Dia Internacional dos Povos Indígenas: Celebrando Cultura, História e Resistência
09/08/2024

Dia Internacional dos Povos Indígenas: Celebrando Cultura, História e Resistência

Dia Internacional dos Povos Indígenas: Celebrando Cultura, História e Resistência
Foto: Missão Salesiana do Mato Grosso (MSMT)

No dia 9 de agosto, o mundo celebra o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data dedicada a reconhecer e valorizar as culturas, histórias e lutas das comunidades indígenas ao redor do globo. Instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1994, a data marca o primeiro encontro do Grupo de Trabalho sobre Povos Indígenas da Subcomissão de Prevenção à Discriminação e Proteção das Minorias, realizado em Genebra, em 1982. 

IMPORTÂNCIA DA DATA
O Dia Internacional dos Povos Indígenas não é apenas uma comemoração, mas um lembrete constante da necessidade de proteger e promover os direitos dessas comunidades. Segundo a ONU, há aproximadamente 476 milhões de indígenas em 90 países, representando 6,2% da população mundial e 15% das pessoas mais pobres do mundo. Esses números revelam uma disparidade significativa, destacando a urgência de ações concretas para garantir justiça social e econômica a esses indivíduos.

Os povos indígenas têm uma conexão única e profunda com suas terras ancestrais e desempenham um papel vital na conservação da biodiversidade e no combate às mudanças climáticas. Suas tradições e conhecimentos oferecem soluções sustentáveis que são essenciais para a sobrevivência do planeta. No entanto, apesar de suas contribuições inestimáveis, as comunidades indígenas frequentemente enfrentam discriminação, marginalização e violação de seus direitos.

Conheça um pouco da atuação salesiana junto aos povos indígenas do Brasil:

DIÁCONO JOSÉ ALVES DE OLIVEIRA
Animador missionário
Atua nas terras indígenas de Sangradouro, São Marcos, Parabubure e Merure

“Na fase de formação, 2003 a 2006, passava o período de férias nas aldeias. A partir de 2013, passei a morar diretamente nas aldeias de Sangradouro, São Marcos e Parabubure. Hoje atuo com duas etnias: Boe Bororo e Auwe Uptabe (Xavante). Este ano, 2024, comemoramos 130 anos da presença dos salesianos em solo mato-grossense. Nestes anos, a missão salesiana tem atuado significativamente no campo da evangelização, saúde, educação, cultura, sustentabilidade, etc. Hoje, a missão salesiana continua sua atuação em favor dos povos indígenas ao ver Jesus Cristo com um rosto e necessidades de cada indígena que precisa de água, comida, vestuário, assistência médica, libertação de todas as prisões.”

IRMÃ MADALENA LUIZA SCARAMUSSA
Animadora de comunidade
Atua em Taracuá, distrito de São Gabriel da Cachoeira (AM) 

“Estou no estado do Amazonas de 2013 a 2020 animando as FMA na sua missão e, a partir de 2021, residindo e atuando em áreas demarcadas no alto Rio Negro. Como FMA que sou há 58 anos, o trabalho nunca é meu e sim da comunidade, das FMA como um todo. Trabalhamos na região do Alto Rio Negro onde residem mais de 20 povos indígenas. Entre as etnias mais numerosas com quem colaboramos, destacamos: Tukano, Baniwa, Hupda, Hupdê, Dessana, Piratapuia, Tariana, Tuiuca, Baré, Curipaco, Kotiria e Arapaço. A importância da missão salesiana tem seu fundamento na atualidade do carisma: ser junto ao jovem (idade evolutiva) e ao povo sinal de Jesus Bom Pastor. Esta caridade que nasce do coração oratoriano, que crê na pessoa com otimismo e incentivo, que sabe e vive a amorevollezza, pois é amando e se fazendo amar que as propostas educativo-evangelizadoras serão alcançadas. 
[...] A missão salesiana tem desenvolvido um processo de educação-evangelização que favorece o protagonismo dos povos indígenas em sua identidade cultural. Um trabalho educativo-evangelizador comprometido com o Reino de Deus, com a defesa da vida, da cultura, do território, com os direitos básicos da pessoa humana.  Trabalhamos a formação com assessoria às pastorais; realização de encontros formativos para jovens, adolescentes e crianças. Buscamos com o povo a espiritualidade ancestral e cristã no respeito às crenças [...]. Aqui em Taracuá, somos três irmãs (duas acima de 70 e 1 acima de 50 anos), estamos acompanhando a Pastoral Familiar, a Pastoral do Dízimo, o Grupo de Jovens, o Grupo da Infância Missionária e visita às famílias. Apoiamos, conforme as solicitações, a catequese, a liturgia, na medida do possível fazemos itinerâncias às comunidades ribeirinhas e, semanalmente, o Oratório. Diariamente, uma de nós atua como professora na escola Estadual; somos uma casa aberta às pessoas e suas diversas necessidades. Em Taracuá não há comércio, então a nossa casa passa a ser um pronto-socorro para diferentes situações, seja para os comunitários, seja para os transeuntes. Cotidianamente de forma simples, esforçamo-nos em servir e amar na alegria salesiana.”

