No dia 19 de abril, o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, uma data que remonta à importância histórica e cultural dos povos originários que habitavam as terras antes da chegada dos colonizadores europeus. Este dia é uma oportunidade não só para celebrar a riqueza das culturas indígenas, mas também para refletir sobre os desafios enfrentados por essas comunidades ao longo da história e a importância de preservar e respeitar suas tradições.
O Dia dos Povos Indígenas foi instituído em 1943, através do decreto de lei nº 5.540, como uma forma de reconhecer a importância dos povos originários na formação da identidade brasileira. A escolha da data se deve ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no dia 19 de abril de 1940, em Patzcuaro, no México.
A MUDANÇA DE “ÍNDIO” PARA “INDÍGENA”
Nos últimos anos, houve um movimento significativo para substituir o termo "índio" por "indígena". Essa mudança linguística busca evitar estereótipos e preconceitos associados ao termo anterior, que remonta aos equívocos dos primeiros colonizadores europeus que acreditavam ter chegado às Índias quando desembarcaram no continente americano.
De acordo com o Manual de Comunicação do Senado Federal, é preciso observar as seguintes atualizações:
Para designar o indivíduo, use o termo indígena; não use o termo índio. Indígena significa "originário, aquele que está ali antes dos outros" e valoriza a diversidade de cada povo. Para se referir ao dia 19 de abril, use Dia dos Povos Indígenas (com iniciais maiúsculas). Não use Dia do Índio. Recomenda-se também o uso dos termos aldeia, terra ou território indígena, em vez de tribo. Para o grupo de indígenas, use etnia ou povo.
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REDE SALESIANA BRASIL E A PRESERVAÇÃO DA CULTURA INDÍGENA
As missões da Rede Salesiana Brasil têm desempenhado um papel fundamental no cuidado, preservação e respeito à cultura dos povos indígenas em diferentes regiões do país. Por meio de projetos educacionais, sociais e de desenvolvimento sustentável, as instituições salesianas têm trabalhado lado a lado com comunidades indígenas, promovendo o respeito à sua autonomia, línguas, tradições e modos de vida.
IRMÃ ELISABETH SCHWAIGER
Hoje com 92 anos de idade, a Filha de Maria Auxiliadora (FMA), Ir. Elisabeth Schwaiger, da Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, dedicou uma vida de trabalho aos povos originários do Alto Rio Negro, no Amazonas. A missionária alemã conta que sua admiração pelos povos originários teve início muito cedo: “Minha paixão missionária começou antes mesmo de ser Filha de Maria Auxiliadora. Cheguei ao Brasil em 1959 e logo fui para as missões do Alto Rio Negro trabalhar com os indígenas que amo até hoje, colaborando no Museu do Índio de Manaus”.
Para o Dia dos Povos Indígenas, Ir. Elisabeth Schwaiger deixa sua mensagem: “Minha homenagem de gratidão e reconhecimento pela vida e missão dos indígenas, cuidando com carinho da nossa Casa Comum, porque são eles os primeiros guardiões das nossas terras, rios e florestas. Parabéns!”
PADRE AQUILINO TSERÉ UB’Õ TSIRUI’Á
Com 63 anos de idade, dos quais 21 são de sacerdócio e 31 de vida religiosa, Padre Aquilino Tseré ub’õ Tsirui’á está à frente da Paróquia Pessoal São Domingos Sávio, na presença missionária salesiana de Nova Xavantina, da Inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório. “Eu substituí o P. Giaccaria em 2021. Fui nomeado para que continuasse a paróquia, a São Domingos Sávio, que é a paróquia pessoal do Xavante.”, declarou Pe. Aquilino.
Um dos fatores que tornam o trabalho do Pe. Aquilino diferente do seu antecessor é que ele é xavante, nascido na Marãiwatsédé, região do Alto Boa Vista, mas crescido no ambiente salesiano da presença missionária de São Marcos. “Quando pensei em ser salesiano, era estranho para eles [familiares], porque ninguém foi antes de mim. Então, alguns queriam que eu ficasse, porque senão quebraria a cultura nossa, então era difícil. Mas alguns estavam também aceitando: ‘Não, deixa ele ir’ - diziam. ‘Vamos ver se ele não desiste, se está querendo ir, que vá! E quem sabe, talvez o desejo grande dele pode levar ele a ser sacerdote’”, explicou. A aceitação por parte da família e da comunidade xavante fez com que hoje Pe. Aquilino seja respeitado como missionário salesiano, além dos próprios laços de sangue.
Apesar das divergências de opiniões sobre o Dia dos Povos Indígenas, entre os xavantes, todo o mês de abril é de celebrações. Nessa festa está incluída uma das mais importantes para os xavantes, que é a Corrida do Buriti – uma competição entre grupos em que cada integrante de uma equipe precisa correr carregando no ombro um tronco de buriti, pesando em torno de 50 Kg. “Antigamente, não conhecíamos o ‘Dia do Índio’. Mas, a partir dos anos 1980, os missionários alertavam, ‘vamos lembrar os indígenas, vamos fazer um jogral, vamos fazer um pouco de história para lembrar o que foi antigamente’. Hoje em dia, nós vemos que é uma valorização dos brasileiros não indígenas, para que os indígenas possam ser valorizados, respeitados como pessoa”.
PROJETO E’KATI NU’KURÃ
A Missão Salesiana de Iauareté situa-se no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), no oeste da Amazônia Brasileira, fronteira com a Colômbia. E’KATI NU’KURÂ’, que na língua tukano significa “Sempre Alegres”, foi o nome escolhido para representar o projeto realizado pelas Filhas de Maria Auxiliadora.
Hoje, são atendidos mais de 300 crianças, adolescentes, jovens e adultos. De segunda a sexta são realizadas oficinas de bordado, crochê, violão, tapeçaria, Infância Missionária, Adolescência Missionária Salesiana, Oratório Festivo, reforço escolar e Ohte bú’era (horta).
Iauaretê, é um distrito de população indígena, formado por mais de 10 etnias. Sua localização é bem distante de São Gabriel da Cachoeira, o que dificulta a mobilização dos povos que acontece somente pelos rios, limitando o acesso de materiais e alimentação para todos.
Mesmo com a distância, o projeto E’KATI NU’KURÃ se concretiza, com o objetivo de promover a vida.
O Dia dos Povos Indígenas é mais do que uma simples data no calendário, é um convite para reconhecer, valorizar e celebrar a diversidade cultural e a riqueza das tradições dos povos originários do Brasil. A colaboração da Rede Salesiana Brasil e de outras instituições comprometidas com a causa indígena é essencial para garantir que essas culturas continuem a prosperar e a serem respeitadas dentro da sociedade.
Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil