11/05/2023

A Missão Salesiana na Tríplice Fronteira

A Missão Salesiana na Tríplice Fronteira

A Missão Salesiana está presente nos quatro cantos do Brasil, apoiando todos aqueles que mais precisam através do carisma proposto por Dom Bosco e Madre Mazzarello, com uma opção preferencial pela juventude em situação de vulnerabilidade social. Na Tríplice Fronteira, existe uma equipe itinerante que atua na Panamazônia com três núcleo de presença: Manaus, BOLPEBRA (Bolívia, Peru e Brasil), do lado do Peru, fronteira com o Acre; e COBRAVE (Colômbia, Brasil e Venezuela). Em uma verdadeira experiência sinodal, a Filha de Maria Auxiliadora (FMA), Ir. Claudia da Costa Matos, em visita ao escritório central da Rede Salesiana Brasil, em Brasília (DF), conta um pouco do trabalho desenvolvido por lá: “É importante dizer que a ação Salesiana na Tríplice Fronteira não é isolada, mas intercongregacional. Eu sou enviada pela minha Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia para compor a equipe e somar com outros carismas congregacionais e instituições que sonham com uma Igreja em Saída e ensaiam novos caminhos de sinodalidade”.

Dentre as ações realizadas pela equipe formada por diferentes congregações da qual Ir. Claudia faz parte, há uma definição dos sujeitos inter-relacionados com quem eles interagem: Mãe Terra, Rostos Urbanos Empobrecidos, Rostos Ribeirinhos, Rostos Indígenas. “Com os povos amazônicos perseguidos e excluídos é que os membros da Equipe querem caminhar e partilhar a vida, tendo a Mãe Terra como base que sustenta sua vida e a vida de todos os habitantes do planeta”, diz Ir. Claudia.

Rostos Urbanos Empobrecidos: Acontece um grande êxodo forçado de populações indígenas e ribeirinhas rumo à grande cidade.

Rostos Ribeirinhos: Existem muitas comunidades ribeirinhas que só podem ser visitadas quando os rios estão cheios. Muitas só uma vez ao ano, quando muito, e levam-se vários dias de barco para chegar até elas.

Rostos Indígenas: São moradores ancestrais e originários da América e da Floresta Amazônica, com línguas e culturas próprias, milenários.

“Nas fronteiras, os problemas são sempre mais complexos. Temos que lidar diariamente com o fluxo migratório e refugiados, tráfico de pessoas, exploração, desrespeito, preconceito e todas as formas de ameaça contra os povos originários, além das grandes distâncias geográficas que dificultam os acessos: estradas de barro ou pelos rios, tornando o custo de transporte e combustível muito alto”, comenta Ir. Claudia sobre as dificuldades que as equipes enfrentam para fazer chegar o apoio às comunidades mais desfavorecidas.

  

A EXPERIÊNCIA DA ALAGAÇÃO

Em março deste ano, junto ao Povo de Iñapari e Assis Brasil, a Equipe da Tríplice Fronteira viveu o alagamento da casa sede da missão. “A opção da Equipe Itinerante de viver onde o pobre vive, como ele vive, nos proporciona experimentar o mistério da encarnação de Jesus. Foi exatamente na noite do dia 24 de março, comemoração mensal de Maria Auxiliadora, que vivi com o Povo de Iñapari e Assis Brasil a triste realidade de ver a água subindo a calçada, entrando em casa e ter que passar a madrugada recolhendo tudo para outro local. Ali eu não estava como alguém que assiste pela televisão ou alguém que faz campanha para ajudar os atingidos. Nós da Equipe e o povo estávamos na mesma situação, um ajudando o outro. Depois de recolher as coisas, ser acolhida na casa de alguém e esperar a água baixar, foi a hora de consertar o que foi estragado, limpar e trazer de volta as poucas coisas que possuímos na casa. Depois da enchente chega a gripe, as coceiras, o cansaço, mas é uma alegria poder viver com o pobre, como pobre, porque não é um olhar de fora, é verdadeiramente pisar na lama e deixar-se enlamear”, conta Ir. Claudia.

 

A EXPERIÊNCIA NO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE

Na última sexta-feira do mês de abril (28/04), Ir. Claudia, juntamente com o franciscano conventual e membro da equipe, Frei Erick Marin, duas representantes sateré de Maués (AM) e uma delegação do Acre com povos Manchineri e Jaminawa com quem trabalham na luta pela demarcação de suas terras, estive presente no Acampamento Terra Livre, em Brasília (DF), para participar do evento de assinatura dos decretos de homologação de seis terras indígenas, dando andamento aos processos que estavam parados desde 2018.

“Foi uma rica experiência estar nos espaços de luta. A participação no Acampamento Terra Livre representa estar nos espaços de incidência política, de aprendizagem da força dos pequenos que se fazem grandes quando se juntam para reivindicar seus direitos. Acompanhar a assinatura do Presidente Lula da homologação de seis terras Indígenas revigora a esperança e forças de continuar lutando, tanto para nós, quando para os Manchineri e Jaminawa que estão em fase de demarcação de suas terras”, conta Ir. Claudia.

