14/02/2024

Quarta-feira de Cinzas e o início da Quaresma

Quarta-feira de Cinzas e o início da Quaresma
Foto: Divulgação

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma, um período significativo no calendário litúrgico cristão. Esta celebração, carregada de simbolismo e rica em significado bíblico, é um convite para a reflexão, o arrependimento e a renovação espiritual. Ao mergulharmos nas Escrituras Sagradas, podemos compreender mais profundamente a liturgia da Quarta-feira de Cinzas e como ela nos orienta em nossa jornada espiritual. 

Ao recebermos as cinzas sobre nossas testas, somos recordados das palavras bíblicas encontradas em Gênesis 3,19: “Pois tu és pó e ao pó voltarás”. Essa afirmação é feita por Deus a Adão e Eva após a queda, quando o pecado entrou no mundo. As cinzas simbolizam nossa mortalidade e a necessidade de humildade diante de Deus. Esse gesto não apenas nos relembra da brevidade da vida terrena, mas também nos convida a reconhecer nossa dependência do Criador. 

A liturgia da Quarta-feira de Cinzas muitas vezes inclui a leitura do profeta Joel (Joel 2,12-18), que convoca o povo à penitência e à conversão. O profeta destaca a importância de rasgar os corações, não apenas as vestes, enfatizando a necessidade de uma mudança interior genuína. A mensagem de Joel ressoa como um chamado atemporal à reconciliação com Deus, uma chamada que ecoa ao longo da Quaresma. 

O Salmo 51, muitas vezes associado à Quarta-feira de Cinzas, é uma expressão poética de arrependimento e busca por purificação. Davi, o autor do salmo, reconhece a gravidade de seus pecados e clama por um coração contrito: “Criai em mim um coração puro, ó Deus, e renovai em mim um espírito reto” (Salmo 51,10). Este salmo serve como uma poderosa oração de arrependimento, guiando-nos a buscar a misericórdia divina. 

No Evangelho segundo Mateus (Mateus 6,1-6.16-18), Jesus instrui sobre o jejum, a oração e a esmola. Essas práticas quaresmais são fundamentadas nas palavras do próprio Cristo. O Senhor nos alerta contra a hipocrisia e destaca a importância de realizar essas ações com um coração sincero, buscando agradar a Deus e não aos homens. Este ensinamento de Jesus nos guia durante a Quaresma, enfatizando a necessidade de uma espiritualidade autêntica. 

Junto com a Quarta-Feira de Cinzas iniciamos a Campanha da Fraternidade 2024 que tem como tema: “Fraternidade e Amizade Social” e como lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8). Vivamos, intensamente, a amizade social e a fraternidade para construirmos pontes e extirpar todo o ódio, particularmente o de divisões políticas-partidárias, que tanto dano fazem para a convivência com o diferente e a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna! 

A liturgia da Quarta-feira de Cinzas é profundamente enraizada na tradição bíblica, conectando-nos à narrativa da criação, ao apelo à conversão dos profetas e aos ensinamentos diretos de Jesus. Ao iniciar a Quaresma com as cinzas, somos convidados a refletir sobre nossa fragilidade, a abraçar a penitência, a buscar a misericórdia divina e a cultivar uma espiritualidade autêntica. Que este tempo sagrado nos conduza a uma renovação interior, preparando-nos para celebrar a vitória da vida sobre a morte na ressurreição de Cristo. Amém. 

 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

Fonte: Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

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Encontro da Comissão Nacional de Pastoral Juvenil Salesiana 2024

No último sábado (14), no Colégio Santa Inês, em São Paulo (SP), aconteceu o Encontro da Comissão Nacional de Pastoral Juvenil Salesiana (CNPJS), com a presença dos Delegados e das Coordenadoras Inspetoriais de Pastoral Juvenil das Inspetorias dos Salesiano de Dom Bosco (SDB) e das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) do Brasil. Durante a programação foram vivenciados momentos de planejamento da caminhada, em vista de uma maior sistematização dos processos pastorais. A Pastoral Juvenil (PJ) constitui o coração da missão educativa salesiana que busca, através de itinerários de fé, educar evangelizando e evangelizar educando. Segundo as Linhas Orientadoras da Missão Educativa das FMA (nº 78): “A missão educativa das FMA se realiza mediante uma pastoral juvenil inculturada que se inspira no Sistema Preventivo, vivido como espiritualidade radicada na caridade de Cristo e na solicitude materna de Maria. Tal pastoral tem como objetivo prioritário conduzir ao encontro com Jesus de Nazaré.” O Dicastério para a Pastoral Juvenil Salesiana, em seu Quadro de Referencial, afirma (pag. 59): “A meta proposta pela Pastoral Juvenil Salesiana para todo jovem é a construção da própria personalidade, tendo Cristo como referência fundamental; referência que, tornando-se progressivamente explícita e interiorizada, o ajude a ver a história como Ele, a julgar a vida como Ele, a escolher e a amar como Ele, a esperar como Ele ensina, a viver n’Ele a comunhão com o Pai e o Espírito Santo” (cf. CG23, n. 112-115). “O encontro da Comissão Nacional de Pastoral Juvenil é um espaço muito rico em sinodalidade. Juntos, FMA e SDB, compartilhamos nossas experiências vividas nas várias realidades do Brasil e traçamos linhas de ação para promover uma caminhada pastoral processual que corresponda aos apelos juvenis da atualidade. Em rede, nosso trabalho se torna mais fecundo e nossa missão se fortalece ainda mais”, diz a Coordenadora Nacional da PJS e representante da Inspetoria Maria Auxiliadora, Irmã Claudiane Cavalcante. “A experiência da reunião da CNPJS é sempre enriquecedora, pois demonstra a diversidade das inspetorias SDB e FMA, reunidas para planejar as atividades diversas, em nível nacional, unidas pelo mesmo carisma. Daí vem a riqueza da experiência”, conclui o Coordenador Nacional da PJS e representante da Inspetoria São João Bosco, Padre José Ricardo Mole. Escrito por Ir. Claudiane Cavalcante, Coordenadora Nacional da PJS

