09/08/2022

Edith Stein: filósofa, educadora e santa para os nossos dias

Edith Stein: filósofa, educadora e santa para os nossos dias

Edith Stein nasceu em uma família judaica, no dia 12 de outubro de 1891, na cidade de Breslávia/Alemanha, que hoje se chama Wroclaw e pertence à Polônia. Ela era a caçula entre onze filhos, dos quais quatro faleceram precocemente, ainda na primeira infância; e seu pai, um comerciante de madeira, faleceu vítima de insolação, em uma viagem de negócios pelo interior da Alemanha, quando Edith tinha apenas dois anos de idade.

Desde menina, Edith se destacou nos estudos, mostrando-se determinada, de caráter inabalável e muita obstinação. Na adolescência, viveu uma crise e abandonou a escola, as práticas religiosas e a crença consciente em Deus. Após morar na cidade de Hamburgo com sua irmã mais velha, Edith retornou então ao lar e manifestou à sua mãe o desejo de retornar aos estudos. A Sra. August lhe proporcionou aulas particulares para que, após os exames, Edith pudesse entrar diretamente em cursos da etapa secundária, o que ocorreu no ano de 1908, ingressando na “Viktoria Schule”. Após três anos de estudo, Edith adquiriu o certificado entre os primeiros lugares e, em 1911, foi admitida ao ensino superior, de acordo com a legislação educacional da época.

Na Universidade de Breslau, ela cursou Psicologia em seu curso principal e paralelamente Germanística e História, buscando sempre a verdade primordial das coisas e cedo se decepcionou com a Psicologia, pois dizia que lhe faltava uma base de antropologia filosófica. Edith leu um livro chamado “Investigações Lógicas” e se interessou em conhecer seu autor, o Prof. Edmund Husserl, o qual lecionava na Universidade de Göttingen, para onde ela se dirigiu em 1913. O Prof. Husserl se admira com a sua inteligência e ela passa a estudar com ele e depois ser torna sua assistente.

Quando estourou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), muitos amigos de Edith Stein foram enviados ao front para combater e ela, considerando um dever, resolveu inscrever-se, voluntariamente, como enfermeira em algum hospital de campanha. Após um breve curso na Cruz Vermelha, em 1915, Edith partiu para o improvisado hospital em Mährisch-Weisskirchen, na Áustria e lá acabou fazendo-se notar por colegas superiores e pacientes, pelo seu extremo devotamento e disponibilidade. Seria esta, a primeira grande experiência para ela da angústia, do sofrimento e da morte.

De volta a Göttingen, Edith começou a escrever sua tese de doutoramento que versava sobre o tema da “empatia”. Após vários meses de exaustivas leituras, muitas discussões com o mestre e alguns colegas, em agosto de 1916, apresenta sua tese e obtém a nota máxima “summa cum laude”, que era a maior graduação possível. Naquele momento a Dra. Edith Stein, se colocava entre as únicas doze mulheres doutoras, que existiram na Alemanha dos últimos 500 anos.

Como estudiosa sobre o “ser humano”, buscava compreender “quem é o ser humano na sua totalidade” e para isso utilizou o método fenomenológico, que aprendeu com seu mestre Husserl. Em 1921, ao ler a autobiografia de Santa Teresa d'Ávila disse: “aqui está a verdade que tanto busco”. Tocada pela luz da fé, converteu-se e foi batizada no dia 1° de janeiro de 1922. Mas a mãe e os irmãos nunca compreenderam ou aceitaram sua adesão ao catolicismo. A exceção foi sua irmã Rosa, que se converteu e foi batizada no seio da Igreja, após a morte da mãe, em 1936.

Edith Stein começou a servir a Deus com seus talentos acadêmicos. Lecionou na escola das Irmãs Dominicanas de Santa Madalena, em Speyer/Alemanha, foi conferencista em muitas instituições católicas e, por fim, lecionou no Instituto Superior de Pedagogia, em Münster/Alemanha.

