesa dos direitos e territórios indígenas.

Nos 10 anos da Rede Eclesial Pan-Amazônica, as juventudes de diferentes faces (indígenas, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, migrantes, habitantes de áreas rurais e urbanas de nossas cidades, moradores das periferias e fronteiras) se tornaram uma força que permitiu que a Rede avançasse com os pés no presente, semeando vida e esperança para o futuro da Pan-Amazônia. Eles sofrem as consequências de vários projetos de exploração que afetam o território e pedem à Igreja que continue tecendo redes, aprofundando a consciência amazônica, as questões socioambientais, a espiritualidade ecológica e a justiça intergeracional; especialmente no que diz respeito às suas lutas e aspirações.

Celebramos a caminhada, marcada por atitudes de respeito e gestos de compromisso concreto que vêm se consolidando de forma institucional e eclesial, unindo forças com Comissões que têm impacto na Pan Amazônia. Segundo Ir. Regina da Costa Pedro, diretora das POM Brasil (Pontifícias Obras Missionárias), é uma celebração para “visibilizar a história e o caminho sinodal em defesa da Amazônia e da ecologia integral, celebrar os frutos do trabalho das pessoas e organizações que constroem a Rede, desenhar novos caminhos para a articulação da Rede na sinodalidade na Igreja Amazônica”.

BS - De que forma o carisma da Família Salesiana e particularmente das FMA da Amazônia contribui para a REPAM?
Ir. Carmelita - O carisma salesiano é uma experiência espiritual que se baseia na caridade pastoral e na evangelização. A espiritualidade salesiana é alegre e apaixonada pela vida. A dimensão ecológica e o carisma estão relacionados com a ideia de cuidar da Casa Comum e de agir em harmonia com a vocação da Igreja Católica, através da encíclica Laudato Si’ e da exortação apostólica Laudate Deum, destaca a importância da proteção ambiental. A relação entre o carisma salesiano e a ecologia pode ser exemplificada pela preocupação com a sustentabilidade por projetos de solidariedade com os mais pobres; grupos que atuam por meio de energia solar; o respeito pela natureza.

Como família procuramos fazer um caminho sinodal para alargar o mais possível a tenda, em um contexto cada vez mais individualista. O Papa Francisco fala sobre a ecologia integral na Laudato Si’ como forma de ler o mundo na sua integralidade, descobrindo suas interconexões e procurando sentir-se parte de um todo. No lançamento do projeto “Tempo da Criação”, período de 1º de setembro a 4 de outubro em que os cristãos se reúnem para orar e agir pela Criação, Dom Ángel Artime, Reitor-Mor emérito dos Salesianos, afirmou que “toda criatura é um ser perfeito e o planeta em que vivemos, nossa Casa Comum, foi criado como um todo harmonioso, formado de seres que vivem juntos sem poderem viver uns sem os outros. Vamos manter vivo este fio que nos une uns aos outros e a Deus” (Vídeo - 2022).

“A ecologia integral no espírito do Sistema Preventivo pode ser vista sob as chaves de leitura: razão, religião, amorevolezza, proximidade/relação profunda com o mundo natural e um estilo de vida simples”, afirmou a Ir. Alessandra Smerilli, FMA, durante o Seminário na Inspetoria SEC – 2023. “A Carta” (documentário baseado na Encíclica Laudado Si’, lançado pelo Papa Francisco, em 2022) foi amplamente explorado nas comunidades educativas e religiosas salesianas, fomentando a conscientização sobre a Encíclica e a emergência ecológica; foi motivada pelo âmbito da pastoral e assumida pelas Inspetorias SDB e FMA do mundo como um caminho de conversão, fundamentado nas Escrituras, incentivando a empenhar-nos cada vez mais no cuidado com a Casa Comum.

No Brasil também, posso dizer que estamos crescendo nessa consciência à medida em que ficamos atentas à natureza que grita por socorro, nos alertando para a convivência preventiva com os seres criados, buscando uma conversão transformadora e gradual na consciência, na escuta, nas escolhas de vida e nas relações interpessoais no estilo salesiano.

