Doçura e humildade em São Francisco de Sales
24/01/2024

Doçura e humildade em São Francisco de Sales

Doçura e humildade em São Francisco de Sales

São Francisco de Sales, padroeiro da Família Salesiana e do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), foi reconhecido pela Igreja como “Doutor” por Pio IX em 16 de novembro de 1877, com um “Breve” intitulado “Dives in Misericordia” no qual afirma-se que o Santo “pintou com vivas cores a virtude em outra obra intitulada ‘Filotéa’ , e tornando simples os lugares escabrosos e fazendo planos os ásperos caminhos, a todos os fiéis cristãos demostrou tão fácil a via para chegar lá”.

Ele, de fato, foi insigne educador à vida espiritual: acompanhou com sabedoria e amabilidade todos aqueles que dele se aproximavam, indicando que, para todos, é possível chegar à santidade, mas, para cada um, existe um caminho diverso. Era, para aqueles tempos, uma novidade. Os seus numerosos escritos documentam a profundidade desta intuição, que permanece básica para qualquer educador cristão. Pe. Morand Wirth, SDB, no livro “Francisco de Sales e a educação” ilustra “o pensamento de Francisco de Sales sobre a educação e a formação no contexto cultural do Humanismo”, explicando e documentando que o Santo tinha uma ideia clara própria e também uma prática educativa que falam aos homens e às mulheres de hoje.

São Francisco conhece bem o coração humano e ajuda a se conhecer aqueles que acompanha. É este o primeiro passo, nunca esgotado, do caminho de crescimento. Escreve a Santa Francisca de Chantal: “Como um bom pai que segura a mão do filho, adaptará os seus passos aos vossos passos, ficará feliz em não ir mais rápido do que vós”. E na Filotéa reitera que “O exercício de purificação da alma pode e deve terminar somente com a vida: portanto, não nos agitemos por nossas imperfeições; o que nos é pedido é combatê-las”.

Como sabemos, um dos traços característicos da espiritualidade salesiana, que Dom Bosco fez sua, foi a doçura. Ele mesmo conta nas Memórias do Oratório: “Ele [o Oratório] começou a se chamar São Francisco de Sales por duas razões: 1º porque a Marquesa Barolo tinha em mente fundar uma congregação de padres com este título, e com esta intenção mandou executar a pintura deste santo que ainda pode ser admirada na entrada do mesmo local; 2º porque [por] da parte daquele nosso ministério exigindo grande calma e mansidão, nos colocamos sob a proteção deste santo, para que nos obtivesse de Deus a graça de poder imitá-lo na sua extraordinária mansidão e no ganho de almas”.

O Santo Doutor liga a doçura à humildade com uma incisiva afirmação: “A humildade nos faz crescer em perfeição diante de Deus e a doçura diante do próximo… Preste atenção, Filotéa: este místico crisma composto de doçura e humildade deve encontrar-se dentro do teu coração” (Filotea III.8)

Como cultivar esta virtude tão importante nas relações e, especialmente, na educação? Ele responde assim: “Um dos métodos mais eficazes para conseguir a doçura é o de exercitá-la consigo mesmo, nunca se indispondo consigo mesmo e contra as próprias imperfeições… Deves acreditar em mim, Filotéa: as observações de um pai, se feitas com doçura e cordialidade, têm muito mais eficácia para corrigir o filho do que a raiva e as explosões de cólera. A mesma coisa acontece quando o nosso coração caiu em alguma culpa: se o repreendemos com observações doces e serenas e lhe mostramos mais compaixão do que paixão, o encorajamos a corrigir-se, o arrependimento será muito mais profundo e penetrará nele mais do que um arrependimento cheio de ressentimento, ira e ameaças.” (Filotéa III, 9)

Quem quiser ser um bom educador deve, portanto, antes de tudo, tornar-se um bom educador de si mesmo. E de resto, sabe-se bem, não há guerra que não comece a partir de si mesmo e das próprias distorções.

Escrevia Etty Hillesum, poucos meses antes de morrer num campo de concentração: “É precisamente a única possibilidade que temos, Klaas, não vejo outras alternativas, cada um de nós deve recolher-se e destruir em si mesmo o que acha que deve destruir nos outros. E convençamo-nos de que cada átomo de ódio que acrescentamos ao mundo torna-o ainda mais inabitável”.

Madre Chiara Cazzuola, em um Boa Noite à Comunidade “Madre Ersília Canta” de Roma, da Visitadoria Maria Mãe da Igreja (RMC), refletindo sobre as palavras do Angelus do Papa de 24 de dezembro de 2023 disse: “Deus sempre age com amor gentil que abraça, que fecunda, que guarda, sem fazer violência, sem ferir a liberdade. Assim é o modo de agir de Deus” – recordava que “gentileza e paciência são o nosso modo de enfrentar o clima hodierno de agressividade e violência (…) Em Mornese não se ia dormir sem ter pedido desculpa por eventuais grosserias e Dom Bosco, nas pegadas de Francisco de Sales, dizia que, com a gentileza, se podem conquistar os corações… Madre Mazzarello manifestava um trato gentil com todos, tanto que, quem se aproximava dela, se perguntava a qual nobre família pertencia. Também nós, nesta esteira, podemos lembrar-nos de controlar o nosso modo de comportar-nos para oferecer aos outros o melhor de nós mesmos e recuperar estas atitudes típicas da nossa espiritualidade”.