IRMÃO TARLEY DA GUIA NUNES DA MATA (MESTRE TARLEY)
Administrador local da comunidade Salesiana, em Barra do Garças (MT)
Atua na região da Terra Indígena São Marcos com os Xavante

“Trabalho com os A’uwē Uptabi (Xavante). Mas também mantenho contato pessoal com o povo Boe Bororo, localizados a 50 km. Estamos vivenciando os 130 anos do trabalho salesiano na Inspetoria de Campo Grande (estados de MS, MT e oeste de SP). Em todo esse período, nossa inspetoria sempre esteve em trabalho contínuo com esses dois povos (Xavante e Bororo). Acreditamos que nosso fundador, São João Bosco, sonhou com esses povos e nos enviou para conhecê-los, sermos evangelizados por eles, pelos dons do Espírito presentes em suas vidas. Nesse tempo todo, colaboramos com a defesa e promoção de suas culturas. Pegamos chuva juntos, morremos juntos em defesa da vida dos povos originários (conheçam a história de martírio do Padre Rodolfo e do Boe Bororo Simão). Houve, há e haverá um formidável desenvolvimento desses dois povos, e louvamos a Deus por poder estar ao seu lado. Os desafios, que são muitos e complexos, nos motivam a avançar junto com eles nesse século XXI e além. [...] Uma das maiores barreiras hoje é uma infeliz ideia chamada marco temporal, cujo objetivo é retirar direitos básicos, como o direito à terra, e assim marginalizar ainda mais essas e outras populações indígenas. A missão salesiana continua junto com esses povos e o convida a juntar-se a nós.”

PADRE ANGELO CESAR CENERINO
Diretor da Missão Salesiana do Mato Grosso (MSMT), Sagrado Coração e Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus 
Atua em General Carneiro (MT), com o povo Boe Bororo

“Ao longo dos 122 anos da presença Missionária entre o povo Boe Bororo, a Missão Salesiana teve o objetivo de evangelizar o povo, tendo como base o Sistema Preventivo de Dom Bosco, valorizando a cultura e os costumes e incentivando a autonomia e o protagonismo, tendo em vista a promoção humana e a sustentabilidade.”

PADRE JOSEPH TRAN VAN LICH
Coordenador de pastoral
Atua em General Carneiro (MT), com o povo Xavante há 5 anos e meio

“Todos os povos, qualquer que seja, sempre enfrentando muitos desafios da vida, especialmente as mudanças em todos os tempos. Os povos originários do Brasil também estão enfrentando muitas mudanças na sua vida. Nessa caminhada, é necessária uma compreensão melhor da realidade para fazer discernimento e chegar à decisão. Os salesianos não impõem tal caminho, mas ajudam o povo a compreender os caminhos existentes, os quais o próprio povo vai escolher a seguir. Os salesianos, como Dom Bosco, querem que tal povo, sendo acompanhado, seja feliz nesta vida e também na vida eterna.”

O Dia Internacional dos Povos Indígenas é uma oportunidade crucial para reconhecer a riqueza cultural desses povos e reafirmar o compromisso global com a promoção e proteção de seus direitos. À medida que desafios globais como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são enfrentados, o conhecimento e as práticas tradicionais dos povos indígenas tornam-se mais relevantes do que nunca. Celebrar esta data é um passo importante para garantir que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas, promovendo um futuro mais justo e sustentável para todos.

Escrito por Janaína Lima / Fotos: Missão Salesiana do Mato Grosso - MSMT (capa) e Acervos pessoais dos entrevistados

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Novena rumo à Canonização da Irmã Maria Troncatti (FMA)

Hoje, 10/10, nove dias antes da canonização da Bem-Aventurada Ir. Maria Troncatti FMA (em 19 de outubro de 2025), a Comissão Central, estabelecida pelas FMAs para a ocasião, sugere uma NOVENA temática breve, a ser feita de modo individual ou comunitário, com o objetivo de tomar a religiosa e missionária como exemplo, e renovar o empenho pela atenção ao próximo, ao espírito missionário e à prática de atitudes pacificadoras. Como afirmou a Ir. Chiara Cazzuola, Superiora Geral do Instituto das FMA, "nós também, junto com as comunidades educativas e os muitos jovens que encontramos, podemos brilhar como pequenas luzes em nossa vida cotidiana e ser sinais do amor preveniente e misericordioso do Pai, como o foi a Ir. Maria Troncatti". A novena, composta pela Ir. Luigina Silvestrin, da Inspetoria das FMA Santa Maria Domingas Mazzarello, do Triveneto (ITV), propõe algumas reflexões e orações sobre o tema "Mãos que curam, sanam, constroem paz". O texto foi desenvolvido com base numa homilia do P. Pierluigi Cameroni SDB, Postulador Geral das Causas dos Santos da FS, que apresentou a figura e algumas características da próxima futura ‘Santa’, justamente a partir das mãos. A canonização da 1ª Filha de Maria Auxiliadora após a Cofundadora do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello - representa um presente e um apelo, segundo explica a Madre Chiara Cazzuola: "Ao contemplar o rosto mais belo do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello – a Ir. Maria Troncatti (a ser canonizada em breve), nossas Bem-Aventuradas e Servas de Deus que viveram as Constituições com total fidelidade - abrimos nosso coração à grande Esperança, com a graça e a ousadia que provêm de Deus. Com gratidão, entoamos o Magnificat pela santidade reconhecida pela Igreja, nessas e em muitas outras Coirmãs, que, em seu dia a dia, ofereceram Amor, Esperança e Alegria". A recente Exortação Apostólica do Papa Leão - Dilexi Te - destaca que a santidade é resultado do zelo pelos pobres, que sempre foram vistos como "o Tesouro da Igreja". Dom Bosco, mencionado no n. 70, foi um exemplo e fonte de inspiração para um método especial de educação dos pobres através do Sistema Preventivo. A Beata Maria Troncatti, conhecida como "Madrecita buena" (boa Mãezinha), tinha como única preocupação os pobres, órfãos, jovens maltratados, moribundos e mais necessitados. Por eles, se dispunha a encarar riscos e adversidades, exibindo uma generosidade ‘materna’ que a levava a cuidar pessoalmente de cada um. Lemos no Summarium elaborado sobre a vida da Irmã Troncatti: "A predileção ativa da Irmã Maria pelos mais pobres, pelos necessitados, pelos abandonados é conhecida: já impossibilitada de trabalhar mais (tem 84 anos), ela fica no hospital e vigia e atende os pobres selvagens que lhe vêm a racontar seus sofrimentos e preocupações". As Mãos da Ir. Troncatti, hoje, se tornam um dom e um modelo: extraindo forças de Maria Auxiliadora, do Espírito Santo, do Amor de Cristo Crucificado, o coração se torna capaz de gestos simples - mas eficazes - de proximidade, cuidado, paz. O texto da NOVENA está disponível, em italiano, aqui.

