A Missão Salesiana está presente nos quatro cantos do Brasil, apoiando todos aqueles que mais precisam através do carisma proposto por Dom Bosco e Madre Mazzarello, com uma opção preferencial pela juventude em situação de vulnerabilidade social. Na Tríplice Fronteira, existe uma equipe itinerante que atua na Panamazônia com três núcleo de presença: Manaus, BOLPEBRA (Bolívia, Peru e Brasil), do lado do Peru, fronteira com o Acre; e COBRAVE (Colômbia, Brasil e Venezuela). Em uma verdadeira experiência sinodal, a Filha de Maria Auxiliadora (FMA), Ir. Claudia da Costa Matos, em visita ao escritório central da Rede Salesiana Brasil, em Brasília (DF), conta um pouco do trabalho desenvolvido por lá: “É importante dizer que a ação Salesiana na Tríplice Fronteira não é isolada, mas intercongregacional. Eu sou enviada pela minha Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia para compor a equipe e somar com outros carismas congregacionais e instituições que sonham com uma Igreja em Saída e ensaiam novos caminhos de sinodalidade”.
Dentre as ações realizadas pela equipe formada por diferentes congregações da qual Ir. Claudia faz parte, há uma definição dos sujeitos inter-relacionados com quem eles interagem: Mãe Terra, Rostos Urbanos Empobrecidos, Rostos Ribeirinhos, Rostos Indígenas. “Com os povos amazônicos perseguidos e excluídos é que os membros da Equipe querem caminhar e partilhar a vida, tendo a Mãe Terra como base que sustenta sua vida e a vida de todos os habitantes do planeta”, diz Ir. Claudia.
Rostos Urbanos Empobrecidos: Acontece um grande êxodo forçado de populações indígenas e ribeirinhas rumo à grande cidade.
Rostos Ribeirinhos: Existem muitas comunidades ribeirinhas que só podem ser visitadas quando os rios estão cheios. Muitas só uma vez ao ano, quando muito, e levam-se vários dias de barco para chegar até elas.
Rostos Indígenas: São moradores ancestrais e originários da América e da Floresta Amazônica, com línguas e culturas próprias, milenários.
“Nas fronteiras, os problemas são sempre mais complexos. Temos que lidar diariamente com o fluxo migratório e refugiados, tráfico de pessoas, exploração, desrespeito, preconceito e todas as formas de ameaça contra os povos originários, além das grandes distâncias geográficas que dificultam os acessos: estradas de barro ou pelos rios, tornando o custo de transporte e combustível muito alto”, comenta Ir. Claudia sobre as dificuldades que as equipes enfrentam para fazer chegar o apoio às comunidades mais desfavorecidas.
A EXPERIÊNCIA DA ALAGAÇÃO
Em março deste ano, junto ao Povo de Iñapari e Assis Brasil, a Equipe da Tríplice Fronteira viveu o alagamento da casa sede da missão. “A opção da Equipe Itinerante de viver onde o pobre vive, como ele vive, nos proporciona experimentar o mistério da encarnação de Jesus. Foi exatamente na noite do dia 24 de março, comemoração mensal de Maria Auxiliadora, que vivi com o Povo de Iñapari e Assis Brasil a triste realidade de ver a água subindo a calçada, entrando em casa e ter que passar a madrugada recolhendo tudo para outro local. Ali eu não estava como alguém que assiste pela televisão ou alguém que faz campanha para ajudar os atingidos. Nós da Equipe e o povo estávamos na mesma situação, um ajudando o outro. Depois de recolher as coisas, ser acolhida na casa de alguém e esperar a água baixar, foi a hora de consertar o que foi estragado, limpar e trazer de volta as poucas coisas que possuímos na casa. Depois da enchente chega a gripe, as coceiras, o cansaço, mas é uma alegria poder viver com o pobre, como pobre, porque não é um olhar de fora, é verdadeiramente pisar na lama e deixar-se enlamear”, conta Ir. Claudia.
A EXPERIÊNCIA NO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE
Na última sexta-feira do mês de abril (28/04), Ir. Claudia, juntamente com o franciscano conventual e membro da equipe, Frei Erick Marin, duas representantes sateré de Maués (AM) e uma delegação do Acre com povos Manchineri e Jaminawa com quem trabalham na luta pela demarcação de suas terras, estive presente no Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF), para participar do evento de assinatura dos decretos de homologação de seis terras indígenas, dando andamento aos processos que estavam parados desde 2018.
“Foi uma rica experiência estar nos espaços de luta. A participação no Acampamento Terra Livre representa estar nos espaços de incidência política, de aprendizagem da força dos pequenos que se fazem grandes quando se juntam para reivindicar seus direitos. Acompanhar a assinatura do Presidente Lula da homologação de seis terras Indígenas revigora a esperança e forças de continuar lutando, tanto para nós, quando para os Manchineri e Jaminawa que estão em fase de demarcação de suas terras”, conta Ir. Claudia.
Dentre os inúmeros desafios e ações de garantia de direitos e proteção dos povos em situação de vulnerabilidade na Tríplice Fronteira, Ir. Claudia evidencia que uma das maiores alegrias desta missão é justamente somar ao trabalho de outros grupos que compartilham do mesmo carisma e intenção de cuidado da Casa Comum. “Pessoalmente, penso que a possibilidade de estar como Filha de Maria Auxiliadora na Equipe Itinerante, somando com outras congregações e instituições se insere na lógica da contemporaneidade refletida e proposta pelo nosso Instituto, na alegria de ser Salesiana somando com outros carismas que sonham com uma Igreja sinodal em busca do bem viver”, finaliza Ir. Claudia.
Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil