Santidade Salesiana

São José Cafasso

Nascimento: 15/01/1811
Beatificado: 03/05/1925
Canonizado: 22/06/1947
Celebração Litúrgica: 23 de junho
Falecimento (nascimento para o céu): 23/06/1860

O Papa Pio XI, em 1º de novembro de 1924, ao aprovar os milagres para a canonização de São João Maria Vianney e publicar o decreto de autorização para a beatificação de Cafasso, aproximou as duas figuras de sacerdotes com estas palavras: “Não sem uma especial e benéfica disposição da Divina Bondade assistimos ao surgimento no horizonte da Igreja Católica de novos astros, o pároco de Ars e o venerável servo de Deus José Cafasso. Justamente estas duas belas, caras, providencialmente oportunas figuras deviam ser-nos apresentadas hoje; pequena e humilde, pobre e simples, mas igualmente gloriosa a figura do pároco de Ars, e outra bela, grande, complexa, rica figura de sacerdote, mestre e formador de sacerdotes, o venerável José Cafasso”.

São circunstâncias que nos permitem conhecer a mensagem viva e atual que emerge da vida deste santo. Ele não foi pároco como o cura de Ars, mas foi, sobretudo, formador de párocos e de padres diocesanos, ou melhor, de padres santos, entre os quais São João Bosco. Como outros santos sacerdotes do século XIX piemontês, ele não fundou institutos religiosos, porque a sua “fundação” foi a “escola de vida e santidade sacerdotal” que realizou, com o exemplo e o ensinamento, no “Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis” em Turim.

José Cafasso nasce em Castelnuovo d’Asti, a mesma cidade de São
João Bosco, em 15 de janeiro de 1811. É o terceiro de quatro filhos. A última irmã, Maria, será mãe do beato José Allamano, fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata. Nasce no Piemonte do século XIX caracterizado por graves problemas sociais, mas também por muitos santos que se empenhavam para remediá-los. Estavam ligados entre si pelo amor total a Cristo e por uma profunda caridade para com os pobres. Cafasso fez os estudos secundários e o biênio de filosofia no colégio de Chieri e, em 1830, passou ao Seminário teológico, onde em 1833 foi ordenado sacerdote. Quatro meses depois ingressou no lugar que será para ele a fundamental e única “etapa” da sua vida sacerdotal: o “Colégio Eclesiástico de São Francisco de Assis” em Turim. Entrou nele para aperfeiçoar-se na pastoral e ali fez frutificar os próprios dotes de diretor espiritual e um grande espírito de caridade. O Colégio, de fato, não era apenas uma escola de teologia moral onde os jovens padres, vindos sobretudo do campo, aprendiam a confessar e pregar, mas era também uma verdadeira e própria escola de vida sacerdotal, onde os presbíteros se formavam na espiritualidade de Santo Inácio de Loiola e na teologia moral e pastoral do grande bispo Santo Afonso Maria de Ligório. O tipo de padre que Cafasso encontrou no Colégio e que ele mesmo contribuiu para reforçar – sobretudo como reitor – era o do verdadeiro pastor com uma rica vida interior e um profundo zelo na cura pastoral: fiel à oração, empenhado na pregação, na catequese, dado à celebração da Eucaristia e ao ministério da Confissão, segundo o modelo encarnado por São Carlos Borromeo e São Francisco de Sales e promovido pelo Concílio de Trento.

Uma feliz expressão de São João Bosco sintetiza o sentido do trabalho educativo naquela Comunidade: “No Colégio, aprendia-se a ser padre”. São José Cafasso procurou realizar este modelo na formação dos jovens sacerdotes para que, por sua vez, fossem formadores de outros padres, religiosos e leigos, como uma especial e eficaz corrente. Desde a sua cátedra de teologia moral, ele educava a ser bons confessores e diretores espirituais, preocupados com o verdadeiro bem espiritual da pessoa, animados por grande equilíbrio em fazer sentir a misericórdia de Deus e, ao mesmo tempo, um aguçado e vivo sentido do pecado. Eram três as principais virtudes de Cafasso docente, como recorda São João Bosco: tranquilidade, perspicácia e prudência. Para ele, a comprovação do ensinamento transmitido era constituída pelo ministério da confissão, à qual ele próprio dedicava muitas horas do dia. A ele recorriam bispos, sacerdotes, religiosos, leigos eminentes e gente do povo; a todos sabia conceder o tempo necessário. De muitos, que se tornaram santos e fundadores de institutos religiosos, ele foi, depois, sábio conselheiro espiritual. Seu ensinamento nunca era abstrato, baseado apenas nos livros utilizados no seu tempo, mas nascia da experiência viva da misericórdia de Deus e do profundo conhecimento do espírito humano adquiridos no longo tempo passado no confessionário e na direção espiritual; a sua era uma verdadeira escola de vida sacerdotal. Seu segredo era simples: ser um homem de Deus; fazer, nas pequenas ações cotidianas, “o que podia redundar na maior glória de Deus e em vantagem das almas”. Amava plenamente o Senhor, era animado por uma fé bem enraizada, sustentada pela profunda e prolongada oração e vivia uma sincera caridade para com todos.

Conhecia a teologia moral, mas também conhecia profundamente as situações e o coração do povo, de cujo bem se ocupava como o Bom Pastor. Todos os que tinham a graça de estar perto dele transformavam-se em outros tantos bons pastores e válidos confessores.

Indicava com clareza a todos os sacerdotes a santidade a alcançar no ministério pastoral. O Beato Pe. Clemente Marchisio, fundador das Filhas de São José, afirmava: “Entrei no Colégio sendo um bom moleque instintivo, sem saber o que significasse ser padre, e saí dele realmente diferente, entendendo plenamente a dignidade do sacerdote”. Muitos sacerdotes foram formados no Colégio e, depois, acompanhados espiritualmente por ele. Entre estes – como já foi dito – emerge São João Bosco, que o teve como diretor espiritual por 25 anos, de 1835 a 1860; primeiramente, como clérigo, depois como padre e, enfim, como fundador. Todas as opções fundamentais da vida de São João Bosco tiveram São José Cafasso como conselheiro e guia, mas de modo bem preciso: Cafasso jamais tentou formar em Dom Bosco um discípulo “à sua imagem e semelhança” e Dom Bosco não reproduziu Cafasso; imitou-o, certamente, nas virtudes humanas e sacerdotais – definindo-o “modelo de vida sacerdotal” –, mas segundo as próprias disposições pessoais e a própria vocação peculiar, sinal da sabedoria do mestre espiritual e da inteligência do discípulo; o primeiro não se impôs sobre o segundo, mas respeitou-o em sua personalidade e ajudou-o a ler a vontade de Deus sobre si. Com simplicidade e profundidade, o santo afirmava: “A santidade, a perfeição e o proveito de uma pessoa está em fazer com perfeição a vontade de Deus [...]. Felizes de nós se, assim, chegássemos a lançar o nosso coração no de Deus, a unir de tal modo os nossos desejos, a nossa vontade à d’Ele a ponto de formar um só coração e uma só vontade: querer o que Deus quer, querê-lo no modo, no tempo, nas circunstâncias que Ele quer e querer tudo o que, se não for por outro motivo, será porque Deus assim o quer”.
Outro elemento também caracteriza o ministério de São José Cafasso: a atenção aos últimos, especialmente aos encarcerados, que na Turim do século XIX viviam em lugares desumanos e desumanizantes. Mesmo neste delicado serviço, prestado por mais de vinte anos, ele sempre foi o bom pastor compreensivo e compassivo: qualidades percebidas pelos detentos, que acabavam por ser conquistados por aquele amor sincero cuja origem era o mesmo Deus. A simples presença de Cafasso já fazia bem: serenava, tocava os corações empedernidos pelos acontecimentos da vida e, sobretudo, iluminava e sacudia as consciências indiferentes. Nos primeiros tempos do seu ministério entre os encarcerados, ele recorria com frequência às grandes pregações que chegavam a envolver quase toda a população carcerária. Com o passar do tempo, privilegiou a catequese simples, feita nos colóquios e nos encontros pessoais; respeitoso dos acontecimentos de cada um, enfrentava os grandes temas da vida cristã, falando da confiança em Deus, da adesão à Sua vontade, da utilidade da oração e dos sacramentos, cujo ponto de chegada é a Confissão, o encontro com Deus que se fez misericórdia infinita por nós.
Os condenados à morte foram objeto de especiais cuidados humanos e espirituais. Ele acompanhou ao patíbulo 57 condenados à morte, depois de tê-los confessado e administrado a Eucaristia. Acompanhava-os com profundo amor até o último respiro de sua existência terrena.

Cafasso morreu em 23 de junho de 1860, depois de uma vida oferecida ao Senhor e consumida pelo próximo. O Venerável Servo de Deus Papa Pio XII, em 9 de abril de 1948, proclamou-o patrono das prisões italianas e, com a Exortação Apostólica Menti nostrae, em 23 de setembro de 1950, o propôs como modelo para os sacerdotes empenhados na Confissão e na direção espiritual.

Fonte: sdb.org

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