Fonte: cgfmanet.org

Mais Recentes

Novena rumo à Canonização da Irmã Maria Troncatti (FMA)

Hoje, 10/10, nove dias antes da canonização da Bem-Aventurada Ir. Maria Troncatti FMA (em 19 de outubro de 2025), a Comissão Central, estabelecida pelas FMAs para a ocasião, sugere uma NOVENA temática breve, a ser feita de modo individual ou comunitário, com o objetivo de tomar a religiosa e missionária como exemplo, e renovar o empenho pela atenção ao próximo, ao espírito missionário e à prática de atitudes pacificadoras. Como afirmou a Ir. Chiara Cazzuola, Superiora Geral do Instituto das FMA, "nós também, junto com as comunidades educativas e os muitos jovens que encontramos, podemos brilhar como pequenas luzes em nossa vida cotidiana e ser sinais do amor preveniente e misericordioso do Pai, como o foi a Ir. Maria Troncatti". A novena, composta pela Ir. Luigina Silvestrin, da Inspetoria das FMA Santa Maria Domingas Mazzarello, do Triveneto (ITV), propõe algumas reflexões e orações sobre o tema "Mãos que curam, sanam, constroem paz". O texto foi desenvolvido com base numa homilia do P. Pierluigi Cameroni SDB, Postulador Geral das Causas dos Santos da FS, que apresentou a figura e algumas características da próxima futura ‘Santa’, justamente a partir das mãos. A canonização da 1ª Filha de Maria Auxiliadora após a Cofundadora do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello - representa um presente e um apelo, segundo explica a Madre Chiara Cazzuola: "Ao contemplar o rosto mais belo do Instituto - Santa Maria Domingas Mazzarello – a Ir. Maria Troncatti (a ser canonizada em breve), nossas Bem-Aventuradas e Servas de Deus que viveram as Constituições com total fidelidade - abrimos nosso coração à grande Esperança, com a graça e a ousadia que provêm de Deus. Com gratidão, entoamos o Magnificat pela santidade reconhecida pela Igreja, nessas e em muitas outras Coirmãs, que, em seu dia a dia, ofereceram Amor, Esperança e Alegria". A recente Exortação Apostólica do Papa Leão - Dilexi Te - destaca que a santidade é resultado do zelo pelos pobres, que sempre foram vistos como "o Tesouro da Igreja". Dom Bosco, mencionado no n. 70, foi um exemplo e fonte de inspiração para um método especial de educação dos pobres através do Sistema Preventivo. A Beata Maria Troncatti, conhecida como "Madrecita buena" (boa Mãezinha), tinha como única preocupação os pobres, órfãos, jovens maltratados, moribundos e mais necessitados. Por eles, se dispunha a encarar riscos e adversidades, exibindo uma generosidade ‘materna’ que a levava a cuidar pessoalmente de cada um. Lemos no Summarium elaborado sobre a vida da Irmã Troncatti: "A predileção ativa da Irmã Maria pelos mais pobres, pelos necessitados, pelos abandonados é conhecida: já impossibilitada de trabalhar mais (tem 84 anos), ela fica no hospital e vigia e atende os pobres selvagens que lhe vêm a racontar seus sofrimentos e preocupações". As Mãos da Ir. Troncatti, hoje, se tornam um dom e um modelo: extraindo forças de Maria Auxiliadora, do Espírito Santo, do Amor de Cristo Crucificado, o coração se torna capaz de gestos simples - mas eficazes - de proximidade, cuidado, paz. O texto da NOVENA está disponível, em italiano, aqui.

O ITINERÁRIO DE DOM BOSCO EM ROMA: uma oportunidade única, a um só clique de distância

 O ‘Museu Casa Dom Bosco’ foi inaugurado em 27 de junho de 2025, durante a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, e logo se tornou um ponto de encontro para aqueles que compartilham a missão salesiana e a devoção do Santo piemontês aos jovens. Agora, o Museu faz parte de um itinerário mais abrangente, acessível a todos por meio de somente alguns cliques: "O ITINERÁRIO DE DOM BOSCO EM ROMA". O "ITINERÁRIO DE DOM BOSCO EM ROMA" visa mostrar os anos fundamentais para Dom Bosco, período em que se dedicou à fundação da Congregação Salesiana e das Constituições Salesianas. A visita guiada começa na Basílica do Sagrado Coração, local onde ainda é possível sentir a emoção daquele 16 de maio de 1887. Dom Bosco, já cansado e doente, quis celebrar sua única missa no altar de Maria Auxiliadora, na igreja com a qual sempre sonhara e que construíra com imensos sacrifícios. Entretanto, naquela manhã, o altar se havia convertido num mar de emoções: o Santo dos Jovens chorou copiosamente 15 (quinze) vezes, sem conseguir controlar a emoção. Cada palavra era um agradecimento, uma demonstração de amor a Deus e aos jovens a quem ele havia dedicado toda a vida. Pouco depois, Dom Bosco compartilhou com palavras simples e profundas: “Fiz um grande esforço para celebrar. Parecia que eu estava no meio dos meus meninos, observando toda a cena da minha... vida”. O tour prossegue no MUSEU CASA DOM BOSCO, em ROMA, onde todos os fiéis e visitantes poderão vivenciar uma experiência singular graças ao novo museu imersivo que, por meio da realidade virtual, permite viver os momentos mais marcantes da trajetória de Dom Bosco na URBE. Hoje, fazer uma reserva é ainda mais simples: em poucas etapas, um eficaz sistema de reservas on-line ajuda a garantir sua vaga na excursão.  "Faça sua reserva on-line e deixe-se contagiar!" convida a equipe do tour. Para fazer sua reserva, acesse o site – https://www.donboscoaroma.org/Fonte: Agência Info Salesiana