A Independência do Brasil e o Grito dos Excluídos e Excluídas

A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas nasceu em uma reunião de avalição do processo da 2ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que aconteceu nos anos de 1993 e 1994.  POR QUE O 7 DE SETEMBRO?  Desde 1995, o Grito dos Excluídos e Excluídas acontece no dia 7 de setembro, dia oficial da comemoração da Independência do Brasil. Nada melhor do que esta data para refletir sobre a soberania nacional. Nesta perspectiva, o Grito se propõe a superar um patriotismo passivo em vista de uma cidadania ativa e de participação, colaborando na construção de uma nova sociedade, justa, solidária, plural e fraterna.  Nestes 30 anos de trajetória, o Grito faz um contraponto à história oficial da independência do Brasil. Na contramão dos desfiles cívicos e militares, que sempre marcaram o 7 de setembro, conclama o povo, sobretudo os pobres e excluídos, a descerem das arquibancadas, deixar o patriotismo passivo, e ocupar praças e ruas na defesa de seus direitos. Assim, o Dia da Pátria se tornou também um dia de consciência política de luta por uma nova ordem nacional e mundial. O Grito mudou a cara do 7 de setembro e da Semana da Pátria. Em todo o país, a cada ano, multiplicam-se manifestações e atividades, por meio de variadas formas de luta e linguagens: celebrações, atos, caminhadas, romarias, seminários, rodas de conversa, festivais, concursos de redação nas escolas, apresentações de música, teatro, dança, poesia, café na praça, programas de rádio, carros e bicicletas de som, lives.  GRITO DOS EXCLUÍDOS E EXCLUÍDAS 2024 Este ano, o Grito dos Excluídos celebra 30 anos de existência e traz o tema “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”. “Nestes 30 anos de resistência, lutas, anúncio e avanços, o Grito dos Excluídos e Excluídas esperançou um mundo justo e acolhedor. E seguirá incentivando ações que fortaleçam e mobilizem as pessoas para as lutas sociais, denunciar as in-justiças e os males causados por este sistema neo¬liberal/capitalista, que exclui, degrada e mata to¬das as formas de vida, concentra a riqueza, a renda nas mãos de poucos e impõe miséria para milhões”, lê-se nos objetivos do Jornal O Grito nº. 81. Confira o Jornal na íntegra e mais informações sobre o Dia dos Excluídos e Excluídas clicando aqui. Fonte: gritodosexcluidos.com

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O lançamento do livro “São Francisco de Sales – Doutor do Amor”, de autoria do Salesiano de Dom Bosco (SDB) e Diretor Geral do Boletim Salesiano, Padre Tarcizio Paulo Odelli, aconteceu durante o curso de Espiritualidade Salesiana a partir de São Francisco de Sales, realizado em Porto Alegre (RS), entre os dias 3 e 5 de setembro. A obra tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre a vida e a espiritualidade de São Francisco de Sales, patrono da Família Salesiana. Segundo o autor, o livro é resultado de mais de 20 anos de estudos e pregações sobre o santo. Padre Tarcizio destacou que a motivação para escrever a obra surgiu a partir dos retiros espirituais e cursos de formação nos quais apresentava, em formato de slides, o conteúdo que agora foi estruturado em texto. “É uma pessoa fascinante, não tem como não o tornar mais conhecido”, disse ele. A obra está organizada em seções que abordam a época histórica em que viveu São Francisco de Sales, sua biografia, além de temas centrais de sua espiritualidade, como o chamado à santidade, humanismo e o amor à Igreja. O livro também traz uma pequena biografia de Santa Joana de Chantal e aborda o “encontro” de São Francisco com São João Bosco. Para o Pe. Tarcizio, estudar a vida de São Francisco de Sales é essencial para entender sua contribuição inovadora à Igreja, especialmente por sua espiritualidade do amor, que é acessível a todos. A obra de São Francisco de Sales “Introdução à Vida Devota”, escrita há mais de 400 anos, continua sendo uma das mais lidas no mundo, perdendo apenas para a Bíblia e a “Imitação de Cristo”. Naquela época, valorizar os leigos foi uma grande novidade, e até o Concílio Vaticano II, seus ensinamentos permaneceram como referência. “Esta espiritualidade do amor é muito simples para ser vivida. Como ele dizia: ‘fazer tudo por amor e nada por força’. A santidade não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas fazer as coisas ordinárias com perfeição extraordinária”, ressalta o padre. A obra é voltada principalmente à Família Salesiana, mas Pe. Tarcizio ressalta que o conteúdo é acessível a todos os interessados em conhecer melhor o doutor da espiritualidade do amor. “Francisco de Sales contribuiu com a Igreja sendo um grande inovador e apresentando uma espiritualidade simples, acessível a todos”, afirmou o autor. Fonte: Inspetoria São Pio X / Escrito por Eduardo Schmitz

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