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Dedicação da Basílica de São João de Latrão

“Dedicar/consagrar” um lugar a Deus é um rito de todas as religiões: “reservar” a Deus um lugar, onde dar-lhe honra e glória.

Quando o imperador Constantino deu plena liberdade aos cristãos (ano 313), não pouparam esforços para construir templos ao Senhor. Por isso, muitas igrejas foram construídas naquela época.

O próprio imperador deu o exemplo, mandando construir uma magnífica Basílica no Monte Célio, em Roma, no lugar do antigo Palácio de Latrão, que o Papa Silvestre I havia dedicado ao Santíssimo Salvador (318 ou 324). Ali, foi construída uma Capela dedicada a São João Batista, que servia de batistério: no século IX, o Papa Sérgio III confirmou a dedicação a João Batista. Por fim, no século XII, Papa Lúcio II também a dedicou a São João Evangelista. Daí a denominação da Basílica Papal do Santíssimo Salvador e dos Santos João Batista e Evangelista de Latrão. A Basílica é considerada pelos cristãos como a principal, a mãe de todas as igrejas do mundo.

Ao longo dos séculos, a Basílica foi destruída, várias vezes, mas sempre reconstruída: sua última reconstrução deu-se sob o Pontificado de Bento XIII, que a reconsagrou em 1724. Desde então, a festa que hoje celebramos, foi estendida a toda a cristandade.

 

«Aproximava-se a Páscoa dos Judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Lá, encontrou no Templo negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos cambistas. Então, fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, com suas ovelhas e bois, espalhou no chão o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas. Aos que vendiam pombas, disse: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio”. Os seus discípulos, então, lembraram do que está escrito: “O zelo da tua casa me consome” (Sl 68,10). Perguntaram-lhe os Judeus: “Que sinal tu apresentas, para agir assim?”. Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este Templo e eu o reerguerei em três dias”. Os Judeus replicaram: “Este Templo foi edificado em quarenta e seis anos, e tu queres edificá-lo em três dias?”. Mas, Jesus se referia ao templo do seu Corpo. Depois da sua Ressurreição, seus discípulos se lembraram destas palavras e creram na Escritura e na Palavra de Jesus» (Jo 2,13-22).

Lugar de encontro

As leituras bíblicas, escolhidas para esta festa, referem-se ao tema do “templo”. No Antigo Testamento (primeira leitura, Ez 47), o profeta Ezequiel, do exílio na Babilônia - era por volta do ano 592 a.C -, tenta ajudar o povo a sair do desânimo, por não ter mais uma terra e tampouco um lugar para rezar. Surge, assim, a sua mensagem (primeira leitura), na qual o profeta anuncia o dia em que o povo iria adorar ao seu Deus no novo Templo: um lugar, onde o homem eleva a sua oração a Deus; onde Deus se aproxima do homem, ouvindo a sua oração e o socorrendo onde se encontra. Enfim, um lugar de encontro! Desta forma, o templo assume o papel de Casa de Deus e Casa do Povo de Deus. Desse templo, - diz o profeta, - vê jorrar água: “Vi que saía água pela soleira do templo”: uma água, como dádiva, que traz vida, bênção; um lugar, onde se pratica a justiça, a única capaz de curar o povo.

Saiam daqui

Por ocasião da Páscoa, todo judeu era obrigado a subir a Jerusalém, para oferecer um cordeiro em sacrifício; três semanas antes, começava a "venda" de animais apropriados para a oferta: as pombas eram oferecidas pelos pobres (Lv 5,7). Os cambistas tinham a tarefa de receber as "moedas romanas", que seriam trocadas em moedas cunhadas em Tiro: não era tanto uma questão de ortodoxia religiosa, apesar de ser assim. No fundo, as moedas de Tiro também traziam uma imagem pagã, mas tinham mais prata, por isso valiam mais. Os supervisores deste "comércio" eram os sacerdotes do Templo, que, no câmbio, sempre ganhavam um tanto. Eis o contexto que Jesus encontrou no Templo, sobretudo, no Hieron, pátio externo do Templo, chamado Pátio dos Gentios. O Templo, propriamente dito, era o Naos ou Santuário, mencionado em Jo 2,19-21: "Ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo": com o chicote, Jesus acaba com aquele "comércio" presente no Templo (Hieron); derruba as mesas dos cambistas e expulsa a todos (Cf. Ex 32: bezerro de ouro).
“Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio”: palavras e ações, que se referem ao profeta Zacarias, quando anunciou o que aconteceria com a ida do Senhor à cidade de Jerusalém: “Naqueles dias, não haverá mais traficantes (cananeu=mercante) na casa do Senhor” (Zc 14,21).
“Que sinal tu apresentas, para agir assim?... Destruí vós este Templo e eu o reerguerei em três dias”. Os sacerdotes do Templo perguntam a Jesus com qual “autoridade" ele agia assim? Ele respondeu convidando-os a destruir o Templo (Naos) que ele o reconstruiria. A resposta de Jesus não se refere tanto ao Templo, como todo o edifício, mas ao verdadeiro e próprio "Santuário", onde Deus está presente. “Jesus se referia ao templo do seu Corpo”. Com a Páscoa de Jesus - com o seu corpo destruído e ressuscitado – tinha início um novo culto, o culto do amor, no novo Templo (Naos), e o novo Templo é Ele mesmo. A ressurreição foi o acontecimento decisivo, que, finalmente, tornou os discípulos capazes de entender e, depois, o Espírito Santo (Jo 14,26) os fez lembrar as coisas de modo novo.

Jesus, novo Templo

A festa da Dedicação da Basílica de Latrão, que celebramos hoje, nos permite recordar o caminho do Povo e o zelo constante e fiel de Deus. No entanto, recordamos que, hoje, cada um de nós é a "casa de Deus”, em Jesus ressuscitado, porque o Espírito mora em mim, em cada um de nós (1Cor 3,16). Por um lado, o simples fato de estarmos cientes disso, nos leva a louvar o Senhor e, por outro, a dizer, às vezes, de modo excessivo: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa..." (Mt 8,8), esquecendo que Ele já está em nós, nos acolhe e nos ama, não como gostaríamos de ser, mas como somos, aqui e agora. As distrações, presentes em nós, tornam desfocada a face do Senhor! Quando aprendermos a manter o nosso olhar fixo em Jesus, Autor e aperfeiçoador da nossa fé e da nossa amizade com Ele (Cf. Hb 12,1-4), então o nosso rosto brilhará com a luz, que brota de um coração "unificado". O equilíbrio exigido não deve ser coisa passageira, mas todo um caminho de vida, um contínuo entrar, em nós mesmos, em vista da "morada do Rei" (Cf. Castelo Interior, Santa Teresa de Ávila).

Fonte: Vatican News

Foto: Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS

Rede Salesiana Brasil marca presença no I Encontro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social

No dia 5 de novembro de 2024, a Rede Salesiana Brasil (RSB) participou do I Encontro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social, promovido pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). O evento ocorreu no Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, em Brasília, reunindo aproximadamente 400 participantes de todo o país. Representando a RSB e o Instituto Dom Bosco de Bom Retiro - SP, Carlos Nambu, membro da Coordenação Colegiada Nacional do Movimento Nacional de Entidades de Assistência Social (MNEAS), compôs a mesa, destacando o compromisso da rede com as políticas públicas de assistência social.

Ao longo do encontro, foram realizados quatro painéis, abordando temas fundamentais para o setor, conforme abaixo:

Painel 1 - Papel das Entidades e Organizações de Assistência Social no SUAS - Sistema Único de Assistência Social e o seu contexto atual 

Painel 2 - Lei n.o 13.019/2014: Avanços e Desafios na parceria entre a Administração Pública e as Organizações da Sociedade Civil

Painel 3 - O Fortalecimento da Rede Socioassistencial do SUAS a partir da efetiva participação das Entidades e Organizações de Assistência Social

Painel 4 - Inscrição dos Conselhos Municipais de Assistência Social e no CNEAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social: O vínculo entre as Entidades / Organizações de Assistência Sociale e o SUAS.

Para Carlos Nambu, o evento reforçou a importância do trabalho coletivo para enfrentar desafios e construir políticas eficazes no setor de assistência social. "Levamos a nossa rede para um coletivo de luta, de militância, de esperança e sonhos para atingir uma luta dentro da meta da política pública de assistência social", declarou Nambu. 

A presença da Rede Salesiana Brasil no encontro evidenciou o papel relevante das entidades salesianas na construção de políticas sociais inclusivas, reforçando o compromisso da rede com o controle social e o fortalecimento das políticas públicas em prol das famílias e comunidades mais vulneráveis.

Confira o evento abaixo:

Projeto Rede MIAU representa a Fundação Menino Jesus na 2ª Semana Brasileira de Educação Midiática

Iniciativa é uma das 17 selecionadas entre 496, reforçando a importância da educação midiática para jovens em situação de vulnerabilidade

O projeto interinstitucional Rede MIAU – Mídias, Infâncias, Adolescências e Universidades, que atua junto à Fundação Menino Jesus, foi escolhido como uma das 17 iniciativas de destaque para a 2ª Semana Brasileira de Educação Midiática, promovida pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República em parceria com a Unesco. Coordenada pelo professor Rennan Lanna Martins Mafra, do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Rede MIAU visa fortalecer competências midiáticas em crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, promovendo o exercício da cidadania digital.

A semana, realizada entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro, teve como tema “Conectando Diversidades e Territórios” e buscou valorizar projetos que, como a Rede MIAU, ajudam a transformar a realidade de jovens e suas comunidades através da educação midiática. O evento, que reuniu vozes e projetos de todo o Brasil, também foi marcado pelo mapeamento de iniciativas de educação midiática voltadas para o fortalecimento das políticas públicas de comunicação e cidadania digital.

A Rede MIAU, que teve início em outubro de 2023 e conta com o apoio da FAPEMIG, envolve a colaboração entre diversas instituições de ensino, incluindo o IFMG campus Ponte Nova e a UFJF, em parceria com a Fundação Menino Jesus, que há mais de 75 anos oferece apoio a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em Ponte Nova. “Buscamos com esse projeto não apenas promover o acesso à mídia, mas também transformar a relação desses jovens com o mundo ao seu redor, incentivando a reflexão, a análise crítica e o uso responsável das tecnologias”, destacou o professor Rennan Mafra.

A participação da Rede MIAU no webinário “Direitos e Cidadania Digital”, ao lado de outras cinco iniciativas, possibilitou o compartilhamento de experiências, inspirando educadores e gestores sociais. O projeto está disponível para visualização no canal da SECOM-PR no YouTube, e você pode acessar clicando aqui.

Fonte: Fundação Menino Jesus com atualizações da Comunicação da RSB

Conselho de Administração da Rede Salesiana Brasil

Conselho de Administração da Rede Salesiana Brasil: Governança Estratégica e Compromisso com a Missão Educativa

Na quarta-feira (06), estiveram presentes na sede da Rede Salesiana Brasil (RSB) os membros do Conselho de Administração (CAD). O grupo é composto por seis membros, dos quais cinco participaram da reunião, o CAD desempenha um papel essencial ao servir como elo entre as diretrizes da RSB e a implementação prática de suas iniciativas.

O CAD é um órgão colegiado formado por representantes das Inspetorias Salesianas associadas, selecionados e nomeados pela Assembleia Geral para um mandato de três anos, com possibilidade de recondução.

Durante a última reunião, a principal responsabilidade do Conselho foi avaliar, acompanhar e validar o plano de trabalho da RSB, além de supervisionar o orçamento e a prestação de contas da instituição. Este processo culmina na elaboração do Parecer do Conselho, submetido à apreciação da Assembleia Geral, garantindo transparência e responsabilidade na gestão das metas e recursos da RSB.

Atualmente, o CAD é composto por um grupo diversificado de líderes, que trazem experiência e compromisso com a missão educativa da Rede. Os membros incluem:

  • Padre Moacir José Scari, SDB – Ecônomo da Inspetoria São João Bosco, com uma longa trajetória em gestão e zelo pelo patrimônio institucional;
  • Padre Robson Barros da Costa, SDB – Ecônomo da Inspetoria São Luiz Gonzaga, reconhecido por sua atuação na administração de recursos e projetos missionários;
  • Irmã Mônica Santana, FMA – Diretora Institucional do Colégio Maria Auxiliadora, que contribui com sua experiência em gestão educacional e liderança comunitária;
  • Irmã Maria da Paz Milanez, FMA – Ecônoma da Inspetoria Maria Auxiliadora, com forte atuação em iniciativas de desenvolvimento social e educativo;
  • Flávio Lúcio Silva – Gerente Administrativo e Financeiro da Escola Salesiana do Núcleo Bandeirante e do Centro do Menor Aprendiz do Distrito Federal, trazendo uma visão administrativa e de gestão institucional;
  • João Vasconcelos Melo – Gerente Administrativo da Inspetoria Madre Mazzarello, com sólida experiência em governança e execução de estratégias organizacionais.

Juntos, os membros do CAD asseguram que a RSB mantenha seu compromisso com a sustentabilidade econômica, promovendo uma gestão responsável e eficiente dos recursos. Dentro das metas traçadas no planejamento estratégico, o Conselho fortalece a identidade salesiana e garante que a missão da RSB continue a se expandir e prosperar em todas as suas frentes de atuação.

Foto: Divulgação Rádio Inova 107.3 FM
Foto: Divulgação Rádio Inova 107.3 FM

Dia do Radialista: Celebrando as vozes que conectam o Brasil Salesiano

O Dia do Radialista, comemorado em 7 de novembro, é uma homenagem aos profissionais que dão vida ao rádio, veículo que há décadas ocupa um lugar especial no coração dos brasileiros. Mais do que uma simples ferramenta de comunicação, o rádio é uma ponte entre comunidades, capaz de informar, entreter e conectar ouvintes de todos os cantos do país. Os radialistas, com suas vozes marcantes e habilidade para contar histórias, levam notícias, músicas, cultura e entretenimento ao público, mesmo nos lugares mais remotos, e fazem do rádio um companheiro fiel, presente em todas as gerações.