Dentre os inúmeros desafios e ações de garantia de direitos e proteção dos povos em situação de vulnerabilidade na Tríplice Fronteira, Ir. Claudia evidencia que uma das maiores alegrias desta missão é justamente somar ao trabalho de outros grupos que compartilham do mesmo carisma e intenção de cuidado da Casa Comum. “Pessoalmente, penso que a possibilidade de estar como Filha de Maria Auxiliadora na Equipe Itinerante, somando com outras congregações e instituições se insere na lógica da contemporaneidade refletida e proposta pelo nosso Instituto, na alegria de ser Salesiana somando com outros carismas que sonham com uma Igreja sinodal em busca do bem viver”, finaliza Ir. Claudia.

 

Por Equipe de Comunicação da Rede Salesiana Brasil

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Prêmio Carlo Marchini 2024 é atribuído à Irmã Salesiana FMA

No dia 19 de outubro de 2024, em Brescia, Itália, será atribuído o Prêmio Carlo Marchini 2024 a uma Irmã Salesiana Filha de Maria Auxiliadora (FMA) da Inspetoria Madre Mazzarello, com sede em Belo Horizonte (MG). No dia 19 de outubro de 2024, no Auditório do Centro de Congressos Capretti, em Brescia, Lombardia, a Associação Carlo Marchini Onlus, dedicada ao apoio à infância no Brasil, atribuirá o Prêmio Carlo Marchini, instituído em 2019 em favor dos missionários brasileiros próximos à Família Salesiana, “em reconhecimento do compromisso assumido em favor das crianças desfavorecidas que vivem nas áreas mais pobres do país”. O Prêmio será concedido à Salesiana Filha de Maria Auxiliadora (FMA), Irmã Maria Helena de Resende, da Inspetoria Madre Mazzarello (BMM) que, “depois de uma experiência de muitos anos como professora e coordenadora de escolas salesianas em diversas cidades, desde 1995 colabora com a nossa Associação para ajudar os menores mais desfavorecidos presentes nos institutos Maria Imaculada em Barbacena e Nossa Senhora Auxiliadora em Cachoeira do Campo”.  Na premiação do dia 19 de outubro, estará presente a Conselheira Geral da Comunicação do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, Irmã Maria Ausilia De Siena. No mesmo dia, outros três missionários receberão o “Prêmio Coração Amigo”, concedido anualmente pela Associação Cuore Amico Fraternidade ETS para honrar o mundo missionário: Irmã Elvira Tutolo (Irmãs da Caridade de S. A. Thouret), desde 2021 na República Centro-Africana; Padre João Gentilin (Canossiano), desde 1983 nas Filipinas; Marilena Valvano, leiga, desde 1993 na Venezuela. SOBRE IRMÃ MARIA HELENAIrmã Maria Helena de Resende nasceu em 5 de outubro de 1938, em Resende Costa, uma cidade do interior do estado de Minas Gerais. Como conta ela mesma, aos 15 anos mudou-se para São João Del Rei, onde começou a trabalhar numa fábrica têxtil para ajudar a família, pois o pai estava muito doente e não podia trabalhar. “Foi uma boa experiência, porque, trabalhando há 20 anos com as Obras Sociais, agora percebo as dificuldades enfrentadas pelos pais que têm que deixar os filhos nestas instituições”. Depois de estudar literatura na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São João Del Rei, passou a lecionar português e inglês em escolas de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São João Del Rei, Anápolis e Brasília. “Um dia recebi o chamado de uma Irmã que me convidava a trabalhar com ela em um centro de assistência social. Aceitei o convite e, com a aprovação da Inspetora, comecei a trabalhar em Barbacena. Lá permaneci por oito anos e depois fui designada para a obra social Chiara Palazzoli, de Contagem, Belo Horizonte, onde permaneci apenas um ano. Em seguida, a Inspetora precisou de uma irmã como Diretora da Obra social de Cachoeira do Campo, e eis-me aqui”. De fato, atualmente é Diretora da Obra Social Salesiana Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (INSA), de Cachoeira do Campo (MG), onde continua a se dedicar incansavelmente e com paixão ao cuidado e à promoção de meninos(as) e adolescentes, com um impacto positivo em suas famílias e no território. “O que faço aqui me entusiasma, pois trabalho com 120 crianças e adolescentes, assistidos por dez educadores que desempenham sua missão com grande amor e dedicação. Temos diversas oficinas para os alunos, como: apoio pedagógico, informática, artesanato, projeto de vida, esportes, música, teatro, dança, etc.” Como Diretora, Irmã Maria Helena acolhe os alunos, assiste no pátio, realiza reuniões para pais e educadores, oferece acompanhamento individual a pais e alunos. “Sou como um patinho no lago, fazendo o que sempre quis fazer”, afirma. SOBRE O INSTITUTO NOSSA SENHORA AUXILIADORA (INSA)O Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (INSA) é uma organização civil, sem fins lucrativos, das Filhas de Maria Auxiliadora situada em Cachoeira do Campo, um bairro de Ouro Preto, em Minas Gerais. Os seus objetivos são a promoção da infância e da adolescência, a consolidação dos laços familiares e comunitários, a prevenção das situações de risco, desenvolvendo as potencialidades dos meninos(as) e adolescentes para que se tornem autônomos, protagonistas e cidadãos capazes de contribuir para a transformação da sociedade. Destina-se à população que vive numa situação de vulnerabilidade social derivada da pobreza e das privações devido, entre outros fatores, à falta de renda, ao acesso precário ou inexistente aos serviços públicos e/ou à fragilidade afetiva. Ocupa-se de meninos(as) e adolescentes de 6 a 14 anos, oferecendo-lhes, de segunda a sexta-feira, almoço, merenda e diversas oficinas por meio das quais trabalha-se sobre temas como cidadania, ambiente, valores, Projeto de Vida, música, família, democracia e a cooperação através de atividades esportivas, artísticas e culturais. A metodologia baseia-se no Sistema Preventivo de Dom Bosco e de Madre Mazzarello e é marcada pelo trinômio salesiano Razão, Religião e Amorevorezzza. Fonte: Istituto Figlie di Maria Ausiliatrice / Fotos: Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (INSA), Cachoeira do Campo (MG)