A caminho da canonização da Irmã Maria Troncatti FMA: Sua fama de santidade

O processo de canonização da Ir. Maria Troncatti, religiosa professa das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), continua. A cerimônia está agendada para ocorrer no Vaticano no dia 19 de outubro de 2025. Hoje abordaremos a fama de santidade que acompanhou a trajetória humana e espiritual da religiosa ainda em vida. O testemunho é da Ir. Elena Tinitana FMA, da Inspetoria Sagrado Coração, do Equador (ECU), membro do Tribunal Canônico que acompanhou o processo de Canonização, em entrevista realizada por Gabriel Orellana, na Rádio ‘Voz del Upano’, promovida pela Comissão Histórico-Espiritual-Litúrgica instituída pelas FMA. A religiosa cita diversos indícios que comprovam a fama de santidade da Ir. Troncatti, perceptível não só na fase missionária - mais conhecida - de sua existência mas também já no início de sua vida na Itália. A Ir. Tinitana conta: "Aos dez anos de idade, Maria Troncatti se perdeu e foi encontrada, horas depois, encolhida num abrigo improvisado. ‘Você não teve medo?’, perguntaram, e ela respondeu tranquilamente: ‘Não, pois ainda guardo a graça da comunhão dominical em meu coração’. Para ela, a presença de Jesus era uma realidade constante em sua vida” - comentou a FMA equatoriana. Posteriormente, durante a formação inicial na Itália, a Ir. Troncatti se sobressaiu entre as demais Irmãs por oferecer, de forma silenciosa, mas eficaz, o bom exemplo. Ao chegar ao Equador, as demais irmãs FMA sempre a encontravam “primeiro na capela, rezando, fazendo a Via-Sacra ou com a cabeça inclinada em mui profunda oração”. Sua reputação de santidade se revelava principalmente em sua proximidade com as pessoas: ela era “tudo para todos”, tratando todas as pessoas como “seus filhos”. “Ainda hoje, na capela onde descansam seus restos mortais em Sucúa, há um fluxo constante de pessoas que vão ao local para rezar, fazer pedidos e deixar doações...”, conta a Ir. Tinitana. “Quando a Irmã Troncatti morreu, em 25 de agosto, as pessoas disseram: ‘Morreu a nossa vovozinha!’, ‘Morreu uma santa!’. Essa certeza popular é, na minha opinião, somente um pequeno recorte da grande fama de santidade da Irmã Maria Troncatti”. O papel específico da Ir. Elena, no âmbito do processo, foi coordenar a Comissão da Causa de Canonização e dedicar-se, com outras pessoas, a examinar o milagre necessário para o processo: a cura miraculosa do indígena ‘shuar’, Juwá Bosco, atribuída à intercessão da Ir. Troncatti. Na entrevista em espanhol, a Ir. Tinitana ressalta a importância crucial da oração e da devoção contínua à Beata, por parte da família e de todos os envolvidos no processo, para obter a recuperação completa do paciente, que sofria de afasia e de uma paralisia que afetava o lado esquerdo do corpo, além de garantir o sucesso na obtenção das informações necessárias para o processo canônico. A mensagem que a entrevistada transmite aos jovens de hoje, fundamentada nos depoimentos recebidos do povo, é significativa: “A Ir. Maria Troncatti descobriu seu ideal missionário ao ler o Boletim Salesiano quando era menina. Hoje vocês, jovens, vivem imersos nas redes sociais, onde podem encontrar maravilhosos testemunhos missionários. Encorajo, portanto, a ler essas histórias (reais) e a interessar-se por ideais semelhantes, porque realmente vale a pena. Diria também que Deus tem um projeto de vida único e inigualável para cada um de nós, e é nossa tarefa descobri-lo e realizá-lo, assim como a Ir. Troncatti fez em sua vida”. O Vídeo da entrevista com a Irmã Tinitana está disponível aqui. Para mais informações, visite o site criado para a canonização da Ir. Maria Troncatti: www.suormariatroncatti.org.  Fonte: Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora - FMA

Receba as novidades no seu e-mail

O futuro que você merece

Siga a RSB nas redes sociais:

2025 © Rede Salesiana Brasil