Na Rádio Inova (107,3 FM), integrante da Rede Salesiana Brasil, o programa Live Conexões, conduzido pela Irmã Zenilde Aparecida, abre espaço para discussões sobre temas científicos e ações em defesa da vida, sempre em sintonia com a missão salesiana de educação e evangelização. “o radialista é alguém que consegue transmitir emoção pela voz e levar informação que pode até mudar a vida de alguém,” explica a Irmã Zenilde Aparecida, sobre o papel único do radialista. Em sua visão, o profissional do rádio cria uma conexão profunda com os ouvintes, impactando-os de forma positiva e gerando valor. "Mesmo não conhecendo pessoalmente, esse profissional impacta diretamente a vida de tantas pessoas... gerando emoções, inovação, e impulsionando novas ideias."

Padre João Carlos, salesiano, radialista, cantor e compositor, reforça o papel essencial do rádio como ferramenta de evangelização e formação humana. À frente da Rádio Amanhecer, ele vê o rádio não apenas como meio de comunicação, mas como uma ponte de proximidade entre a igreja e as famílias, impactando positivamente comunidades inteiras. “O Dia do Radialista é uma justa homenagem aos profissionais do rádio, mas é, acima de tudo, o reconhecimento da função social do rádio nas famílias, nas comunidades e na sociedade”, afirma o padre. No espírito salesiano, o rádio cumpre um papel fundamental na missão de educar e evangelizar, seguindo os passos de Dom Bosco, que valorizava a comunicação como instrumento de transformação social.

Atualmente algumas rádios Salesianas, reconhecidas por seu compromisso com a educação, a formação e a evangelização por meio das ondas do rádio, fazem parte da Rede Salesiana Brasil. 

Rádio Padre Cícero - Juazeiro do Norte, CE 

Rádio Inova - Lorena, SP

FM Dom Bosco - Fortaleza, CE

FM Educativa UCDB - Campo Grande, MS

Rádio Carmo - Guaratinguetá, SP

Essas emissoras desempenham um papel importante na divulgação de valores educativos e culturais, além de manter a comunidade salesiana informada e engajada em suas iniciativas sociais e pastorais. Você pode acessar mais informações sobre as rádios que integram a Rede Salesiana Brasil aqui.

Parabéns a todos os radialistas, que diariamente fazem do seu trabalho um meio de unir vozes e aproximar corações!

Escrito por Angélica Novais - Comunicação da Rede Salesiana Brasil 

Foto: Acervo Rede Salesiana Brasil

5 de Novembro: Dia Nacional da Língua Portuguesa e sua relevância na Educação Salesiana

O Dia Nacional da Língua Portuguesa, celebrado todos os anos em 5 de novembro, foi instituído para valorizar e refletir sobre a importância do idioma no Brasil. Esta data é uma homenagem à língua que une mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo falada em países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde entre outros.

A data foi escolhida referente ao nascimento do escritor Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos maiores poetas da literatura brasileira, cuja obra teve grande influência no desenvolvimento da literatura e da cultura nacional. A língua portuguesa é, sem dúvida, um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, e a celebração deste dia reforça o papel fundamental da educação na preservação e na valorização do idioma.

O ensino da Língua Portuguesa na Educação Salesiana sempre teve protagonismo ao longo de sua história. Buscando sempre promover o desenvolvimento integral de seus alunos, a valorização da língua portuguesa é parte essencial dessa missão. 

Língua portuguesa na Educação Salesiana - Em nossas escolas, a língua portuguesa é ensinada não apenas como uma disciplina, mas também como um instrumento de expressão pessoal, social e cultural, refletindo a importância da língua na formação de cidadãos conscientes e críticos. 

Além disso, a literatura e a produção literária brasileira são incentivadas nas instituições salesianas, sendo um modo de conectar os estudantes com a riqueza cultural do país e com os clássicos da literatura que construíram o pensamento crítico e a identidade nacional. 

 

O Museu da Língua Portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa, localizado na cidade de São Paulo, é um importante espaço cultural dedicado ao idioma que une milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Inaugurado em 2006, o museu tem como objetivo preservar e divulgar a história, a evolução e as diversas manifestações da língua portuguesa ao longo do tempo. Em suas exposições, o museu oferece uma imersão interativa que permite aos visitantes entender como o idioma se adaptou aos diferentes contextos históricos e culturais dos países lusófonos.

Com a trágica perda de seu prédio histórico em 2015 devido a um incêndio, o museu foi reconstruído e reaberto em 2021, com um novo espaço mais moderno e acessível, preservando seu caráter educativo e cultural. O Museu da Língua Portuguesa é um lugar de encontro com a história e a identidade do Brasil, um espaço de celebração do nosso idioma, que é ao mesmo tempo ferramenta de comunicação e expressão da nossa diversidade cultural.

Escrito por Angélica Novais - Comunicação da Rede Salesiana Brasil

Nota de Pesar pelo falecimento do Padre Wolfgang Gruen

Comunicamos com pesar o falecimento do Padre Wolfgang Gruen, SDB, no dia 30 de outubro de 2024, quarta-feira, em Belo Horizonte (MG), aos 97 anos de idade, dos quais 80 anos como Salesiano de Dom Bosco e quase 71 anos como Presbítero da Igreja.

Padre Wolfgang Gruen, SDB, nasceu em 29 de abril de 1927, em Niederfinow, Brandemburgo - Alemanha, filho de Erich Gruen e Herta Gruem, uma família de origem católica e de ascendência judaica. Durante sua infância, a ascensão de Hitler e as políticas antissemitas e totalitárias forçaram a família a buscar refúgio em outros países. 

Inicialmente, mudaram-se para a Itália, mas, ao observar a aliança entre Hitler e Mussolini, seu pai optou por transferir a família para a Inglaterra, priorizando a liberdade religiosa. Ainda durante sua permanência na Inglaterra, Wolfgang iniciou sua trajetória na Congregação Salesiana, entrando para o aspirantado em Londres, em 1938. 

Em 1940, depois de obter autorização, a família emigrou para o Brasil, onde se estabeleceu definitivamente. Já no Brasil, fez a primeira profissão religiosa em 31 de janeiro de 1944, em Pindamonhangaba (SP). 

Entre 1944 e 1949, estudou Filosofia no Instituto Salesiano de Pedagogia e Filosofia em Lorena (SP) e, entre 1950 e 1953, completou os seus estudos no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo (SP), onde aprofundou seu interesse pelo ensino religioso e pelas ciências humanas. 

Foi ordenado presbitero 08 de dezembro de 1953, em São Paulo (SP). Além de sua formação religiosa, Padre Gruen concluiu a Licenciatura Plena em Letras Anglo-Germânicas (1969-1972). 

Em 2006, recebeu o título de Doutor honoris causa em Teologia e Ciências Bíblicas pela Università Pontificia Salesiana de Roma (UPS), em reconhecimento às suas contribuições para o ensino religioso e os estudos bíblicos. 

Ao longo de sua vida, P. Gruen construiu uma carreira acadêmica notável. Foi professor da primeira graduação em Ciências da Religião no Brasil, introduzida na década de 1970, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 

Sua abordagem inovadora do Ensino Religioso, desvinculada da catequese, tornou-se um marco. Influenciado por pensadores como Hugo Assmann, Paulo Freire, Hubertus Halbfas, Paul Tillich e outros teólogos, ele propôs um modelo de Ensino Religioso com enfoque antropológico, que dava centralidade à busca humana por sentido e se distanciava de uma perspectiva estritamente confessional. 

Essa proposta, voltada à educação básica pública, trazia uma visão aberta e crítica, que considerava as necessidades de uma sociedade plural e secular. 

Além de sua carreira no ensino superior, Padre Gruen exerceu papel relevante no Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, onde contribuiu para a regulamentação do Ensino Religioso no estado. 

Sua atuação ampliou o entendimento da disciplina, promovendo um Ensino Religioso que, em suas palavras, "oferecesse abertura para a diversidade cultural e religiosa". Autor de diversas obras, uma de suas publicações mais conhecidas é "O Tempo Que Se Chama Hoje", em que condensa o Antigo Testamento em uma linguagem acessível e profunda. 

O livro, destinado ao estudo em grupo, catequese e uso pessoal, convida o leitor a "entrar no espírito do Antigo Testamento", fornecendo esquemas, mapas e pontos para revisão. Seguramente, Padre Gruen compunha a “segunda geração" de salesianos: aqueles que, embora não tenham conhecido Dom Bosco, conviveram com salesianos da primeira geração, que, por sua vez, tiveram contato direto com o santo fundador dos Salesianos.

Ele sempre se recordava com carinho de figuras como o padre Eneias Tozzi, ex-aluno de Dom Bosco e seu primeiro inspetor no Salesian Colege em Londres, e do padre Frederico Gioia, com quem se confessava semanalmente no colégio Santa Rosa de Niterói. 

Padre Gruen sempre será lembrado por sua coerência na opção preferencialmente pelos mais pobres, tendo se dedicado pastoralmente ao atendimento espiritual e no socorro aos clamores dos mais pequeninos do Reino. Com efeito, sua trajetória, marcada pelo desejo de educar e pela busca incessante pelo entendimento das religiões, deixou um legado duradouro na educação religiosa e na Ciência da Religião, promovendo uma visão que ainda inspira educadores e estudiosos no Brasil e no exterior. 

COMUNIDADES SALESIANAS EM QUE RESIDIU / TRABALHOU

1954 - 1959 Comunidade São João (São João Del Rei - Colégio)

1960 - 1961 Comunidade São José (São João Del Rei - EA P Sacramento)

1962 - 1972 Comunidade São João (São João Del Rei - Colégio)

1973 Comunidade São João Bosco (São João Del Rei - Estudantado Filosófico)

1974 Comunidade São João Bosco (Belo Horizonte)

1975 - 2010 Comunidade Santo Tomás de Aquino (Belo Horizonte)

2011 - 2012 Comunidade São Domingos Sávio (Belo Horizonte)

2013 - 2021 Comunidade São José (Belo Horizonte)

2022 Comunidade Beato Miguel Rua (Belo Horizonte)

Foto: Salesianos Don Bosco

Celebração Litúrgica de Miguel Rua

Nascimento: 09/06/1837
Venerável: 26/06/1953
Beato: 29/10/1972
Celebração Litúrgica: 29 de outubro
Falecimento (nascimento para o céu): 06/04/1910

Miguel Rua nasce em Turim, no dia 9 de junho de 1837. Último de 9 filhos, perde o pai aos oito anos. Estudou com os Irmãos das Escolas Cristãs até à terceira série elementar. Deveria começar a trabalhar na Real Fábrica de Armas de Turim, onde o pai era operário, mas Dom Bosco – que aos domingos ia confessar na escola – propôs-lhe continuar os estudos com ele, garantindo-lhe que a Providência pensaria nas despesas.

Certo dia, Dom Bosco distribuía algumas medalhas aos seus meninos. Miguel era o último da fila e chegou atrasado, mas ouviu Dom Bosco dizer: "Toma, Miguelzinho!". O padre, porém, não lhe estava dando nada, mas acrescentou: "Nós dois faremos tudo meio a meio", e assim foi de fato.

Colaborador da Companhia da Imaculada com Domingos Sávio, foi aluno modelo, apóstolo entre os colegas. Dom Bosco lhe disse: "Preciso de ajuda. Farei com que recebas a veste dos clérigos; estás de acordo?". "De acordo!", respondeu.

Em 25 de março de 1855, nos aposentos de Dom Bosco, nas mãos do fundador, fez os votos de pobreza, castidade e obediência. Era o primeiro Salesiano. Começa a trabalhar intensamente: ensina matemática e religião; assiste no refeitório, no pátio, na capela; tarde da noite, copia numa bela caligrafia as cartas e as publicações de Dom Bosco, e, enfim, estuda para ser padre. Tinha apenas 17 anos!

É-lhe entregue também a direção do oratório festivo São Luís.

Em novembro de 1856, morre Mamãe Margarida. Miguel, então, vai encontrar-se com sua mãe: "Mamãe, a senhora quer vir com a gente?". A senhora Joana Maria vem, e também nisso a família Rua fez meio a meio com a família Bosco.

Em 1859, Rua acompanha Dom Bosco na audiência com o Papa Pio IX para a aprovação das Regras e, ao retorno, é-lhe confiada a direção do primeiro oratório em Valdocco. Foi ordenado sacerdote em 29 de julho de 1860.

Dom Bosco escreve-lhe um bilhete: "Verás melhor do que eu a obra salesiana atravessar os limites da Itália e estabelecer-se no mundo".

O Padre Rua abre a primeira casa salesiana fora de Turim, em Mirabello. Poucos anos depois, retorna a Valdocco, substituindo e assistindo Dom Bosco em tudo. Em novembro de 1884, o Papa Leão XIII nomeia o Padre Rua vigário e sucessor de Dom Bosco, que morrerá em seus braços quatro anos depois.

O Padre Rua, considerado então a regra viva, torna-se paterno e amável como Dom Bosco. Enfrenta e supera inúmeras dificuldades no governo da Congregação. Consolida as missões e o espírito salesiano.

Morreu no dia 6 de abril de 1910, com 73 anos. Com ele, a Sociedade passou de 773 a 4000 Salesianos, de 57 a 345 Casas, de 6 a 34 Inspetorias em 33 países. Paulo VI beatificou-o em 1972, dizendo: "Ele fez da fonte um rio".

Confira algumas imagens clicando aqui.

Fonte: Salesianos Don Bosco

Foto: Vatican Media

Reflexões e Desafios da Semana Final do Sínodo sobre a Sinodalidade

Na última semana da Assembleia Sinodal sobre a Sinodalidade, marcada por momentos de profunda reflexão, os participantes se dedicaram à revisão e aprovação do Documento Final. Este processo contou com uma série de encontros, meditações e conversas que apontaram tanto para os caminhos já percorridos quanto para os desafios futuros da Igreja em sua missão de inclusão e comunhão. Na abertura das atividades, o teólogo Timothy Radcliffe enfatizou a importância da “liberdade interior”, destacando que, ao contrário de um espaço de uniformidade, o Sínodo encoraja um ambiente onde o diálogo, a confiança e o acolhimento das diferenças fortalecem a sinodalidade.

