A menção mais antiga sobre o culto a São José, no Ocidente, deu-se por volta do ano 800, no norte da França. No dia 19 de março, lê-se: “Ioseph sponsus Mariae”. A referência a José, esposo de Maria, tornou-se cada vez mais frequente entre os séculos IX e XIV.
Na bíblia, José ocupa o espaço de pai zeloso e protetor, sendo citado em vários momentos, exemplificando o papel de obediência a Deus e amor paternal e caridoso na Sagrada Família. Confira alguma das citações: São José era um humilde carpinteiro (Mt 13,55); esposo de Maria (Mt 1,18; Lc 1,27), justo (Mt 1,19), obediente à lei (Lc 2,22.27.39). Fez uma viagem cansativa com Maria até Belém onde viu Jesus nascer num estábulo (Lc 2,7) sendo testemunha da adoração dos pastores e dos Magos (Lc 2,1-20). José assumiu a paternidade legal de Jesus e deu-lhe o nome (Mt 1,21); ofereceu o Menino ao Senhor no templo e ouviu a profecia de Simeão a respeito dele e de Maria (Lc 2,22-35), dentro outras.
SÃO JOSÉ E A FAMÍLIA SALESIANA
José é patrono do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), querido por Dom Bosco (Constituição das FMA, 1885) para invocar a intercessão e empreender um caminho de santidade feito de silêncio, humilde disponibilidade e acolhida dos sinais de Deus. Nas Comunidades das FMA, São José é invocado como “tesoureiro” e protetor das obras: “Também em Nizza, São José foi eleito 'tesoureiro' da casa, sendo-lhe confiada a saúde das irmãs e das meninas, e a tarefa de afastar o pecado. (…) Este ano, portanto, com o novo braço da fábrica, iniciado na primavera, como não reacender a confiança no Santo da Providência? … por isso, é constante o convite: 'Rezemos a São José! Digamos a São José!'. É Geral o filial apelo ao chefe da Sagrada Família”. (Cronistória III 170)
A então Madre Geral das FMA, Madre Yvonne Reungoat, no dia 19 de março de 2020, Solenidade de São José, em sua Mensagem, convidou todas as Comunidades Educativas do Instituto das FMA a se confiarem à sua intercessão no tempo de particular provação pela pandemia da COVID-19: “Peço-vos que continuem a manter viva em cada Comunidade Educativa, e em cada uma de nós, o compromisso de preparação ao Capítulo Geral XXIV; a escutar, com o coração disponível, a palavra de Maria, Sua Esposa, que nos diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Que nos ensine a viver o silêncio orante como fez diante de situações delicadas, precárias e humanamente difíceis, em particular pelo Coronavírus”.
CARTA APOSTÓLICA PATRIS CORDE
No dia 8 de dezembro de 2020, por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja, o Papa Francisco lançou a Carta Apostólica Patris Corde (Coração de Pai). Suas reflexões retomam a mensagem contida nos versículos transmitidos nos Evangelhos para destacar ainda mais o papel central de José na história da Salvação: o Beato Pio IX o declarou "Padroeiro da Igreja Católica", o Venerável Pio XII o apresentou como "Padroeiro dos Trabalhadores", e São João Paulo II como "Guardião do Redentor".
AS DIVERSAS FACES PATERNAS DE SÃO JOSÉ SEGUNDO A PATRIS CORDE
Pai amado
José pôs-se a serviço do plano de salvação, cuidando da Sagrada Família, que Deus lhe confiou: foi um servo atencioso no momento da Anunciação; um servo prudente ao cuidar de Maria e do Menino, que carregava no seu seio; defensor da Família no momento de perigo. Estes são apenas alguns aspectos da figura de São José, que explicam por que o povo santo o venera com particular devoção.
Pai na ternura
José ensinou Jesus a andar, segurando-o pela mão. Jesus viu a ternura de Deus em José, homem justo. Em José, Jesus viu um homem de fé, que sabia encarar a vida com esperança, porque, em meio às tempestades, Deus permanece firme no leme do barco da vida.
Pai na obediência
O desígnio de Deus foi revelado a José em sonhos e a sua resposta sempre foi pronta: no momento da Anunciação do Senhor; quando Herodes queria matar o Menino; após a morte de Herodes. José era guiado por Deus e obedecia. Jesus respirou esta "submissão" filial a Deus e aprendeu a obedecer a seus pais.
Pai no acolhimento
A figura de José é apresentada como um homem respeitoso, delicado, capaz de colocar a dignidade e a vida de Maria acima de tudo, até mesmo da sua reputação. José aceita tudo, ciente de que é guiado pela providência de Deus; entende que a vida se revela na medida em que acolhe o plano de Deus e se reconcilia com seus desígnios. Eis o realismo cristão: acolher em Deus a própria história, para acolher o próximo.
Pai na coragem criativa
Diante das dificuldades, José sempre encontrou recursos mais inesperados. Ele é o homem através do qual Deus desenvolve os primórdios da história da salvação; os obstáculos não impedem a audácia e a obstinação deste homem, justo e sábio. Deus confia neste homem, como confiou em Maria. Por isso, ele foi o Custódio da Sagrada Família: a de Nazaré e a de hoje, que é a Igreja.
Pai trabalhador
O trabalho, entendido como participação na obra de Deus, foi desempenhado por José na sua vida e o ensinou ao seu filho Jesus: a importância do trabalho é a origem de uma nova "normalidade", da qual ninguém está excluído. A obra de São José recorda que o próprio Deus, feito o homem, não deixou de trabalhar, pois o trabalho é a garantia da dignidade humana.
Pai na sombra
Ser pai significa preparar o Filho às experiências da vida, à realidade, sem o prender, deter, tomar posse dele, mas fazer com que ele seja capaz de fazer suas escolhas, ser livre e poder partir. A lógica do amor é sempre a lógica da liberdade: a alegria de José é doar-se. Ele se tornou inútil e viveu na sombra, para que seu Filho pudesse emergir.
(cf. citações extraídas da Carta Apostólica “Patris Corde” do Papa Francisco)
Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil, com informações do Vatican News