29/09/2023

Madre Yvonne Reungoat no Sínodo dos Bispos

Madre Yvonne Reungoat no Sínodo dos Bispos

Nas vésperas do início da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará no Vaticano, de 4 a 29 de outubro de 2023, a Madre Emérita do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), Ir. Yvonne Reungoat, chamada como participante entre os Especialistas e Facilitadores, em entrevista, expressa as esperanças e expectativas, os objetivos e desafios desta experiência da Igreja que está prestes a viver.

 

Este Sínodo apresenta diversas inovações, incluindo a metodologia da sinodalidade, implementada em todas as fases. Que tipo de experiência é esperada?

É uma experiência que o Papa Francisco quis não como um acontecimento, mas como um caminho a partir da base, da vida concreta de todos os fiéis, de todos os batizados nas famílias, nas paróquias, nas dioceses, nas nações, e depois, em nível continental, para tentar levar todo o povo de Deus a viver atitudes internas e externas que facilitem o caminhar juntos. Atitudes de escuta profunda do Espírito, da realidade - das pessoas e daquilo que a Igreja vive nos diversos contextos, mas também daqueles que não estão na Igreja - e depois deixar-se guiar neste processo de partilha que não terminará, nem com esta Assembleia, nem com a do próximo ano, nem mesmo quando o Sínodo terminar: a Igreja sinodal é chamada a continuar este caminho porque é da sua natureza ser sinodal.

 

Quais são as esperanças e expectativas dos leigos em relação a este Sínodo? 

Pude ouvir os leigos que participaram nos caminhos sinodais nas paróquias e que manifestaram o seu entusiasmo, porque finalmente tiveram a oportunidade de ser ouvidos e de ter voz. Mas com uma preocupação: quando esse processo terminar, tudo voltará a ser como era antes ou algo realmente terá mudado? Uma preocupação profunda que, em última análise, atravessa toda a preparação do Sínodo.

 

Como esta Assembleia se enquadra no percurso global e quais são os objetivos? 

A Assembleia Sinodal, que se reunirá de 1º de outubro - na verdade, de 30 de setembro - até ao final do mês, não deve estar desligada de todo o caminho empreendido desde a inauguração em 2021, vivido em todos os níveis. A preparação teve o seu ápice nas 7 assembleias continentais, nas quais procuramos recolher os pontos e questões importantes da Igreja em cada continente, para levá-los ao discernimento da Assembleia. O primeiro discernimento realizar-se-á com base no Instrumentum Laboris, com base nos resultados dos Sínodos continentais. O discernimento que terá início nesta primeira Assembleia servirá de base para a sessão seguinte, em outubro de 2024.

O objetivo da Assembleia é relançar o processo, incorporá-lo na vida cotidiana da Igreja, identificando em que linhas o Espírito nos convida a caminhar juntos com maior determinação, como povo de Deus. O objetivo não é produzir documentos, o objetivo é abrir horizontes de esperança para o cumprimento da missão da Igreja. A tarefa desta primeira sessão é iniciar o discernimento.

 

A que desafio este Sínodo está tentando responder? 

Há apenas uma questão que permeia o Sínodo: o que vive a Igreja como Igreja sinodal, qual é a sua experiência? E que passos devem ser dados para crescer nesta dimensão sinodal? Não é uma reflexão sobre a sinodalidade, é um discernimento sobre como a Igreja vive a dimensão sinodal, que é a sua natureza. Uma Igreja que já tem a experiência, que está caminhando, que toma consciência do seu caminho e vê que ainda há passos a dar para continuar crescendo. Portanto, o desafio das Assembleias Sinodais será alcançar este discernimento e delinear os passos concretos para acompanhar a Igreja. Passos que depois submeterá, no final da 2ª sessão, ao Santo Padre, que encerrará todo o processo.

 

Quais são as novidades em comparação com os outros Sínodos? 

As novidades estão entre os participantes, 464, incluindo 85 mulheres, das quais 54 com direito a voto: mais espaço para as mulheres, também na representação dos Superiores Gerais - antes eram 10 homens, agora serão 5 homens e 5 mulheres representando as Uniões dos Superiores e Superioras Gerais. Pela primeira vez haverá testemunhas dos processos sinodais de todos os continentes, que não são bispos e podem ser leigos, participarão nas diferentes fases do processo sinodal e serão membros efetivos do Sínodo, com direito a voto. Isto dará continuidade ao caminho realizado em todos os continentes, porque as testemunhas o tornam presente e, ao mesmo tempo, projetam-no numa dimensão universal.