Conectar, compartilhar e crescer: ação em rede no trabalho salesiano

A Rede América Social Salesiana (RASS) promove o fortalecimento do trabalho em rede: em nível local, para que as Obras e os Serviços Sociais salesianos compartilhem boas práticas e trabalhem na comunicação e na sinergia dentro das Inspetorias; e em nível global, fortalecendo a colaboração e as sinergias com outras redes salesianas para jovens, de diversas áreas geográficas (a Rede Salesiana do Brasil - RSB; a organização Don Bosco Youth at Risk Social Forum - DB YaR, Índia; Salesianos pelo Social APS - SxS, Itália; e as Plataformas Sociais Salesianas - Espanha). Desta forma, as diversas entidades visam nutrir a experiência partilhada, incentivar o empenho pelo carisma salesiano e procurar soluções sustentáveis. Durante o Encontro Continental das Obras e Serviços Sociais Salesianos da América, realizado de 9 a 13 de setembro, em Aparecida, Brasil, foram apresentadas as boas práticas do que se realiza nas obras sociais das Inspetorias da América e diversas oficinas de acordo com os seguintes temas: mobilidade humana, empregabilidade juvenil, dependências químicas, trabalho infantil, violência juvenil, redes internacionais. Cada mesa de trabalho promoveu um espaço de diálogo no qual foram identificados os pontos fracos, ameaças, forças, oportunidades (análise SWOT) da ação salesiana em cada campo, considerando os critérios transversais de evangelização, direitos humanos e saúde mental dos jovens. Na mesa-redonda “Trabalho em rede em nível internacional”, a partir da análise inicial, os participantes refletiram sobre possíveis estratégias para fortalecer a ação salesiana em nível global; entre essas destacam-se: Fortalecer a comunicação interna e externa; aumentar a participação em espaços de ‘advocacy’: na Congregação e na Política; focalizar a profissionalização em nível local para promover credibilidade e continuidade; implementar a abordagem baseada nos direitos humanos nos processos, de forma transversal; fortalecer a articulação das Redes da Congregação, da Pastoral Juvenil, das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONG) e dos Escritórios Inspetoriais de Planejamento e Desenvolvimento (EPD). Por exemplo, manter o espaço de troca de experiências do Encontro de Obras e Serviços Sociais da América, dos EPD e das ONG Salesianas, promovido pela RASS cada dois anos; fortalecer estratégias de comunicação e captação de recursos; sensibilizar e criar espaços de diálogo internos e externos sobre a abordagem baseada nos Direitos Humanos; promover espaços conjuntos de formação sobre a abordagem baseada nos Direitos Humanos na Congregação e incentivar o desenvolvimento de Comissões de Direitos Humanos em nível provincial, como no caso das Inspetorias da Colômbia (COB e COM). Este processo de fortalecimento da rede reflete a riqueza da diversidade e a força da unidade. Ao partilhar desafios e sonhos, as obras sociais salesianas tornam-se um organismo global mais coeso, capaz de enfrentar de forma mais eficaz os problemas que surgem nos contextos locais. Assim, cada passo dado na construção dessa Rede Global não somente fortalece a missão salesiana, mas também alimenta o sonho de um mundo em que cada jovem, independentemente de sua situação, pode encontrar um lugar de acolhida, de formação e de esperança. Ao final dos trabalhos em Aparecida (SP), o Conselheiro Geral para a Pastoral Juvenil Salesiana, Pe. Miguel Ángel García Morcuende, juntamente com outros Dirigentes que participaram do evento, enviaram um pequeno vídeo de agradecimento aos organizadores, disponível no ANSChannel. Fonte: Agenzia Info Salesiana (ANS) / Escrito por Soledad Soto, Rede América Social Salesiana (RASS)

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