Em 1933, Hitler e o partido nazista chegavam ao poder. Todos os professores não-arianos foram demitidos, assim como Edith. Como já tinha o desejo de ingressar na Ordem das Carmelitas Descalças, em 15 de abril de 1934, tomou o hábito e o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz. Quatro anos depois, em 21 de abril de 1938, realizou sua profissão solene e perpétua, recebendo o definitivo hábito marrom das Carmelitas.

A perseguição nazista aos judeus alemães intensificou-se e Edith foi transferida para o Carmelo de Echt, na Holanda. Um ano depois, sua irmã Rosa foi juntar-se a ela nesse Carmelo holandês, pois desejava seguir a vida religiosa. Foi aceita, mas permaneceu como irmã leiga Carmelita, não podendo professar os votos religiosos. O momento era desfavorável aos judeus, mesmo para os convertidos cristãos.

A Segunda Guerra Mundial começou e a expansão nazista alastrou-se pela Europa e pelo mundo. A Holanda foi invadida e anexada ao Reich Alemão em 1941. A família de Edith Stein dispersou-se, alguns emigraram para a América e outros desapareceram nos campos de concentração. Edith e Rosa pediram permissão para transferir-se para o Carmelo de Haia/Suíça, mas as autoridades civis e sua burocracia não facilitaram essa transferência.

Em 26 de julho de 1942, publicamente, os bispos holandeses emitiram sua posição formal contra os nazistas e em favor dos judeus. Hitler considerou uma agressão da Igreja Católica local e revidou. Em agosto, a Gestapo, polícia secreta nazista, chegou ao Carmelo e chamou por Edith Stein. Ela percebeu a gravidade do momento e envolvida pelo sofrimento dos judeus e de todos que sofriam com a Segunda Guerra Mundial, foi à capela para rezar, ajoelhou-se pela última vez diante do Senhor. Depois com tranquilidade, foi à cela, pegou alguns de seus pertences e, honrando suas raízes judaicas, disse com amor à irmã Rosa: “Vem, vamos pelo nosso povo”.

No mesmo dia, juntamente com elas, outros 242 judeus católicos foram deportados para os campos de concentração, como represália do regime nazista à mensagem dos bispos holandeses. As duas irmãs foram levadas em um comboio de carga, junto com outras centenas de judeus e dezenas de convertidos, ao norte da Holanda, para o campo de Westerbork. Lá, Edith Stein, ou a "freira alemã", como a identificaram os sobreviventes, diferenciou-se muito dos outros prisioneiros que se entregaram ao desespero, lamentações ou prostração total. Ela procurava consolar os mais aflitos, levantar o ânimo aos abatidos e cuidar do melhor modo possível das crianças. Assim ela viveu alguns dias, suportando com doçura, paciência e conformidade a vontade de Deus, seu intenso sofrimento, e dos demais.

No dia 7 de agosto de 1942, Edith Stein, Rosa e centenas de homens, mulheres e crianças foram de trem para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Dois dias depois, em 9 de agosto, foram mortas na câmara de gás e tiveram seus corpos queimados.

Em 1º de maio de 1987, em Colônia, aconteceu a Beatificação da Irmã Teresa Benedita da Cruz, celebrada por Papa João Paulo II. No dia 11 de outubro de 1998, o Sumo Pontífice coroou a vida de Teresa Benedita da Cruz, com sua canonização no Vaticano e instituiu, oficialmente, no Calendário Litúrgico, a data de 9 de agosto como o dia dedicado à memória de Santa Teresa Benedita da Cruz, também chamada de Santa Edith Stein. A solenidade contou com a presença de personalidades ilustres, civis e religiosas, da Alemanha e da Holanda, além de alguns sobreviventes dos campos de concentração que a conheceram e de vários membros da família Stein, assim como da Dra. Angela Ales Bello, de Roma, e, dentre outros, da Ir. Adair Sberga do Brasil. No ano seguinte, o mesmo sumo pontífice declarou Santa Edith Stein, "co-Padroeira da Europa", junto com Santa Brígida e Santa Catarina de Sena.