A missa votiva ao Espírito Santo, celebrada na segunda-feira, foi outro momento marcante, conduzido pelo cardeal Mario Grech, que ressaltou a importância de enxergar o encerramento da assembleia como um “novo começo”. Em suas palavras, Grech alertou contra a “ganância de acumular”, incentivando os presentes a verem os frutos deste Sínodo como dons a serem compartilhados e reinvestidos nas comunidades, não como conquistas estagnadas.

Na construção do Documento Final, foram levantadas questões centrais que ilustram os desejos e as tensões internas do processo sinodal. A subsecretária do Sínodo, Irmã Nathalie Becquart, ressaltou o papel essencial das mulheres na Assembleia, cujo engajamento demonstra uma nova fase de integração e fraternidade. Ao mesmo tempo, a inclusão de leigos e jovens e a abordagem crítica contra a guerra foram reafirmadas, evidenciando o compromisso da Igreja com temas contemporâneos que afetam profundamente a comunidade global.

Outro ponto de destaque foi a questão da formação nos seminários, abordada pelo bispo Daniel Ernesto Flores. Ele sublinhou a necessidade de conectar o aprendizado teológico às realidades concretas, como a migração, que, para muitos, se tornou um “problema teológico” urgente. Nesse sentido, a experiência de escuta e presença, central ao espírito sinodal, é vista como um passo fundamental para a formação de líderes que compreendam e respondam às necessidades da sociedade.

Os últimos dias da Assembleia também incluíram debates sobre o papel das conferências episcopais e a autoridade do episcopado, promovendo a reflexão sobre como otimizar as estruturas da Igreja para um modelo sinodal mais horizontal e inclusivo. Segundo o cardeal Robert Francis Prevost, uma das metas é garantir que a liderança episcopal reflita um compromisso com o serviço e o pastoreio, alinhado à missão da Igreja de “ampliar a tenda” para acolher todos os fiéis.

Com o encerramento previsto para este domingo, a conclusão do Sínodo é uma oportunidade de reafirmar um modelo de Igreja aberto ao diálogo e à renovação contínua. O desejo é que os frutos deste encontro se traduzam em ações concretas nas dioceses e comunidades locais, promovendo uma espiritualidade sinodal viva e uma Igreja em constante transformação.

Escrito por Janaína Lima, Analista de Comunicação da Rede Salesiana Brasil, com informações do Vatican News

Foto: ShutterStock ID 2152059665

“Amou-nos”, a Encíclica do Papa sobre o Sagrado Coração de Jesus

“'Amou-nos', diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar descobrir que nada ‘será capaz de separar-nos' desse amor (Rm 8,39)”. Assim começa a quarta Encíclica do Papa Francisco, intitulada a partir do incipit “Dilexit nos” e dedicada ao amor humano e divino do Coração de Jesus: “O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1 Jo 4, 10). Graças a Jesus, ‘conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele’ (1 Jo 4, 16)” (1).

Conheça o texto da Encíclica na íntegra e em língua portuguesa clicando aqui.

O AMOR DE CRISTO REPRESENTADO EM SEU SANTO CORAÇÃO
Em uma sociedade - escreve o Papa - que vê a multiplicação de “várias formas de religiosidade sem referência a uma relação pessoal com um Deus de amor” (87), enquanto o cristianismo muitas vezes esquece “a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa” (88), o Papa Francisco propõe um novo aprofundamento sobre o amor de Cristo representado em seu santo Coração e nos convida a renovar nossa autêntica devoção, lembrando que no Coração de Cristo “encontramos todo o Evangelho” (89): É em seu Coração que “finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar” (30).

O MUNDO PARECE TER PERDIDO SEU CORAÇÃO
Francisco explica que, ao encontrar o amor de Cristo, “tornamo-nos capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da nossa casa comum”, como ele nos convida a fazer em suas encíclicas sociais Laudato Si' e Fratelli tutti (217). E diante do Coração de Cristo, pede mais uma vez ao Senhor “que tenha compaixão desta terra ferida” e derrame sobre ela “os tesouros da sua luz e do seu amor”, para que o mundo, “que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia, recupere o que é mais importante e necessário: o coração” (31). Ao anunciar a preparação do documento, no final da audiência geral de 5 de junho, o Pontífice deixou claro que este ajudaria a meditar sobre os aspectos “do amor do Senhor que podem iluminar o caminho da renovação eclesial; mas também que podem dizer algo significativo a um mundo que parece ter perdido seu coração”. E isso enquanto as celebrações estão em andamento pelos 350 anos da primeira manifestação do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em 1673, que se encerrarão em 27 de junho de 2025.

A IMPORTÂNCIA DE VOLTAR AO CORAÇÃO
Aberta por uma breve introdução e dividida em cinco capítulos, a Encíclica sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus reúne, como anunciado em junho, “as preciosas reflexões de textos magisteriais precedentes e de uma longa história que remonta às Sagradas Escrituras, para repropor hoje, a toda a Igreja, esse culto carregado de beleza espiritual”.

O primeiro capítulo, “A importância do coração”, explica por que é necessário “voltar ao coração” em um mundo no qual somos tentados a “nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado” (2). E faz isso analisando o que queremos dizer com “coração”: a Bíblia fala dele como um núcleo “que se esconde por detrás de todas as aparências” (4), um lugar onde “não conta o que mostramos exteriormente ou o que ocultamos, ali conta o que somos” (6). Ao coração conduzem as perguntas decisivas: que sentido quero dar à vida, às minhas escolhas e ações, quem sou diante de Deus (8). O Papa ressalta que a atual desvalorização do coração nasce do “racionalismo grego e pré-cristão, do idealismo pós-cristão e do materialismo”, de modo que, no grande pensamento filosófico, foram preferidos conceitos como “razão, vontade ou liberdade”. E não encontrando lugar para o coração, também “não se desenvolveu suficientemente a ideia de um centro pessoal” que pode unificar tudo, ou seja, o amor, (10). Ao invés, para o Pontífice, é preciso reconhecer que “eu sou o meu coração, porque é ele que me distingue, que me molda na minha identidade espiritual e que me põe em comunhão com as outras pessoas” (14).

O MUNDO PODE MUDAR A PARTIR DO CORAÇÃO
É o coração “que une os fragmentos” e torna possível “qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo” (17). A espiritualidade de santos como Inácio de Loyola (aceitar a amizade do Senhor é uma questão de coração) e São John Henry Newman (o Senhor nos salva falando ao nosso coração a partir do seu sagrado Coração) nos ensina, escreve o Papa Francisco, que “perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus” (27). E isso tem consequências sociais, porque o mundo pode mudar “a partir do coração” (28).

“GESTOS E PALAVRAS DE AMOR”
O segundo capítulo é dedicado aos gestos e palavras de amor de Cristo. Os gestos com os quais nos trata como amigos e mostra que Deus “é proximidade, compaixão e ternura” são vistos em seus encontros com a Samaritana, com Nicodemos, com a prostituta, com a mulher adúltera e com o cego no caminho (35). Seu olhar, que “perscruta as profundezas do seu ser” (39), mostra que Jesus “está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento” (40). De tal forma “que admira as coisas boas que encontra em nós”, como no centurião, mesmo que os outros as ignorem (41). Sua palavra de amor mais eloquente é ser “pregado numa cruz” (46), depois de chorar por seu amigo Lázaro e sofrer no Jardim das Oliveiras, ciente de sua própria morte violenta “nas mãos daqueles que tanto amava” (45).

