Nascimento: 26/10/1828
Beatificado: 03/11/1963
Canonizado: 03/05/1970
Celebração Litúrgica: 18/05
Leonardo Murialdo insere-se entre as figuras de singular santidade que caracterizaram a Igreja piemontesa no século XIX, como as fortes personalidades de Cottolengo, Cafasso, Lanteri, Allamano, Dom Bosco e Pe. Orione, com suas intuições perspicazes, o amor genuíno pelos pobres e a imensa confiança na Providência. Através da ação deles, a caridade da Igreja pôde promover eficazmente a emancipação material e espiritual dos filhos do povo, vítimas de graves injustiças e postos às margens do tumultuado processo de modernização da Itália e da Europa.
A experiência espiritual deste santo turinense, amigo e colaborador de Dom Bosco, tem suas raízes numa grave crise juvenil, um período difícil e doloroso de afastamento de Deus aos 14 anos, que Leonardo jamais esqueceria e marcará a sua vida e missão, incidindo em sua ação educativa e pastoral com doçura, compreensão e paciência. O “retorno à luz” aconteceu com a graça de uma confissão geral, quando redescobriu a imensa misericórdia de Deus. Aos 17 anos, amadureceu a decisão de ser sacerdote, como resposta de amor a Deus que o agarrara com o seu amor. Retornando a Deus depois do desvio juvenil, Murialdo experimentou de modo intenso e vital o amor misericordioso e acolhedor do Pai, que se tornou a alma da sua ação apostólica e social, sobretudo em favor dos jovens e dos operários.
Murialdo nasce em Turim no dia 26 de outubro de 1828. O pai, rico operador de câmbio, morre em 1833. A mãe, mulher muito religiosa, envia o seu pequeno “Nadino” ao colégio de Savona, dos Padres das Escolas Pias, onde permanece de 1836 a 1843. Retornando a Turim, frequenta as aulas de Teologia na Universidade e, em 1851, torna-se sacerdote. Sua espiritualidade, fundamentada na Palavra de Deus e na sólida doutrina de autores seguros como Santo Afonso e São Francisco de Sales, foi animada pela certeza do amor misericordioso de Deus. A realização da vontade de Deus na realidade cotidiana, a intensa vida de oração, o espírito de mortificação e o amor ardente à Eucaristia caracterizaram o seu itinerário de fé.
Em colaboração com Dom Bosco, opta logo por empenhar-se nos primeiros oratórios turinenses entre os jovens pobres e desorientados da periferia, primeiramente no oratório do “Anjo da Guarda”, até 1857, e, depois, no oratório de “São Luís”, como diretor, de 1857 a 1865. Passa um ano de atualização em Paris, até que a Providência o chama em 1866 para encarregar-se de jovens ainda mais pobres e abandonados, os do colégio dos “Pequenos Aprendizes” de Turim. Desde então, toda a sua vida é dedicada à acolhida, educação cristã e formação profissional desses meninos, numa época marcada por fortes contrastes sociais, fruto da industrialização nascente e da insatisfação das classes sociais mais pobres. Em meio a graves dificuldades econômicas, será esta a sua principal atividade até o fim da vida.
Leonardo Murialdo tornou-se amigo, irmão, pai dos jovens pobres, sabendo que em cada um deles há um segredo a decifrar: a beleza do Criador refletida na alma. Via-os frágeis, deixados ao léu de si mesmos ou ligados a adultos sem escrúpulos, obrigados a viver no ócio, na ignorância, na escravidão de paixões que cresceriam sempre mais se não fossem combatidas, ricos apenas de “ignorância, selvageria e vícios”. Acolhia todos aqueles que a Providência lhe confiava, fiel ao lema que se criara: “Pobres e abandonados: eis os dois requisitos essenciais para que um jovem seja um dos nossos; e quanto mais pobre e abandonado, tanto mais é dos nossos”. Por estes jovens, ele quis gastar as melhores energias, para que nem sequer um deles se perdesse. Foi ajudado por outros sacerdotes e leigos de grande abertura de alma, que compreenderam e compartilharam as profundas motivações do seu ministério. Para eles, funda, em 1873, a Congregação de São José (Josefinos de Murialdo), a fim de garantir continuidade à sua ação social e caritativa. Finalidade da Congregação é a educação da juventude, especialmente da juventude pobre e abandonada.
Colabora em muitas iniciativas em campo social na defesa dos jovens, dos operários e dos mais pobres. Nos anos seguintes, encaminha novas iniciativas: uma casa-família (a primeira na Itália), uma colônia agrícola, outros oratórios, com outras várias ulteriores obras. A presença de Murialdo é significativa no movimento católico piemontês. Trabalha pela imprensa católica, é ativo na Obra dos Congressos, é um dos animadores da União Operária Católica.
Ele soube ser pai para os seus jovens em tudo que se referisse ao bem-estar físico, moral e espiritual deles, preocupando-se com a sua saúde, alimentação, vestuário, formação profissional. Favoreceu, ao mesmo tempo, a preparação e qualificação dos responsáveis das várias oficinas, procurando aperfeiçoar a capacidade educativa deles através de conferências pedagógico-religiosas. Jamais descuidou do desenvolvimento tanto religioso como humano dos jovens. “O nosso programa – ele escreveu – não é só fazer dos nossos jovens inteligentes e laboriosos operários, muito menos fazer deles sabichões orgulhosos, mas, antes de tudo, cristãos sinceros e honestos”. Para tanto, desenvolveu a catequese entre eles, favoreceu a prática sacramental e estimulou as associações para meninos e adolescentes, incentivando-os a serem apóstolos entre os companheiros e dando vida, para isso, à Confraria de São José e à Congregação dos Anjos da Guarda.
Suave nos modos, como anotam seus biógrafos, vivia sempre modestamente e o seu aspecto era suavizado com um sorriso que convidava à confiança. Mostrava-se sereno e afável mesmo quando devia chamar a atenção, tanto que seus pequenos aprendizes, tornando-se adultos, descreviam-no como “um pai afetuoso, um verdadeiro pai, um pai amoroso”.
Estava convencido de que “sem fé não se agrada a Deus, sem doçura não se agrada ao próximo”. Foi a experiência do amor misericordioso do Pai celeste a levá-lo a cuidar da juventude. Fez disso uma opção de vida, deixando-se guiar por um amor solícito e empreendedor que transformou a sua existência, tornando-o atento à realidade social e paciente para com o próximo. Manteve fixo o olhar no Pai celeste que ouve seus filhos, respeita a liberdade deles e está pronto a abraçá-los com ternura no momento do perdão. Sua existência terrena terminou em 30 de março de 1900.
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Fonte: Salesianos Don Bosco