BS - O que podemos esperar para o próximo período?
Ir. Carmelita - Nesse contexto jubilar, completado 10 anos cuidando da querida Amazônia, desejamos que a REPAM continue defendendo os direitos dos povos, seus territórios, com um olhar amoroso, solidário e esperançoso sobre a Amazônia. Que recomece sua segunda década com um empenho sempre renovado para cuidar e defender qualquer emergência socioambiental que ameace os territórios e povos ancestrais;.que os Núcleos Temáticos continuem se organizando e expandindo sua incidência nos lugares onde ninguém quer chegar; que cresçam a consciência e a motivação para o trabalho em conjunto com outras forças sociais e eclesiais, que amplie os espaços para todas as pessoas de boa vontade, independente de religião ou crença, mas que prevaleça a defesa da Casa Comum e seus habitantes.

Que o Deus da Vida sustente os povos de todas as raças que lutam pela soberania alimentar, pelo cuidado com a biodiversidade e que possamos construir uma Igreja com rosto amazônico.

Louvemos a Deus pelo testemunho de homens e mulheres que doaram e continuam doando suas vidas nesse chão, na defesa do seu povo; que seu sangue seja semente de Vida na querida Amazônia.

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Novena rumo à Canonização da Irmã Maria Troncatti (FMA)

Hoje, 10/10, nove dias antes da canonização da Bem-Aventurada Ir. Maria Troncatti FMA (em 19 de outubro de 2025), a Comissão Central, estabelecida pelas FMAs para a ocasião, sugere uma NOVENA temática breve, a ser feita de modo individual ou comunitário, com o objetivo de tomar a religiosa e missionária como exemplo, e renovar o empenho pela atenção ao próximo, ao espírito missionário e à prática de atitudes pacificadoras. Como afirmou a Ir. Chiara Cazzuola, Superiora Geral do Instituto das FMA, "nós também, junto com as comunidades educativas e os muitos jovens que encontramos, podemos brilhar como pequenas luzes em nossa vida cotidiana e ser sinais do amor preveniente e misericordioso do Pai, como o foi a Ir. Maria Troncatti". A novena, composta pela Ir. Luigina Silvestrin, da Inspetoria das FMA Santa Maria Domingas Mazzarello, do Triveneto (ITV), propõe algumas reflexões e orações sobre o tema "Mãos que curam, sanam, constroem paz". O texto foi desenvolvido com base numa homilia do P. Pierluigi Cameroni SDB, Postulador Geral das Causas dos Santos da FS, que apresentou a figura e algumas características da próxima futura ‘Santa’, justamente a partir das mãos. A canonização da 1ª Filha de Maria Auxiliadora após a Cofundadora do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello - representa um presente e um apelo, segundo explica a Madre Chiara Cazzuola: "Ao contemplar o rosto mais belo do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello – a Ir. Maria Troncatti (a ser canonizada em breve), nossas Bem-Aventuradas e Servas de Deus que viveram as Constituições com total fidelidade - abrimos nosso coração à grande Esperança, com a graça e a ousadia que provêm de Deus. Com gratidão, entoamos o Magnificat pela santidade reconhecida pela Igreja, nessas e em muitas outras Coirmãs, que, em seu dia a dia, ofereceram Amor, Esperança e Alegria". A recente Exortação Apostólica do Papa Leão - Dilexi Te - destaca que a santidade é resultado do zelo pelos pobres, que sempre foram vistos como "o Tesouro da Igreja". Dom Bosco, mencionado no n. 70, foi um exemplo e fonte de inspiração para um método especial de educação dos pobres através do Sistema Preventivo. A Beata Maria Troncatti, conhecida como "Madrecita buena" (boa Mãezinha), tinha como única preocupação os pobres, órfãos, jovens maltratados, moribundos e mais necessitados. Por eles, se dispunha a encarar riscos e adversidades, exibindo uma generosidade ‘materna’ que a levava a cuidar pessoalmente de cada um. Lemos no Summarium elaborado sobre a vida da Irmã Troncatti: "A predileção ativa da Irmã Maria pelos mais pobres, pelos necessitados, pelos abandonados é conhecida: já impossibilitada de trabalhar mais (tem 84 anos), ela fica no hospital e vigia e atende os pobres selvagens que lhe vêm a racontar seus sofrimentos e preocupações". As Mãos da Ir. Troncatti, hoje, se tornam um dom e um modelo: extraindo forças de Maria Auxiliadora, do Espírito Santo, do Amor de Cristo Crucificado, o coração se torna capaz de gestos simples - mas eficazes - de proximidade, cuidado, paz. O texto da NOVENA está disponível, em italiano, aqui.