O MISTÉRIO DE UM CORAÇÃO QUE AMOU TANTO
No terceiro capítulo, “Este é o coração que tanto amou”, o Pontífice recorda como a Igreja reflete e refletiu no passado “sobre o santo mistério do Coração do Senhor”. Ele faz isso fazendo referência à Encíclica Haurietis aquas, de Pio XII, sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus (1956). Ele deixa claro que “a devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus”, porque adoramos a “Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito homem, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração” (48). A imagem do coração de carne, ressalta o Papa, nos ajuda a contemplar, na devoção, que “o amor do coração de Jesus não compreende somente a caridade divina, mas se estende aos sentimentos do afeto humano” (61). Seu Coração, prossegue Francisco citando Bento XVI, contém um “tríplice amor”: o amor sensível do seu coração físico “e o seu duplo amor espiritual, o humano e o divino” (66), no qual encontramos “o infinito no finito” (64).

O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS É UM COMPÊNDIO DO EVANGELHO
As visões de alguns santos, particularmente devotos do Coração de Cristo, ressalta Francisco, “são belos estímulos que podem motivar e fazer muito bem”, mas “não são algo em que os crentes sejam obrigados a acreditar como se fossem a Palavra de Deus”. Em seguida, o Papa lembra com Pio XII que não se pode dizer que este culto “deve a sua origem a revelações privadas”. Aliás, “a devoção ao Coração de Cristo é essencial para a nossa vida cristã, na medida em que significa a nossa abertura, cheia de fé e de adoração, ao mistério do amor divino e humano do Senhor, até ao ponto de podermos voltar a afirmar que o Sagrado Coração é um compêndio do Evangelho” (83). O Pontífice nos convida, então, a renovar a devoção ao Coração de Cristo também para combater as “novas manifestações de uma ‘espiritualidade sem carne’” que estão se multiplicando na sociedade (87). É necessário retornar à “síntese encarnada do Evangelho” (90) diante de “comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas, em várias propostas apresentadas como requisitos que, por vezes, se pretendem impor a todos” (88).

A EXPERIÊNCIA DE UM AMOR “QUE DÁ DE BEBER”
Nos dois últimos capítulos, o Papa Francisco destaca os dois aspectos que “a devoção ao Sagrado Coração deve reunir hoje para continuar a alimentar-nos e a aproximar-nos do Evangelho: a experiência espiritual pessoal e o compromisso comunitário e missionário” (91). No quarto, “O amor que dá de beber”, relê as Sagradas Escrituras e, com os primeiros cristãos, reconhece Cristo e seu lado aberto em “aquele a quem trespassaram”, a quem Deus se refere na profecia do livro de Zacarias. Uma fonte aberta para o povo, para saciar a sede do amor de Deus, “para a purificação do pecado e da impureza” (95). Vários Padres da Igreja mencionaram “a chaga no lado de Jesus como a origem da água do Espírito”, sobretudo Santo Agostinho, que “abriu o caminho para a devoção ao Sagrado Coração como lugar de encontro pessoal com o Senhor” (103).  Esse lado trespassado, recorda o Papa, “assumiu gradualmente a forma do coração” (109), e enumera várias santas mulheres que “relataram experiências de encontro com Cristo, caracterizado pelo repouso no Coração do Senhor” (110). Entre os devotos dos tempos modernos, a Encíclica fala, em primeiro lugar, de São Francisco de Sales, que representa a sua proposta de vida espiritual com um “coração trespassado por duas flechas, encerrado numa coroa de espinhos” (118)

AS APARIÇÕES A SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE
Sob a influência dessa espiritualidade, Santa Margarida Maria Alacoque relata as aparições de Jesus em Paray-le-Monial, entre o fim de dezembro de 1673 e junho de 1675. O núcleo da mensagem que nos é transmitida pode ser resumido nas palavras que Santa Margarida ouviu: “Eis aqui este Coração que tanto tem amado os homens, que a nada se tem poupado até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor” (121).

TERESA DE LISIEUX, INÁCIO DE LOYOLA E FAUSTINA KOWALSKA
De Santa Teresa de Lisieux, o documento recorda o fato de chamar Jesus de “Aquele cujo coração batia em uníssono com o meu” (134) e suas cartas à Irmã Maria, que ajudam a não concentrar a devoção ao Sagrado Coração “no âmbito da dor”, como o daqueles que entendiam a reparação como uma espécie de “primado dos sacrifícios”, mas na confiança “como a melhor oferta, agradável ao Coração de Cristo” (138). O Pontífice jesuíta também dedica algumas passagens da Encíclica ao lugar do Sagrado Coração na história da Companhia de Jesus, enfatizando que, em seus Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola propõe ao exercitante “entrar no Coração de Cristo” em um diálogo de coração para coração. Em dezembro de 1871, o Padre Beckx consagrou a Companhia ao Sagrado Coração de Jesus e o Padre Arrupe voltou a fazê-lo em 1972 (146). As experiências de Santa Faustina Kowalska, recorda-se, repropõem a devoção “colocando uma forte ênfase na vida gloriosa do Ressuscitado e na misericórdia divina” e, motivado por elas, São João Paulo II também “relacionou intimamente a sua reflexão sobre a misericórdia com a devoção ao Coração de Cristo” (149). Falando da “devoção da consolação”, a Encíclica explica que, diante dos sinais da Paixão conservados pelo coração do Ressuscitado, é inevitável “que o fiel queira responder” também “à dor que Cristo aceitou suportar por causa de tanto amor” (151). E pede “que ninguém ridicularize as expressões de fervor devoto do santo povo fiel de Deus, que na sua piedade popular procura consolar Cristo” (160). Pois que, então, “desejando consolá-lo, saímos consolados” e assim “também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação” (162).

A DEVOÇÃO AO CORAÇÃO DE CRISTO NOS ENVIA AOS IRMÃOS
O quinto e último capítulo, “Amor por amor”, aprofunda a dimensão comunitária, social e missionária de toda autêntica devoção ao Coração de Cristo, que, ao mesmo tempo que “nos conduz ao Pai, envia-nos aos irmãos” (163). De fato, o amor aos irmãos é o “maior gesto que possamos oferecer-lhe para retribuir amor por amor” (167). Olhando para a história da espiritualidade, o Pontífice recorda que o empenho missionário de São Charles de Foucauld fez dele um “irmão universal”: “deixando-se plasmar pelo Coração de Cristo, quis abraçar no seu coração fraterno toda a humanidade sofredora” (179). Francisco fala então de “reparação”, como explicava São João Paulo II: “entregando-nos em conjunto ao Coração de Cristo, ‘sobre as ruínas acumuladas pelo ódio e pela violência, poderá ser construída a civilização do amor tão desejada, o Reino do Coração de Cristo’” (182).