Em uma de suas cartas escreveu: “Tenho a certeza de que o Senhor aceitou a minha vida por todos os judeus. Penso continuamente na rainha Ester, que foi levada do seu povo permanentemente para se apresentar perante o rei em favor do povo. Eu sou uma pequena Ester, muito pobre e fraca, mas o rei que me acolheu é infinitamente grande e misericordioso”.

Oração
“Senhor Jesus, Vós que dissestes ‘a verdade vos libertará’ e revelastes ser a própria verdade, socorrei-nos em nossas fraquezas e incoerências e, a exemplo do que fizestes com vossa serva Santa Teresa Benedita da Cruz, sustentai-nos também a nós na decisão de escolhermos a luz quando nos são apresentadas as trevas, de acolhermos a vida quando nos sugerem a morte, de aderirmos à verdade quando nos deparamos com mentiras e ilusões, para que vosso Reino se instaure cada vez mais entre nós. Vós que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo. Amém.”

 

(Fonte: Devocionário de Santa Edith Stein, Carmelo de São José, Cachoeira de Itapemirim/ES)

 

Texto escrito por: Ir. Adair Aparecida Sberga, Gerente Executiva da Editora Edebê.

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O caminho sinodal é uma das prioridades das salesianas

Assumir a sinodalidade missionária como estilo de vida que gera novos modos de participação, animação e governo é uma das três escolhas prioritárias do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora traçada em 2021, durante o último Capítulo Geral. O período foi de verificação, reflexão e orientação para uma busca comunitária da vontade de Deus para o Instituto «A sinodalidade para nós é um elemento carismático pois, como Instituto, somos sinodais desde o nascimento. Entendemos a sinodalidade como um modo de ser e de agir, promovendo a participação de todas na missão educativa comum», disse ao Vatican News a Madre Chiara Cazzuola, superiora-geral do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Ela acrescentou que a “sinodalidade” é a expressão da espiritualidade de comunhão que tem o seu fundamento na Trindade e se concretiza na comunhão entre as irmãs e os jovens. A originalidade de Maria Domingas Mazzarello, como madre, educadora e cofundadora, consiste no fato de ter colaborado para criar comunidades sinodais, ou seja, comunidades caracterizadas por trabalhar, rezar, viver e partilhar a vida e a missão “juntas”. A nossa missão entre os jovens Madre Cazzuola sublinha: «somos chamadas a animar e acompanhar, em contínuo discernimento, o crescimento vocacional de cada pessoa que nos é confiada». Nesse sentido, acrescenta, o objetivo prioritário da missão educativa é guiar a juventude ao encontro com Jesus de Nazaré. Os próprios jovens, portanto, tornam-se protagonistas das propostas educativas. Eles pedem-nos para assumir novos estilos e novas estratégias para uma pastoral mais aberta e sinodal em resposta às suas expetativas. «A missão educativa é confiada a toda a comunidade educadora - religiosos, leigos, jovens - e requer a convergência de múltiplas intervenções num projeto global de promoção que, por sua vez, exige a participação de várias vozes e em diferentes níveis de interação: eclesial, social, política. Dando centralidade aos jovens, a comunidade educativa está empenhada em tecer uma rede de solidariedade entre todos aqueles que acreditam e trabalham na missão educativa», observa Madre Cazzuola. Por isso, como ela sublinha, os métodos de intervenção pastoral devem ser procurados, testados e verificados no contexto em que se trabalha, para que sejam respostas às verdadeiras questões que emergem. Ser capaz de se coordenar harmoniosamente garante a sinergia de todos os recursos em volta do projeto comum, para além dos diferentes modos e organismos de animação. «A vida cresce e desenvolve-se se procurarmos juntos alimentá-la, trabalhando com otimismo e caridade pastoral e reforçando a comunhão com Jesus, verdadeira fonte da nossa comunhão» conclui a superiora-geral. Gerir as inevitáveis divergências e conflitos «A caridade deve ser a força poderosa que estimula, anima, reúne tantas pessoas diferentes e as ajuda a superar os inevitáveis conflitos e pobrezas a todos os níveis. É necessário encontrar tempo e ter a oportunidade de se exprimir, de se escutar com atenção e respeito, mesmo e sobretudo quando o outro pensa de forma diferente», diz ao Vatican News a Madre Yvonne Reungoat, superiora-geral emérita, perita e facilitadora da Assembleia Sinodal. Ela acrescenta que esse confronto deve ser sustentado pela firme vontade de procurar o que une para que prevaleça sobre aquilo que divide. «As escolhas e decisões devem sempre amadurecer na reflexão e na oração». Ser pessoas de comunhão e reconciliação Partilhando a sua experiência, a Madre Reungoat sublinha que se chega à convergência e a ser pessoas de comunhão e de reconciliação, apesar da diversidade de pontos de vista, quando se avança no caminho do diálogo, da clareza, da hospitalidade recíproca, na consciência da necessidade de um processo contínuo de conversão do coração e da mente segundo o Evangelho. «A discordância e o conflito não podem ser negados porque, quando são bem geridos, tornam-se preciosas oportunidades de crescimento para todos: provocam reflexão, aprofundamento, impelem-nos sempre a ir mais longe, a verificar se caminhamos de fato nos sulcos do carisma ou se corremos o risco de ficar fechadas numa rigidez de pensamento e presas nos nossos pontos de vista, embora sempre parciais», diz a Madre Reungoat. Sublinha que a «boa gestão do desacordo e do conflito pode ajudar-nos a fazer a passagem pascal do “eu” individualista para o “nós” comunitário/eclesial». E a superiora-geral emérita das Irmãs Salesianas conclui: “Nunca devemos esquecer que somos uma comunidade para a missão.” Fonte: Escrito por Irmã Ausilia De Siena para Vaticannews.va