Outra novidade está no método: os grupos – 35, compostos por 10/11 pessoas e um facilitador – terão dois encontros com o método da conversação do Espírito. Ouviremos o Espírito, que também fala através das ressonâncias ou interpelações das pessoas, poderemos nos expressar, e num terceiro momento teremos que convergir sobre o que consideramos importante trazer à assembleia, como perguntas ou como reflexões. Será uma dinâmica muito ativa, porque nos grupos todos são chamados a ouvir os outros, a expressar-se e, sobretudo, a fazer o exercício de chegar a um acordo, mesmo que não concordem em tudo. Na verdade, poderão existir pontos de divergência, dúvidas, ideias que serão relatadas, para tentar respeitar ao máximo a riqueza que emerge.

 

Qual será o clima, o estilo em que acontecerá? 

O Sínodo deseja verdadeiramente desenvolver-se num clima de oração e de atenção ao Espírito. O Papa Francisco insistiu muitas vezes em dizer que o Sínodo não é um parlamento, mas é uma assembleia espiritual e eclesial que se deixa mover pelo Espírito. Daí a ideia de começar com uma vigília de oração e três dias de retiro: de 1 a 3 de outubro em Sacrofano, Roma, com intervenções do dominicano Timothy Radcliffe, do mosteiro de Oxford, na Grã-Bretanha, e de Madre Maria Ignazia Angelini, do mosteiro beneditino de Viboldone. Outro importante momento de oração será a solene Celebração Eucarística de abertura, no dia 4 de outubro, presidida pelo Papa Francisco e todo o clima de oração e silêncio que será promovido durante os trabalhos, nos quais o Papa está muito empenhado.

 

Por que um Sínodo para uma Igreja Católica começa com uma vigília ecumênica? 

Esta é uma mensagem forte. Desde o início, o Papa insistiu na dimensão ecumênica da sinodalidade, dizendo: não há sinodalidade sem ecumenismo e não há ecumenismo sem sinodalidade. A ideia nasceu de um sonho expresso pelo Irmão Alois, Prior de Taizé, na abertura do Sínodo, em 9 de outubro de 2021. A organização inclui a Comunidade Ecumênica de Taizé, mas também a Igreja de Roma e de Itália, diversas associações e grupos. Vários líderes de outras religiões estarão presentes. É um momento importante, porque é preparado por jovens entre os 18 e os 35 anos, que a partir da noite do dia 29 chegarão a Roma vindos de diversos pontos da Itália e da Europa. São jovens de diferentes religiões, convidados a participar deste momento sinodal. A Vigília Juntos, no dia 30 de setembro, na Praça de São Pedro, é um momento importante para o qual todos estão convidados - inclusive as comunidades religiosas - é um momento de invocação do Espírito, de assembleia do povo de Deus, no qual os jovens estão envolvidos, para não fazer com que se sintam distantes do Sínodo e vivam juntos uma experiência de sinodalidade.

No Canal do Vaticano no YouTube será possível acompanhar a Vigília em oito idiomas.

 

Como o povo de Deus está envolvido nos trabalhos do Sínodo? 

O Papa disse: “Sem oração não haverá Sínodo”. O Sínodo é essencialmente um evento de oração e de escuta, que envolve não só os membros da Assembleia Sinodal, mas cada batizado, cada Igreja particular. Todos somos chamados neste momento a unir-nos na comunhão da oração e na insistente invocação do Espírito, para nos guiar no discernimento daquilo que o Senhor pede hoje à sua Igreja. Nesta oração, toda a vida eclesial estará presente na força do Espírito na Assembleia Sinodal. Na preparação, o foco foi o envolvimento das comunidades cristãs e religiosas na oração durante o tempo do Sínodo. Que todos sintam que não é apenas um evento que acontece no Vaticano, mas sim um evento no qual participamos com a oração e com o desejo de fazer crescer em nós as atitudes de caminhar juntos, de dar a nossa contribuição à Igreja.

Para encorajar a participação de todo o Povo de Deus através da oração, a Secretaria Geral do Sínodo disponibiliza alguns materiais: uma “Bênção Solene” a ser recitada no final das missas dominicais, juntamente com orações de intercessão.

 

Pela primeira vez também estarão presentes Especialistas e Facilitadores, serviço para o qual você, Madre Yvonne, foi convidada como participante. Qual será a sua tarefa e com que espírito a vive?

Definitivamente com alguma apreensão, porque é algo novo. Mas também com muita gratidão pela confiança depositada em mim e sobretudo pela confiança depositada no Instituto das FMA. Sou chamado a facilitar a expressão, o discernimento e o bom desempenho do trabalho nos grupos, para que o Sínodo possa dar uma boa contribuição para a continuidade do caminho da Igreja. Participar no Sínodo é também um dom que me enriquecerá para a minha missão de membro do Dicastério dos Bispos. Farei isso levando em meu coração todo o Instituto e todos as jovens e os jovens. Conto com suas orações e, desde já, agradeço.

 

Fonte: Instituto Figlie de Maria Auxiliadora (FMA)

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