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A caminho da canonização da Irmã Maria Troncatti FMA: Sua fama de santidade

O processo de canonização da Ir. Maria Troncatti, religiosa professa das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), continua. A cerimônia está agendada para ocorrer no Vaticano no dia 19 de outubro de 2025. Hoje abordaremos a fama de santidade que acompanhou a trajetória humana e espiritual da religiosa ainda em vida. O testemunho é da Ir. Elena Tinitana FMA, da Inspetoria Sagrado Coração, do Equador (ECU), membro do Tribunal Canônico que acompanhou o processo de Canonização, em entrevista realizada por Gabriel Orellana, na Rádio ‘Voz del Upano’, promovida pela Comissão Histórico-Espiritual-Litúrgica instituída pelas FMA. A religiosa cita diversos indícios que comprovam a fama de santidade da Ir. Troncatti, perceptível não só na fase missionária - mais conhecida - de sua existência mas também já no início de sua vida na Itália. A Ir. Tinitana conta: "Aos dez anos de idade, Maria Troncatti se perdeu e foi encontrada, horas depois, encolhida num abrigo improvisado. ‘Você não teve medo?’, perguntaram, e ela respondeu tranquilamente: ‘Não, pois ainda guardo a graça da comunhão dominical em meu coração’. Para ela, a presença de Jesus era uma realidade constante em sua vida” - comentou a FMA equatoriana. Posteriormente, durante a formação inicial na Itália, a Ir. Troncatti se sobressaiu entre as demais Irmãs por oferecer, de forma silenciosa, mas eficaz, o bom exemplo. Ao chegar ao Equador, as demais irmãs FMA sempre a encontravam “primeiro na capela, rezando, fazendo a Via-Sacra ou com a cabeça inclinada em mui profunda oração”. Sua reputação de santidade se revelava principalmente em sua proximidade com as pessoas: ela era “tudo para todos”, tratando todas as pessoas como “seus filhos”. “Ainda hoje, na capela onde descansam seus restos mortais em Sucúa, há um fluxo constante de pessoas que vão ao local para rezar, fazer pedidos e deixar doações...”, conta a Ir. Tinitana. “Quando a Irmã Troncatti morreu, em 25 de agosto, as pessoas disseram: ‘Morreu a nossa vovozinha!’, ‘Morreu uma santa!’. Essa certeza popular é, na minha opinião, somente um pequeno recorte da grande fama de santidade da Irmã Maria Troncatti”. O papel específico da Ir. Elena, no âmbito do processo, foi coordenar a Comissão da Causa de Canonização e dedicar-se, com outras pessoas, a examinar o milagre necessário para o processo: a cura miraculosa do indígena ‘shuar’, Juwá Bosco, atribuída à intercessão da Ir. Troncatti. Na entrevista em espanhol, a Ir. Tinitana ressalta a importância crucial da oração e da devoção contínua à Beata, por parte da família e de todos os envolvidos no processo, para obter a recuperação completa do paciente, que sofria de afasia e de uma paralisia que afetava o lado esquerdo do corpo, além de garantir o sucesso na obtenção das informações necessárias para o processo canônico. A mensagem que a entrevistada transmite aos jovens de hoje, fundamentada nos depoimentos recebidos do povo, é significativa: “A Ir. Maria Troncatti descobriu seu ideal missionário ao ler o Boletim Salesiano quando era menina. Hoje vocês, jovens, vivem imersos nas redes sociais, onde podem encontrar maravilhosos testemunhos missionários. Encorajo, portanto, a ler essas histórias (reais) e a interessar-se por ideais semelhantes, porque realmente vale a pena. Diria também que Deus tem um projeto de vida único e inigualável para cada um de nós, e é nossa tarefa descobri-lo e realizá-lo, assim como a Ir. Troncatti fez em sua vida”. O Vídeo da entrevista com a Irmã Tinitana está disponível aqui. Para mais informações, visite o site criado para a canonização da Ir. Maria Troncatti: www.suormariatroncatti.org.  Fonte: Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora - FMA

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