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A caminho da canonização da Irmã Maria Troncatti FMA: Sua fama de santidade

O processo de canonização da Ir. Maria Troncatti, religiosa professa das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), continua. A cerimônia está agendada para ocorrer no Vaticano no dia 19 de outubro de 2025. Hoje abordaremos a fama de santidade que acompanhou a trajetória humana e espiritual da religiosa ainda em vida. O testemunho é da Ir. Elena Tinitana FMA, da Inspetoria Sagrado Coração, do Equador (ECU), membro do Tribunal Canônico que acompanhou o processo de Canonização, em entrevista realizada por Gabriel Orellana, na Rádio ‘Voz del Upano’, promovida pela Comissão Histórico-Espiritual-Litúrgica instituída pelas FMA. A religiosa cita diversos indícios que comprovam a fama de santidade da Ir. Troncatti, perceptível não só na fase missionária - mais conhecida - de sua existência mas também já no início de sua vida na Itália. A Ir. Tinitana conta: "Aos dez anos de idade, Maria Troncatti se perdeu e foi encontrada, horas depois, encolhida num abrigo improvisado. ‘Você não teve medo?’, perguntaram, e ela respondeu tranquilamente: ‘Não, pois ainda guardo a graça da comunhão dominical em meu coração’. Para ela, a presença de Jesus era uma realidade constante em sua vida” - comentou a FMA equatoriana. Posteriormente, durante a formação inicial na Itália, a Ir. Troncatti se sobressaiu entre as demais Irmãs por oferecer, de forma silenciosa, mas eficaz, o bom exemplo. Ao chegar ao Equador, as demais irmãs FMA sempre a encontravam “primeiro na capela, rezando, fazendo a Via-Sacra ou com a cabeça inclinada em mui profunda oração”. Sua reputação de santidade se revelava principalmente em sua proximidade com as pessoas: ela era “tudo para todos”, tratando todas as pessoas como “seus filhos”. “Ainda hoje, na capela onde descansam seus restos mortais em Sucúa, há um fluxo constante de pessoas que vão ao local para rezar, fazer pedidos e deixar doações...”, conta a Ir. Tinitana. “Quando a Irmã Troncatti morreu, em 25 de agosto, as pessoas disseram: ‘Morreu a nossa vovozinha!’, ‘Morreu uma santa!’. Essa certeza popular é, na minha opinião, somente um pequeno recorte da grande fama de santidade da Irmã Maria Troncatti”. O papel específico da Ir. Elena, no âmbito do processo, foi coordenar a Comissão da Causa de Canonização e dedicar-se, com outras pessoas, a examinar o milagre necessário para o processo: a cura miraculosa do indígena ‘shuar’, Juwá Bosco, atribuída à intercessão da Ir. Troncatti. Na entrevista em espanhol, a Ir. Tinitana ressalta a importância crucial da oração e da devoção contínua à Beata, por parte da família e de todos os envolvidos no processo, para obter a recuperação completa do paciente, que sofria de afasia e de uma paralisia que afetava o lado esquerdo do corpo, além de garantir o sucesso na obtenção das informações necessárias para o processo canônico. A mensagem que a entrevistada transmite aos jovens de hoje, fundamentada nos depoimentos recebidos do povo, é significativa: “A Ir. Maria Troncatti descobriu seu ideal missionário ao ler o Boletim Salesiano quando era menina. Hoje vocês, jovens, vivem imersos nas redes sociais, onde podem encontrar maravilhosos testemunhos missionários. Encorajo, portanto, a ler essas histórias (reais) e a interessar-se por ideais semelhantes, porque realmente vale a pena. Diria também que Deus tem um projeto de vida único e inigualável para cada um de nós, e é nossa tarefa descobri-lo e realizá-lo, assim como a Ir. Troncatti fez em sua vida”. O Vídeo da entrevista com a Irmã Tinitana está disponível aqui. Para mais informações, visite o site criado para a canonização da Ir. Maria Troncatti: www.suormariatroncatti.org.  Fonte: Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora - FMA

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