Nos últimos sábado e domingo (25 e 26) aconteceu a I Jornada Mundial das Crianças (JMC). Dentro da programação, o Papa Francisco foi recebido por milhares delas no Estádio Olímpico de Roma. Suas palavras iniciais foram um convite para dar o "pontapé inicial" a um movimento de meninos e meninas que querem construir um mundo de paz, “onde sejamos todos irmãos, um mundo que tem futuro, porque queremos cuidar do ambiente que nos rodeia”, disse o Pontífice.
"Em vocês, crianças, tudo fala de vida, de futuro, e a Igreja, que é mãe, as acolhe e as acompanha com ternura e esperança", disse ainda Francisco. O Papa recordou que em 7 de novembro passado, teve "a alegria de acolher no Vaticano milhares de crianças provenientes de várias partes do mundo". “Naquele dia, vocês trouxeram uma onda de alegria; e me fizeram suas perguntas sobre o futuro. Aquele encontro deixou uma marca no meu coração e eu entendi que aquela conversa com vocês devia continuar, devia estender-se a muitas outras crianças e adolescentes. É por isso que estamos aqui hoje: para continuar a dialogar, para fazer perguntas e dar respostas”.
Francisco ainda comentou sobre as guerras atuais e pediu: “Rezemos pelas crianças que não podem ir à escola, pelas crianças que sofrem com as guerras, pelas crianças que não têm alimento, pelas crianças que estão doentes e ninguém cuida delas”.
PERGUNTAS DAS CRIANÇAS
Depois, o Papa respondeu algumas perguntas feitas pelas crianças. Jerônimo proveniente da Colômbia perguntou ao Papa se a paz é sempre possível. O Papa dirigiu a pergunta às crianças que responderam que sim e que é preciso fazer a paz quando se tem um problema na escola. É preciso perdoar e pedir desculpas. "Dar as mãos é um gesto de paz", disse Francisco, estendendo a mão ao menino.
Lia Marise, do Burundi, um dos 101 países representados na Jornada Mundial das Crianças, perguntou ao Papa o que as crianças podem fazer para tornar o mundo melhor.
O Papa respondeu, dizendo: não brigar, falar com gentileza, brincar juntos e ajudar os outros. "Fazendo essas coisas, o mundo será melhor", sublinhou.
A cada criança que se aproximava dele, o Papa dava a cada uma delas um sorriso e alguns doces. “Como fazer para amar a todos. Todos. Todos?”, perguntou Ricardo, um menino cigano de Scampia. "Comecemos por amar aqueles que estão mais próximos de nós", respondeu o Papa, "e assim vamos adiante".
Uma menina da Indonésia perguntou ao Papa: "Se o senhor pudesse fazer um milagre, qual escolheria?" Francisco respondeu: “Se eu pudesse fazer um milagre, qual milagre eu faria? É fácil: que todas as crianças tenham o necessário para viver, comer, brincar, ir à escola. Este é o milagre que eu gostaria de fazer”.
“Como abrir o coração dos adultos?”, perguntou Ido, da Coreia do Sul. Há muita gente fechada, “com o coração duro, com o coração que parece um muro”, disse o Papa. Não é fácil, repetiu, mas vocês, crianças, devem ter esta ilusão de fazer coisas que façam os adultos pensar. Vocês devem bater às portas dos adultos e fazer essas perguntas e também fazê-las a Deus. “Vocês, crianças, podem fazer uma verdadeira revolução com essas perguntas e com essas inquietações”, exortou.
TESTEMUNHOS DE TODO O MUNDO
O evento no Estádio Olímpico foi marcado por testemunhos, música e esporte. Uma criança de cada continente falou sobre a sua vida e o que a preocupa. Victor, 13 anos, de Belém, há oito meses vê o céu ocupado por mísseis e se pergunta: “Que culpa temos nós, crianças, se nascemos em Belém, Jerusalém ou Gaza? Eugenia, de Kharkiv, na Ucrânia, quer a paz e não quer que as crianças ouçam bombas caindo e vejam a morte. Mila, da Nova Zelândia, teme pelo futuro do planeta devido ao aumento das enchentes, assim como Mateus, de Buenos Aires, disse estar preocupado com as crianças que estão doentes e não têm o que comer.
O Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, Cardeal José Tolentino de Mendonça, que patrocinou o evento, também teve uma fala no primeiro dia e comentou que as crianças “são mestras daquelas artes universais de que o mundo de hoje precisa urgentemente, como a arte da amizade, do abraço, do perdão, da convivência fraterna, da alegria simples, da aceitação das diferenças como riqueza e não como ameaça, da fé vivida de forma vibrante e neutra”.
Na Praça São Pedro, no final da Jornada Mundial das Crianças, no domingo (26) o ator e diretor de cinema vencedor do Oscar Roberto Benigni participou do evento e trouxe um discurso que promovia o protagonismo das crianças com fonte para um mundo melhor: “A guerra é o mais estúpido dos pecados, suja tudo. Convido as crianças a acreditarem em contos de fadas: Os dragões podem ser derrotados. Tomem suas vidas em suas mãos e façam dela uma obra-prima! Construam um mundo melhor! Nós não conseguimos".
Fonte: Vatican News