A MISSÃO DE FAZER O MUNDO SE APAIXONAR
A Encíclica recorda novamente com São João Paulo II que “a consagração ao Coração de Cristo ‘deve ser aproximada à ação missionária da própria Igreja, porque responde ao desejo do Coração de Jesus de propagar no mundo, através dos membros do seu Corpo, a sua total dedicação ao Reino’. Por conseguinte, através dos cristãos, ‘o amor difundir-se-á no coração dos homens, para que se construa o Corpo de Cristo que é a Igreja e se edifique uma sociedade de justiça, de paz e de fraternidade’” (206). Para evitar o grande risco, sublinhado por São Paulo VI, de que na missão “se digam e façam muitas coisas, mas não se consiga promover o encontro feliz com o amor de Cristo” (208), precisamos de “missionários apaixonados, que se deixem cativar por Cristo” (209).

A ORAÇÃO DE FRANCISCO
O texto se conclui com a seguinte oração de Francisco: “Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu Coração santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno. Isto até que, com alegria, celebremos unidos o banquete do Reino celeste. Aí estará Cristo ressuscitado, harmonizando todas as nossas diferenças com a luz que brota incessantemente do seu Coração aberto. Bendito seja!” (220).

Fonte: Vatican News / Escrito por Alessandro Di Bussolo

Foto: Divulgação

Logo do 150º Aniversário da Primeira Expedição Missionária das FMA

“É hora de reacender o fogo!” é o lema que acompanhará as celebrações do triênio em preparação aos 150 anos da primeira expedição missionária do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (14 de novembro de 1877). A escolha do logo, entre as 39 propostas em concurso, recaiu sobre a criação de Valentina Calabrese, Gaia Greco, Angelica Buanne, Ilaria Fara (FMA), Anna Maria Spina (FMA), Gabriele Maria Calabrese, SDB, um grupo de animação missionária da Itália Central.

A Comissão Avaliadora, composta por FMA, leigos e jovens, expressa o sincero agradecimento a todos os participantes pelos apreciados trabalhos, recebidos de diversas partes do mundo, que demonstram uma marcada sensibilidade missionária e um grande sentido de pertença ao Instituto, aliado a aptidões e competências artísticas.

Maria Auxiliadora: a figura de Maria escolhida para este logotipo é a da Auxiliadora “roubada” da sacristia de Valdocco e dada por Dom Cagliero aos primeiros missionários no dia de sua partida. É a presença de “Maria Auxiliadora, que tem nos braços um Menino gracioso e sorridente […]. Dom Bosco o abençoou e o enviou aos missionários: ‘Traga-o, e que Nossa Senhora o abençoe e o acompanhe ao longo da viagem’". (Crônica, vol. 2, 288). Maria e Jesus tornam-se, portanto, os companheiros de viagem do logo que protegem e guardam cada missão.

O navio: reproduz de forma estilizada a embarcação vista na foto da primeira expedição missionária. Aquele enorme navio, que se perderá visivelmente no meio do mar para chegar a terras distantes e levar também o carisma salesiano feminino à América.

As vigias do navio: são uma referência ao navio, mas em seu número recordam os cinco continentes onde hoje estão presentes as Filhas de Maria Auxiliadora. Além disso, recordam o rosário, oração diária e inevitável para todas as FMA.

A cruz: fica bem alto no navio para recordar o sacrifício que os missionários assimilam na sua partida, um sacrifício vivido em cada missão, um sacrifício necessário para que ela se torne fecunda.

As primeiras seis missionárias: as seis figuras do navio estão próximas umas das outras e rodeadas pela sombra de Maria, que as acompanha. Formam um único elemento – a comunidade – e, na diversidade de alturas e formas, reproduzem a forma de um fogo, testemunho do Espírito que acompanha e inspira o sonho missionário das FMA, mas também sinal que recorda o fogo de o amor de Deus que Madre Mazzarello convida a manter vivo.

O círculo que delimita o logo: o logo está inscrito em um círculo que circunda o desenho. Esta não é apenas uma escolha estilística que confere compacidade ao logotipo, mas o ímpeto da linha recorda o dinamismo missionário da Congregação no mundo e dá forma a uma auréola, sinal da santidade quotidiana trazida pelos missionários para o exterior.

No dia 14 de novembro de 2024, com transmissão ao vivo da Casa Geral do Instituto das FMA de Roma, Madre Chiara Cazzuola abrirá oficialmente o triênio de preparação para o 150º aniversário (1877-2027) da primeira expedição missionária ao Uruguai.

Acesse as peças de divulgação do logo clicando aqui.

Fonte: Istituto Figlie di Maria Ausiliatrice

Foto: sdb.org

Celebração Litúrgica de São Luís Guanella

Nascimento: 19/12/1842
Beatificado: 25/10/2011
Canonizado: 23/10/2011
Celebração Litúrgica: 24 de outubro
Falecimento (nascimento para o céu): 24/10/1915

A vida do Padre Guanella, como a de Dom Bosco, também foi traçada por um sonho que teve aos nove anos, dia da sua Primeira Comunhão: uma Senhora (como ele definiu Nossa Senhora em sua narração) mostrou-lhe tudo o que haveria de fazer em favor dos pobres. Desde a infância, a sua vida foi uma longa corrida para estar presente onde houvesse um brado de ajuda e um socorro a oferecer. 

Luís Guanella nasceu em Fraciscio, povoado do município de Campodolino, diocese de Como, em 19 de dezembro de 1842. O sacramento do Batismo foi-lhe administrado no dia seguinte. Os pais, Lourenço e Maria Bianchi, eram cristãos exemplares, entregues à família, ao trabalho do campo e ao pastoreio. Em família, era costume não só a récita do Rosário, como também a leitura da vida dos santos, experiência que caracterizou a atividade apostólica da sua vida. O pai, Lourenço, por 24 anos prefeito de Campodolcino, antes sob o governo austríaco e, depois, após a unificação da Itália (1859), era severo e autoritário; enquanto a mãe, Maria Bianchi, era afável e paciente.

Dos 13 filhos, quase todos chegaram à idade adulta. Aos doze anos, Luís obteve um lugar gratuito no Colégio Gallio, de Como, e continuou depois os estudos nos seminários diocesanos (1854-1866). Sua formação cultural e espiritual é a comum dos seminários da Lombardia e do Vêneto, por longo período sob o controle dos governantes austríacos. O curso teológico era pobre de conteúdo cultural, mas atento aos aspectos pastorais e práticos: teologia moral, ritos e pregação, além da formação pessoal de piedade, santidade e fidelidade. A vida cristã e sacerdotal alimentava-se na devoção comum entre a população cristã. Esta base concreta pôs o jovem seminarista muito próximo do povo e em contato com a vida que esse povo levava.

Quando retornava à sua cidade para as férias de outono, imergia na pobreza dos vales alpinos, interessava-se pelas crianças, idosos e doentes do lugar, socorrendo-os em suas necessidades. Nos retalhos de tempo, apaixonava-se pela questão social, recolhia e estudava ervas medicinais, afervorava-se na leitura da história da Igreja.