Santa Madalena Morano: Exemplo de dedicação e amor à juventude

Nascida em Chieri (Turim), no dia 15 de novembro de 1847, Madalena Catarina Morano começou, desde muito jovem, um tirocínio pedagógico com as crianças do lugar (Buttigliera); a isso dedicaria toda a sua vida, especialmente depois de ter conseguido o diploma de professora. Rica de experiência didática e catequética, já com trinta anos, aconselhada por Dom Bosco, pôde realizar um desejo de consagração alimentado desde a sua primeira comunhão. Em 1879 já era Filha de Maria Auxiliadora e pediu a Deus a graça de "não morrer antes de ter completado a sua medida da santidade".Destinada à Sicília, em 1881, deu início ali a uma fecunda obra educativa entre as meninas e as jovens das camadas populares. Voltando continuamente "um olhar para a terra e dez para o céu", abriu escolas, oratórios, internatos e oficinas de trabalhos manuais em toda a ilha.Nomeada Superiora provincial, assume também o empenho formativo das numerosas novas vocações, atraídas pelo seu zelo e pelo clima comunitário que se criava ao seu redor.Seu multíplice apostolado era apreciado e encorajado pelos Bispos que entregaram à sua evangélica capacidade empreendedora a Obra dos Catecismos. Com a saúde minada por um tumor, no dia 26 de março de 1908, Ir. Morano encerrou em Catânia uma vida de plena coerência, vivida sempre no intento de "jamais impedir a ação da Graça com concessões ao egoísmo pessoal".Na mesma cidade, João Paulo II a proclamou Bem-aventurada, no dia 05 de novembro de 1994. A celebração da memória cai no dia que recorda o seu nascimento terreno: 15 de novembro. Seus restos mortais são venerados na Capela das Filhas de Maria Auxiliadora, em Alì Terme (Messina). Nascimento: 15/11/1847Venerável: 01/09/1988Beato: 05/11/1994Celebração Litúrgica: 15 de novembroFalecimento (nascimento para o céu): 26/03/1908 Fonte: cgfma.net

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