No seminário teológico, familiarizou-se com o bispo de Foggia, dom Bernardino Frascolla, encarcerado na prisão de Como e, depois, obrigado à prisão domiciliar no seminário (1864-1866), e tomou conhecimento da hostilidade que dominava as relações entre o Estado unitário e a Igreja. Este bispo ordenou sacerdote o Pe. Guanella em 26 de maio de 1866. Naquela ocasião, Pe. Guanella disse: “Quero ser uma espada de fogo no santo ministério”. 

O novel sacerdote entrou com entusiasmo na vida pastoral de Valchiavenna (Prosto, em 1866, e Savogno, nos anos 1867-1875). Desde os inícios, em Savogno, revelou os seus interesses pastorais: instrução de crianças e adultos, elevação religiosa, moral e social dos paroquianos, defesa do povo contra os assaltos do liberalismo e atenção privilegiada aos mais pobres. Não dispensava intervenções combativas quando se via injustamente freado ou contradito pelas autoridades civis no seu ministério, de modo que foi logo marcado entre os sujeitos perigosos (lei da suspeição), sobretudo depois de publicar um livreto polêmico. 

Entrementes, em Savogno, aprofundava o conhecimento de Dom Bosco e da obra do Cottolengo; chegou a convidar Dom Bosco para abrir um colégio no vale. Desejoso de uma experiência religiosa mais radical, foi a Turim para unir-se a Dom Bosco em 1875, emitindo a profissão temporária na Congregação Salesiana. Nos dois primeiros anos vividos como salesiano, foi diretor do oratório São Luís, no bairro San Salvario, em Turim, e em novembro de 1876 foi encarregado de abrir um novo oratório em Trinità di Mondovì. Em 1877, foram-lhe confiadas as vocações adultas, que Dom Bosco denominara “Obra dos Filhos de Maria”. A admiração por Dom Bosco tinha uma profunda raiz também em seu temperamento, muito semelhante ao de Dom Bosco: ambos eram empreendedores, apóstolos da caridade, decididos, profundamente pais e com grande amor pela Eucaristia, por Nossa Senhora e pelo Papa. A espiritualidade e a pedagogia salesiana serviram de base para a formação e a missão do futuro fundador. Na escola de Dom Bosco, ele aprendeu a abordagem amável e firme dos jovens e a vontade educativa de prevenir, mais do que curar; e o desejo de salvar os irmãos com o impulso de uma grande caridade apostólica.

O bispo de Como chamou-o de volta à diocese e o Pe. Guanella retornou com o sonho de fundar uma instituição que recolhesse meninos carentes. Abriu uma escola que, em seguida, precisou fechar devido à hostilidade das autoridades civis. “A hora da misericórdia”, como o Pe. Guanella chamava o momento propício do favor divino, chegou em novembro de 1881, quando foi para Pianelle Lario como pároco, encontrando algumas jovens entregues à assistência dos necessitados. O grupo de jovens mulheres será a fonte de uma nova congregação: as Filhas de Santa Maria da Providência. O zelo e a caridade apostólica do Pe. Luís aumentaram a obra benéfica até permitir expandir a atividade no coração da cidade de Como. Elas iniciaram a atividade da “Casa Divina Providência”, que se tornou, depois, a casa mãe das duas congregações, masculina e feminina. Com os pobres também aumentavam os braços e os corações para assisti-los e amá-los. Junto à congregação das irmãs, o Pe. Guanella reuniu também um grupo de sacerdotes que chamou de “Servos da Caridade”. “Não se pode parar enquanto existirem pobres a socorrer”, repetia com frequência em suas peregrinações pelas chagas da pobreza. Para tanto, as duas congregações religiosas iam se difundindo em várias regiões italianas e, na vizinha Confederação Helvética, no Cantão dos Grigioni e no Cantão Ticino.

Em 1904, Luís Guanella realizou o sonho de chegar à Cidade Santa, Roma, para estar ao lado do Papa e demonstrar a própria fidelidade à Igreja graças ao testemunho luminoso de caridade e ardor apostólico. O Papa Pio X, que compreendera a grandeza de espírito do Pe. Guanella, estimou-o e confidenciou-lhe o desejo de construir uma igreja dedicada ao “Trânsito de São José”. Ao lado da paróquia, surgiu também a “Pia União do Trânsito de São José”, uma associação de oração pelos moribundos. São Pio X quis ser o primeiro dos inscritos. 

O zelo missionário levou-o à América do Norte, entre os imigrantes italianos. Em dezembro de 1912, aos setenta anos, o Pe. Guanella embarcou para os Estados Unidos. Sua última intervenção extraordinária em vida deu-se em janeiro de 1915, quando quis permanecer em Roma para servir de ajuda às vítimas do terremoto do Abruzzo. Ao seu lado, atuou com zelo o venerável Aurélio Bacciarini, primeiro pároco da paróquia do “Trânsito de São José”, seu sucessor no governo da Congregação dos Servos da Caridade e chamado depois ao ministério episcopal na diocese de Lugano, Suíça. Os achaques da velhice, o ingresso da Itália na Primeira Guerra Mundial e o comprometimento de alguns coirmãos no front militar minaram a sua saúde. Em seus escritos, Pe. Guanella deixara esta mensagem: “A morte é como uma mãe que abraça o filho [...], é o anjo que nos reconduz à pátria”. Aquela mãe, luminosa como um anjo, passou às 11h15min do domingo 24 de outubro de 1915.

Pe. Guanella e Dom Bosco, ambos sacerdotes e grandes amigos, viveram numa época caracterizada por profundas transformações e grandes desequilíbrios sociais; agiram como apóstolos da caridade e passaram toda a vida trabalhando pela salvação de cada homem e pela construção de uma sociedade melhor. A profunda ligação entre os dois e a devoção do Pe. Guanella por Dom Bosco tornaram-se célebres numa oração que o Pe. Guanella escreveu na revista mensal da sua obra, A Divina Providência, em agosto de 1908: “A grande alma de João Bosco que protege profundamente a Congregação dos seus filhos, os Salesianos, já numerosos a ponto de não se poder contar, volte benigno seus olhares sobre os Institutos da Divina Providência, e estenda benévola a sua proteção sobre aqueles que a estas obras pertencem e especialmente ao seu devoto admirador e aluno. Sacerdote Luís Guanella”.

Na ocasião da canonização, o Papa Bento XVI recordou que “graças à profunda e continuada união com Cristo, na contemplação do seu amor, o Pe. Guanella, guiado pela Providência divina, tornou-se companheiro e mestre, conforto e consolação dos mais pobres e dos mais fracos. O amor de Deus animava nele o desejo do bem pelas pessoas que lhe eram confiadas, na realidade da vida cotidiana [...]. Colocava uma acurada atenção no caminho de cada um, respeitando seus tempos de crescimento e cultivando no coração a esperança de que cada ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, experimentando a alegria de ser amado por Ele – Pai de todos –, pode tirar e dar aos outros o melhor de si. É possível sintetizar toda a sua história humana e espiritual nas últimas palavras que pronunciou no leito de morte: ‘In caritate Christi’. É o amor de Cristo que ilumina a vida de todo homem, revelando que no dom de si ao outro não se perde nada, mas se realiza plenamente a nossa verdadeira felicidade”.

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Fonte: sdb.org

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